Israel deve apoiar resolução da ONU condenando a Rússia
Israel está inclinado a apoiar uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que condenará a Rússia por invadir a Ucrânia, disse uma autoridade israelense ao The Times of Israel.
Segundo a autoridade israelense, a decisão de não co-patrocinar uma resolução semelhante, na sexta-feira, no Conselho de Segurança foi parcialmente devido à crença de que a Rússia vetaria a medida de qualquer maneira.
Mas com a resolução da Assembleia Geral, que quase certamente será aprovada pelos 193 membros, já que nenhum países, individualmente, tem o poder de rejeitar tais medidas por conta própria, Israel sente que terá mais dificuldade em justificar o não apoio à resolução, disse a autoridade israelense.
Alguns parlamentares na Knesset estão pressionando para Israel se abster da votação, que pode ocorrer já na quarta-feira, acrescentou a autoridade.
Israel tem procurado equilibrar suas boas relações com a Ucrânia e a Rússia durante a guerra.
O Conselho de Segurança votou, neste domingo, para convocar uma rara sessão especial de emergência da Assembleia Geral, na segunda-feira, para discutir a invasão da Ucrânia, embora esta reunião não inclua uma votação sobre a resolução que Israel planeja apoiar.
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Embora as resoluções da Assembleia Geral não sejam vinculativas, elas têm peso político, e os EUA estão tentando se basear nos 100 países que votaram para condenar a Rússia por sua anexação da Crimeia em 2014.
O site de notícias Ynet informou neste domingo que o primeiro-ministro Naftali Bennett disse ao seu gabinete que Israel de fato apoiaria a resolução da Assembleia Geral.
O primeiro-ministro disse que não espera que a Rússia releve a decisão de Israel, enquanto Jerusalém continuar a se manter discreto sobre o assunto. O primeiro-ministro pediu aos ministros que não falem publicamente sobre a invasão da Ucrânia para evitar uma briga diplomática com Moscou, segundo a reportagem, mas o Ministério das Relações Exteriores não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Uma fonte confirmou que os EUA expressaram sua decepção com Israel depois que Jerusalém se recusou a co-patrocinar a votação do Conselho de Segurança de sexta-feira.
A missão dos EUA chegou a dezenas de países, pedindo-lhes que apoiassem a resolução, disse um diplomata ocidental. Os membros países que não são membros do Conselho de Segurança podiam co-patrocinar a resolução, embora não pudessem votar nela.
Oitenta e um países responderam ao chamado dos EUA e assinaram como co-patrocinadores, de acordo com uma lista oficial obtida pelo The Times of Israel.
A missão israelense encaminhou o assunto de volta a Jerusalém para orientação, onde uma decisão foi tomada pouco antes da votação para evitar aderir a um gesto tão forte contra a Rússia.
Ao final, a Rússia vetou a resolução, enquanto a Índia, os Emirados Árabes Unidos e a China se abstiveram. Onze dos 15 membros do conselho votaram a favor.
A resolução deplorou “nos termos mais fortes” a “agressão” da Rússia contra à Ucrânia e exigiu a retirada imediata de suas tropas.
Após a votação, os EUA divulgaram uma declaração conjunta com a maioria dos co-patrocinadores da resolução, dizendo que “a Rússia abusou de seu poder hoje para vetar nossa forte resolução. Mas a Rússia não pode vetar nossas vozes. A Rússia não pode vetar o povo ucraniano. A Rússia não pode vetar seu próprio povo protestando contra esta guerra nas ruas. A Rússia não pode vetar a Carta da ONU. A Rússia não pode e não irá vetar a responsabilidade”.
Israel é um dos poucos países que mantém relações calorosas tanto com a Ucrânia, uma democracia ocidental, quanto com a Rússia.
Os laços de Israel com a Rússia são sensíveis por causa da aliança do Kremlin com a Síria, onde Israel realiza ataques aéreos contra alvos ligados ao Irã. As forças russas mantêm uma presença na Síria e coordenam-se com Israel.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky pediu a Bennett que usasse a posição de Israel entre a Ucrânia e a Rússia para mediar as negociações de paz. Bennett propôs a ideia no domingo ao presidente russo, Vladimir Putin, que não a aceitou, segundo relatos.
Fonte: The Times of Israel
Foto: Canva
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