Israel confirma que recebeu nova proposta de trégua
Israel confirmou, na noite deste sábado, que recebeu uma nova proposta de cessar-fogo e libertação de reféns dos países mediadores e disse que fez uma contraproposta.
De acordo com o Gabinete do Primeiro-Ministro (PMO), Benjamin Netanyahu realizou uma série de reuniões na sexta-feira à noite para discutir a proposta.
Na tarde de sábado, Jerusalém respondeu com sua própria contraproposta, disse o PMO, acrescentando que isso foi feito “em total coordenação com os EUA”.
A declaração israelense veio depois que a imprensa relatou, no sábado, que o Hamas havia concordado com uma proposta egípcia de libertar cinco reféns vivos em troca de um cessar-fogo de 50 dias em Gaza.
Autoridades egípcias disseram ao canal de notícias catari New Arab, também na tarde de sábado, que o Hamas havia aceitado a oferta. Uma autoridade israelense falando anonimamente ao Walla News confirmou que o Hamas parece ter aceitado a oferta para um cessar-fogo começar no feriado muçulmano de Eid al-Fitr, no domingo ou segunda-feira.
Segundo vários relatos da mídia, isso não atende às exigências de Israel, com o governo israelense insistindo no retorno de 10 ou 11 reféns vivos para retomar a trégua, com base em uma proposta anterior do enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.
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A autoridade israelense, falando com o Walla, disse que era improvável que um acordo fosse alcançado até o feriado de Eid al-Fitr. Ele acrescentou que, pela proposta egípcia, também os corpos dos reféns mortos seriam libertados durante o cessar-fogo, mas ele não forneceu um número.
Segundo a reportagem do New Arab, o refém israelense-americano Edan Alexander seria libertado sob o possível acordo, com os EUA e o Catar intensamente envolvidos na proposta.
“A bola agora está no campo do governo israelense e dos americanos”, disse uma autoridade egípcia.
Fontes familiarizadas com as negociações disseram anteriormente ao jornal libanês Al-Akhbar que a proposta egípcia inclui “um cessar-fogo temporário com duração de aproximadamente 50 dias, em troca da libertação de cinco reféns israelenses e vários prisioneiros palestinos, juntamente com a ativação de um mecanismo para a entrada de quantidades suficientes de ajuda em Gaza, incluindo alimentos, suprimentos médicos e necessidades básicas para socorro civil”.
Autoridades egípcias disseram ao Al-Akhbar que o Cairo estava cautelosamente otimista sobre a possibilidade de progresso. Um alto funcionário disse: “O Cairo está buscando que todas as partes, incluindo Washington, pressionem Israel a fazer concessões genuínas que garantam chegar a um acordo”.
Respondendo aos relatos, o Fórum das Famílias de Reféns expressou, no sábado, sua gratidão por qualquer esforço para libertar os reféns, mas exigiu um acordo que trouxesse todos os reféns para casa de uma só vez.
“Israel continuará a atrasar por semanas, o que pode resultar na decisão do destino de dezenas de reféns, alguns condenados à morte e outros desaparecerão”, disse o fórum em um comunicado.
O fórum afirmou que era possível devolver todos os 59 reféns de uma vez em troca de um fim permanente para a guerra. Não se sabe se tal acordo já foi oferecido.
A televisão israelense informou, na sexta-feira, que os mediadores veem uma disposição entre alguns líderes do Hamas de libertar um pequeno número de reféns para garantir uma trégua durante o Eid al-Fitr.
A TV Kan disse que o acordo tinha menos a ver com o Eid al-Fitr e mais com os protestos que ocorreram contra o Hamas em Gaza nos últimos dias. O Hamas quer reprimir os participantes dos protestos, segundo o relatório, mas não pode fazê-lo devido à retomada das operações de Israel em Gaza, já que Israel está atacando agentes que avista em áreas abertas.
A reportagem da TV Kan foi publicada um dia após um alto diplomata árabe dizer ao The Times of Israel que o Catar apresentou ao Hamas uma nova proposta dos EUA para restaurar o cessar-fogo por meio da libertação de Alexander, em troca da qual o presidente dos EUA, Donald Trump, emitiria uma declaração pedindo calma em Gaza e a retomada das negociações para o fim permanente dos combates desencadeados pelo ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.
O Hamas já rejeitou uma proposta do enviado dos EUA Witkoff para estender a primeira fase do cessar-fogo. O grupo insistiu em manter os termos do acordo assinado em janeiro, que previa negociações no início de fevereiro para uma segunda fase do acordo. O plano para esta fase prevê a libertação de todos os reféns vivos restantes em troca de uma retirada total das FDI de Gaza e o fim da guerra.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu se recusou a encerrar a guerra até que as capacidades militares e de governo do Hamas fossem desmanteladas e, consequentemente, se recusou a entrar em negociações sobre a segunda fase, pressionando por uma extensão do cessar-fogo temporário da fase um. Israel recomeçou as operações militares intensivas em Gaza em 18 de março.
Um alto funcionário do Hamas disse na sexta-feira que as negociações estavam ganhando força. “Esperamos que os próximos dias tragam um verdadeiro avanço na situação da guerra, após comunicações com os mediadores nos últimos dias”, disse Bassem Naim, membro do gabinete político do Hamas, em um comunicado.
As negociações visam “alcançar um cessar-fogo, abrir passagens de fronteira e permitir a entrada de ajuda humanitária”, disse Naim.
Mais importante, ele disse, a proposta visa trazer uma retomada nas “negociações sobre a segunda fase, que deve levar ao fim completo da guerra e à retirada das forças de ocupação”.
Fonte: Revista Bras.il a partir de The Times of Israel
Foto: FDI