Israel alertou Assad sobre contrabando de armas do Irã
O canal de notícias em árabe Sky News Arabia informou, nesta quarta-feira, que documentos descobertos após a queda do presidente sírio Bashar Al-Assad indicam que mensagens foram enviadas diretamente de Israel para a Síria sobre a presença do Irã, suas organizações representativas no país e operações de contrabando de armas executadas por Teerã para reforçar esses grupos.
A reportagem é baseada em documentos publicados em mídias sociais cuja autenticidade permanece incerta. No entanto, os documentos ostentam o emblema do estado da Síria sob Assad e parecem ter sido escritos por altos escalões militares.
De acordo com os documentos, um agente chamado “Mussa” ou “Moisés” transmitiu mensagens diretamente ao ex-ministro da Defesa sírio, Ali Mahmoud Abbas, e as repassou ao ex-conselheiro de segurança nacional de Assad, Ali Mamlouk.
Israel teria expressado descontentamento em várias ocasiões sobre a aprovação da Síria ao Hezbollah ou às atividades iranianas em seu solo. O agente detalhou esses incidentes em suas mensagens.
Em 8 de abril de 2023, de acordo com os documentos e a emissora, o agente alertou que o Hamas havia lançado foguetes contra Israel das Colinas de Golan. “Três foguetes foram lançados do Golan sob o comando de Khaled Mashal. Exigimos que você pare com esses incidentes, ou as consequências virão. Você é responsável pelo que acontece em seu território”, escreveu ele. “Nosso último passo foi um tiro de advertência. Se você não coibir essas ações, o próximo ataque será muito mais severo. Você pagará um preço sem precedentes”.
Os avisos continuaram em 7 de maio de 2023, quando Israel supostamente atacou depósitos de armas ligados ao Hezbollah. “Não permitiremos a presença de Haj Hashim ou seus soldados no sul da Síria”, escreveu o agente, referindo-se a Musa Ali Daqduq, também conhecido como Abu Hussein Sajid, que teria sido morto em um ataque israelense.
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Os documentos revelaram outros avisos. Em 17 de maio de 2023, oito aeronaves supostamente pousaram na Base Aérea de Khmeimim, quatro aviões iranianos e quatro sírios. Eles supostamente entregaram armas para depósitos em Latakia e Qutayfah.
“O mecanismo russo permite que você opere sem arriscar uma resposta israelense. No entanto, apoiar o Irã e o Hezbollah nos obrigará a agir com severidade. Qualquer atividade não monitorada que contorne a supervisão russa será vista como uma ameaça direta a Israel e levará a uma resposta”, alertou o agente.
Em outro aviso em 14 de julho de 2023, Moses escreveu que Israel estava insatisfeito com a cooperação entre o Irã e o Hezbollah. “Apoiar as capacidades de defesa aérea do Hezbollah é um ato contra Israel. Serve apenas aos interesses do Hezbollah e prejudica seu exército”.
A porta-voz do Ministério do Exterior da Rússia, Maria Zakharova, afirmou na quarta-feira que as ações de Israel na Síria violam o acordo de desligamento de 1974 assinado após a Guerra do Yom Kipur. Ela chamou os ataques aéreos de Israel na Síria de “muito preocupantes” e pediu contenção para evitar tensões crescentes.
Na semana passada, a Reuters informou que os EUA e os Emirados Árabes Unidos discutiram um plano nos últimos meses para aliviar as duras sanções dos EUA ao regime de Assad e fornecer ajuda financeira dos Emirados Árabes Unidos e da Arábia Saudita com a condição de que ele se distanciasse do eixo iraniano e impedisse entregas de armas ao Hezbollah através do território sírio.
De acordo com fontes familiarizadas com as discussões, o sucesso dos rebeldes demonstra uma “fraqueza” no eixo iraniano, que Washington e Abu Dhabi esperavam explorar para criar uma divisão entre Assad e Teerã.
No mês passado, o jornal libanês Aljoumhouria, afiliado a oponentes do Hezbollah, relatou que Israel havia proposto suspender as sanções contra Assad se ele fechasse permanentemente a fronteira entre Síria e Líbano ao contrabando de armas do Hezbollah de várias fontes.
Fonte: Revista Bras.il a partir de Ynet
Fotos: Wikimedia Commons
