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Hamas rejeita proposta de cessar-fogo

O grupo terrorista Hamas publicou uma declaração oficial, na noite deste domingo, onde rejeita os termos de um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns que foram discutidos em Doha na quinta e sexta-feira, e culpou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu por colocar novos obstáculos nas negociações.

Netanyahu, por sua vez, disse aos ministros do gabinete, no domingo, que estava pessimista sobre as chances de um acordo, especialmente considerando que Israel vinha negociando efetivamente com países mediadores, e não com o Hamas, que se recusou a enviar uma delegação para a última rodada de negociações.

“As chances não são altas”, disse Netanyahu, segundo a TV Kan.

O pessimismo de Netanyahu, somado à rejeição do Hamas aos termos discutidos em Doha, pareceram contradizer relatos de mediadores de que as negociações estavam progredindo, com um possível final bem-sucedido.

Netanyahu recebe o Secretário de Estado dos EUA Antony Blinken, nesta segunda-feira. Blinken deve, em seguida, voar para o Cairo, onde as negociações sobre um acordo estão em andamento.

Os EUA indicaram que pretendem realizar uma segunda cúpula no final desta semana e esperam finalizar o acordo até o fim da semana.

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Entre os principais pontos de atrito nas negociações está a demanda de Netanyahu de que as FDI permaneçam posicionadas na Rota Filadélfia, que corre ao longo da fronteira Gaza-Egito, para impedir que o Hamas contrabandeie armas para Gaza e reconstitua seu exército. Essa demanda não foi especificada na  proposta de acordo de Israel de 27 de maio, que serviu de base para as negociações subsequentes, e é rejeitada pelo Hamas.

Os negociadores de Israel teriam dito ao primeiro-ministro, no domingo, que, sem um acordo sobre a questão, não haveria acordo, e pediram flexibilidade. O primeiro-ministro teria respondido que, enquanto o Hamas insistisse em uma retirada total das FDI da Rota de Filadélfia, não haveria acordo.

Em sua declaração na noite de domingo, o Hamas acusou Netanyahu de “estabelecer novas condições e exigências” para frustrar as negociações e prolongar a guerra em Gaza.

O grupo terrorista alegou ainda que o último texto apoiado pelos EUA, uma “proposta de ponte” que foi transmitida a Israel e ao Hamas no final das negociações em Doha na sexta-feira, estava alinhado com as demandas de Israel. Ele citou condições contidas na proposta relacionadas à Rota de Filadélfia, a passagem de fronteira de Rafah entre Gaza e Egito, e a Rota Netzarim que as FDI estabeleceram separando o norte e o sul de Gaza.

O Hamas também alegou que Netanyahu havia introduzido novas exigências relacionadas à libertação de prisioneiros de segurança palestinos.

“Consideramos Netanyahu totalmente responsável por frustrar os esforços dos mediadores e obstruir um acordo”, disse o Hamas, “e consequentemente pelas vidas dos reféns”. Ele disse que mantinha sua própria proposta de acordo, apresentada em 2 de julho.

A visão pessimista de Netanyahu sobre o acordo na reunião de gabinete de domingo ocorreu após uma reunião no início do dia com a equipe de negociação israelense, liderada por David Barnea, do Mossad, Ronen Bar, do Shin Bet, e Nitzan Alon, das FDI, antes da partida dos negociadores para as reuniões de acompanhamento no Cairo.

A equipe teria alertado Netanyahu que sua insistência no controle israelense contínuo da Rota Filadélfia estava condenando as negociações.

Uma reportagem do Canal 12 disse que o primeiro-ministro se recusou a ceder mesmo depois que lhe disseram categoricamente que era “ou Filadélfia ou um acordo”.

Segundo a reportagem, Netanyahu respondeu que não haveria acordo a menos que o Hamas desistisse de sua exigência de uma retirada total de Israel da Rota.

Os negociadores disseram a Netanyahu que conseguiram aproximar os mediadores dos EUA das posições e demandas de Israel na maioria das questões, incluindo questões cruciais como quantos reféns vivos seriam libertados na primeira fase do acordo e o mecanismo referente aos prisioneiros de segurança palestinos que seriam libertados.

Mas eles teriam dito ao primeiro-ministro que estavam “certos” de que a questão da presença contínua das FDI na Rota Filadélfia era um “fator decisivo”.

