Irã e Arábia Saudita anunciam laços diplomáticos
Irã e Arábia Saudita anunciaram, na sexta-feira, que, após sete anos de relações rompidas, reabrirão embaixadas e missões dentro de dois meses e implementarão acordos de segurança e cooperação econômica assinados há mais de 20 anos.
O restabelecimento de laços diplomáticos entre a Arábia Saudita e o Irã, mediado pela China, cria uma reviravolta na delicada relação diplomática saudita com Israel, que anseia por um acordo de normalização, disseram analistas.
O acordo saudita-iraniano é um desdobramento perigoso que retira de Israel seu muro defensivo regional contra o Irã, disse o ex-primeiro-ministro Yair Lapid, na sexta-feira.
“O acordo entre a Arábia Saudita e o Irã reflete o completo e perigoso fracasso da política externa do governo israelense”, disse Lapid.
O Irã e a Arábia Saudita concordaram em restabelecer relações diplomáticas, na sexta-feira, após conversas em Pequim entre as principais autoridades de segurança das duas potências rivais do Oriente Médio, informou a mídia estatal iraniana.
Os políticos israelenses imediatamente expressaram preocupação, pois a medida parecia prejudicar uma das principais iniciativas políticas do novo governo de Netanyahu: normalizar os laços com a Arábia Saudita.
Israel presumiu que a necessidade de criar uma aliança no Golfo entre Israel e seus parceiros árabes contra o Irã ajudaria a fornecer um incentivo para o estabelecimento de laços entre Israel e o estado judeu.
“Isso é o que acontece quando alguém lida com a insanidade legal o dia todo, em vez de fazer seu trabalho contra o Irã e fortalecer as relações com os Estados Unidos”, acrescentou Lapid.
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O ex-primeiro-ministro Naftali Bennett chamou a notícia da renovada aliança Irã-Arábia Saudita de “desenvolvimento sério e perigoso para Israel” e uma “vitória política para o Irã”.
“Isso representa um golpe fatal nos esforços para construir uma coalizão regional contra o Irã”, disse Bennett.
Ele aproveitou o momento para atacar Netanyahu, acusando a aliança Irã-Arábia Saudita de refletir o “fracasso retumbante do governo de Netanyahu e decorre de uma combinação de negligência política com a fraqueza geral do país e o conflito interno”.
“Países do mundo e da região estão observando Israel em turbulência por causa do governo disfuncional que está envolvido em autodestruição sistemática”, disse Bennett, acrescentando que, neste caso, um desses países escolheu um lado.
“O governo de Netanyahu é um retumbante fracasso econômico, político e de segurança, e todos os dias de sua existência põe em perigo o Estado de Israel.
“Precisamos de um amplo governo nacional de emergência, que trabalhará para reparar os danos”, acrescentou Bennett.
O ex-ministro da Defesa, Benny Gantz, comentou sobre a renovação das relações diplomáticas entre o Irã e a Arábia Saudita, afirmando que era motivo de preocupação e um desenvolvimento que não pode ser ignorado. Gantz criticou o primeiro-ministro, afirmando que “os enormes desafios de segurança que o país enfrenta estão aumentando e o primeiro-ministro e seu gabinete estão ocupados com um golpe de estado”.
Gantz acrescentou que acredita que a segurança de Israel e de seus cidadãos foi abandonada por Netanyahu.
O presidente do Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, Yuli Edelstein, disse que a aliança era “ruim para Israel e para todo o mundo livre”.
O especialista em assuntos iranianos, Dennis Citrinowicz, do Instituto de Estudos de Segurança Nacional da Universidade de Tel Aviv, twittou que a nova aliança era uma mensagem para Israel de que seu sonho de uma aliança regional não era viável e nunca foi.
Ele destacou que a maioria dos países da região vê o diálogo como a melhor maneira de lidar com o Irã, deixando Israel como o único país que está focado em uma opção militar.
A analista Ksenia Svetlova do Mitvim, o Instituto Regional de Política Externa de Israel, observou no Twitter que “a Arábia Saudita está normalizando as relações. Não, não com Israel, mas sim com o Irã”, criticando Israel por seu tratamento aos palestinos.
“Apenas dois meses atrás, Netanyahu prometeu trazer a paz com a Arábia Saudita. Parece que estamos nos movendo na direção oposta”, escreveu ela.
Fonte: The Jerusalem Post
Fotos: Canva e Wikimedia Commons
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