Intervenção política requer conhecimento
Por David S. Moran
Neste mundo de muita gritaria e “oba, oba”, muitas vezes sem conhecimento da causa, só para aparecer, constatamos que com respeito a críticas ao Estado de Israel, isto aparece com mais frequência. Ninguém está acima de críticas, mas no caso israelense, isto é mais visível.
Na Câmara de Representantes dos EUA, nove deputados de 435, conseguiram adiar a aprovação de verbas para que Israel aprimore o Domo de Ferro, que até mesmo os EUA, compram, bem como outros países do mundo. Os representantes que votaram contra, eram do Partido Democrata, da ala dita “progressista”, salvo um Republicano.
A deputada democrata, Alexandria Ocasio-Cortez (conhecida pela abreviação AOC) da ala “progressista” e do grupo denominado de “Squad” (a Unidade) foi eleita em novembro de 2018, sendo a mais jovem eleita à Câmara, aos 32 anos, pelo Distrito de Bronx. Só para ver o quanto nada conhecia do problema palestino-israelense, basta ver a entrevista com a Margaret Hoover, no seu programa Firing Line Show, transmitido pela TV PBS (Pública – tipo TV Cultura). Ao ser perguntada pela entrevistadora sobre o Oriente Médio, começa gaguejar. Continua gaguejar ao explicar que “mais pessoas veem que a ocupação da Palestina aumenta a crise humanitária”. Aí, a entrevistadora pergunta: “você se refere à ocupação da Palestina? O que você quer dizer com isto?”.
AOC: “o que eu quis dizer…são os assentamentos… que… os …palestinos…tem …dificuldades em…acessar …as suas casas…”. A Margaret Hoover insiste: “você pode explicar isto?”. AOC: “sim…eu…bom…eu não sou especialista em geopolítica nesta questão…”, sorri, sem jeito.
Evidentemente que ela não tem que entender de todos os assuntos tratados no Congresso americano. Mas o problema é que a Ocasio-Cortez se juntou a ala esquerda “progressista” com outras deputadas como a Ilhan Omar, refugiada da Somália, naturalizada americana, de 39 anos e da Rashida Tlaib, de 45 anos, nascida nos EUA, de pais que emigraram da Palestina.
Quem disse que elas são “progressistas”? Só por querer criticar o Estado de Israel? Talvez a vida na Somália seja melhor. Ou em outros países árabes e ou islâmicos, onde mulheres como elas têm amplos direitos, a democracia reina e os direitos humanos vigoram. A ignorância delas e o ódio regem os seus passos.
Vejamos outro exemplo humilhante. A Vice-Presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, democrata, que foi Senadora pelo Estado da Califórnia, entre 2017-2021 e considerada meteoro no Partido Democrata. Nem terminou seu primeiro mandato no Senado, já correu às primárias e foi eleita na chapa com o Presidente Biden. É a primeira mulher a exercer este prestigioso cargo. É casada com o advogado Douglas Emhoff.
Tanto o Presidente Biden, quanto a sua vice, Kamala Harris, são considerados pró Israel, apesar de poder tomar medidas que nem sempre agradem a maioria dos israelenses. Mas, um recente caso que ocorreu na Universidade George Mason, Virginia, foi muito criticado. Durante encontro com estudantes, uma estudante de origem iemenita e iraniana, como ela mesma frisou “não americana”, acusou Israel de “cometer genocídio étnico, financiado pelos EUA, que também financia a Arábia Saudita”. A Vice-Presidente escutou as acusações ditas pela “não americana” movendo a cabeça, no que parecia concordar com as críticas. Em vez de rechaçar esta fala, Kamala Harris, demonstrou mais uma vez a ingenuidade Ocidental. Disse-lhe: “sua voz e sua verdade não podem ser suprimidas e devem ser ouvidas”. Depois Kamala se retratou.
Esta “over democracy” vai acabar com a democracia. No Iêmen ou no Irã ela, a estudante, poderia dizer aos líderes asneiras contrárias a sua política? Se Israel age da forma descrita, porque dezenas de milhares de palestinos atravessam todo dia os postos de controle, para trabalhar em Israel. Num gesto de boa vontade, Israel abriu vagas para 7.000 “homens de negócios” e trabalhadores virem a negócios ou trabalhar em Israel. Dezenas de milhares foram até o posto lutar para serem felizardos e obterem licença. Jordanianos trabalham na indústria hoteleira em Eilat. Se é tão ruim trabalhar no Estado Judeu, porque eles vêm e não têm medo. Quem tem medo são os libaneses, mas não de Israel. Têm medo da Hizballah, a maior traficante de drogas da América Latina e que hoje atirou em manifestantes cristãos e muçulmanos que querem justiça, esperando o juiz dar sentença sobre quem é o culpado pela gigantesca explosão no porto de Beirute ocorrida em agosto de 2020.
A ignorância e se deixar levar pela “correnteza anti-israelense”, atinge também certos judeus. A fabricante de sorvetes Ben& Jerry’s,foi fundada por Ben Cohen e Jerry Greenfield e virou mundialmente conhecida. Sua primeira fabrica fora dos Estados Unidos, foi instalada em Israel. Sob a presidência da Anuradha Mittal e pertencente a Unilever, há pouco tempo o board passou resolução proibindo a venda do sorvete, na Judeia e Samaria. Em entrevista à HBO, os fundadores foram perguntados a respeito. Responderam, meio gaguejando e sem convencer: “Nós apoiamos totalmente o direito de existência do Estado de Israel. Porém, não de algumas medidas politicas do seu governo”. “Mas, vocês são contrários a resoluções contra abortos e outras que passaram, por exemplo, no Texas e Georgia, porque não param de vender ali?”, perguntou a entrevistadora. Pensando respondem: “realmente, não sabemos, você fez boa pergunta, tenho que pensar nisso. Somos contrários a certas resoluções aqui, mas não dá para não vender ali” responderam.
Isto leva a uma vergonhosa conclusão. Pessoas como as deputadas do “Squad”, ou mesmo do gabarito da Vice-Presidente, Kamala Harris, e/ou de outras pessoas como Ben e o Jerry, ou não conhecem a realidade de Israel e de seus vizinhos, ou distorcem os fatos e/ou têm outras agendas.
Nestes dias uma delegação do Bahrein visitou Israel. Perguntados qual é sua impressão do país e se foi o que pensaram, responderam que a imagem que tinham de Israel foi totalmente diferente do que viram e sentiram. Quem mais os decepcionaram, foram palestinos que quando os reconheceram com seus trajes, os xingaram e alguns chegaram a cuspir. Os israelenses os receberam com alegria, foram bondosos e até pediram para se fotografar com eles. O local que mais lhes tocou foi o Museu de Yad Vashem em Jerusalém, pois nada ou quase nada estudaram do sofrimento e horrores que os judeus passaram pelos nazistas e seus colaboradores.
Eu sempre digo que o Estado de Israel não é perfeito, tem ainda muito por fazer. Se pudesse, daria uma passagem a cada pessoa para que conheça o Estado de Israel, que tanto a mídia gosta de relatar. Depois, tenho certeza que a grande maioria dos opositores a Israel mudaria a sua opinião. Nestes 73 anos e com toda a problemática da região, realmente Israel é um gigante oásis no imenso deserto hostil e alcançou conquistas tecnológicas, sociais, na medicina e outras que talvez nenhum país tenha alcançado nestas condições e em tão pouco tempo.