Eles disseram a Netanyahu que os mediadores dos EUA, Egito e Catar consideraram a demanda de Israel por uma presença contínua na fronteira Gaza-Egito como uma indicação de que o primeiro-ministro não está realmente interessado em um acordo. Como tal, esses países não estavam preparados para pressionar o Hamas com força total para aceitar a proposta.

Instando a um acordo, os negociadores teriam enfatizado ao primeiro-ministro que há “soluções de segurança” que permitiriam uma retirada das FDI da fronteira. Netanyahu respondeu que a questão não era apenas uma questão de segurança, mas também estratégica, já que uma retirada temporária poderia se tornar permanente. Israel, ele teria dito, precisa controlar todas as travessias de fronteira e o acesso à Faixa de Gaza de todas as direções, como uma questão de importância estratégica.

Netanyahu disse que estava preparado para discutir como as tropas seriam mobilizadas, mas não para comprometer o imperativo fundamental de sua presença.

Ele também teria acusado a equipe de estar muito disposta a fazer concessões durante os contatos com os mediadores. “Vocês estão negociando. Vocês não podem desistir depois de dois dias”, disse Netanyahu.

Em resposta, os negociadores teriam dito: “Não estamos negociando há dois dias. Estamos negociando há meses. A Rota de Filadélfia não é uma questão de segurança crítica para o período em que o acordo está sendo implementado. Voltaremos lá se precisarmos”.

Há semanas, há relatos de que os chefes de segurança de Israel disseram a Netanyahu, em uma série de reuniões, que seria possível se retirar da Rota Filadélfia durante a fase inicial de seis semanas do possível acordo sem que o Hamas se rearmasse significativamente, e que ofereceram várias opções alternativas para resolver o problema.

Segundo o Canal 12, as opções variam entre manter uma presença das FDI ao longo da rota de fronteira de 14 quilômetros, retirar-se com o direito de retornar se necessário e retirar-se, mas com coordenação contínua com os egípcios.

Várias soluções “tecnológicas” também foram propostas e, segundo consta, discutidas com os mediadores, para impedir que o Hamas consiga contrabandear armamento através da fronteira.

Além da insistência do primeiro-ministro para que as FDI não se retirem da Rota Filadélfia, Israel está exigindo que haja uma presença internacional na passagem de fronteira de Rafah, que separa Gaza do Egito, disse também o Canal 12.

A reportagem afirmou que isso ocorreu porque, enquanto o Hamas usava túneis sob a fronteira para contrabandear armas, “a grande maioria” de suas armas era trazida para Gaza pela própria travessia.

O Canal 12 citou relatos da mídia árabe afirmando que na “proposta de ponte” dos EUA transmitida a Israel e ao Hamas na sexta-feira, é declarado que a Autoridade Palestina administraria a Travessia de Rafah, com supervisão remota israelense.

Em meio a vários relatos da mídia hebraica sobre o conteúdo de suas discussões com os chefes de segurança, Netanyahu criticou os “vazadores em série” tanto por divulgarem material ostensivo das consultas quanto por criticarem sua condução da guerra e o manejo das negociações para um acordo.

“Eles alegaram nos últimos meses que o Hamas nunca concordaria em desistir de sua demanda pelo fim da guerra como uma condição inicial do acordo, e recomendaram ceder à demanda do Hamas”, disse o gabinete de Netanyahu sobre os vazadores não especificados em uma declaração. A declaração afirmou que o Hamas desistiu dessa demanda. Os críticos “estavam errados naquela época, eles estão errados hoje”.

A declaração também acusou que os vazamentos estavam minando as posições de negociação de Israel e reiterou que manter tropas israelenses no Corredor de Filadélfia não era negociável. Ela disse que Netanyahu iria “continuar a trabalhar para promover um acordo que maximizaria o número de reféns vivos [a serem libertados] e permitiria atingir todos os objetivos da guerra”.

O ministro da Defesa, Yoav Gallant, teria apelado a Netanyahu duas vezes nos últimos dias para que deliberasse sobre o acordo em um fórum mais amplo do gabinete.

Atualmente, as consultas são geralmente realizadas em um pequeno fórum que reúne Netanyahu, Gallant, o Ministro Ron Dermer e o Deputado Aryeh Deri, além de importantes chefes de segurança e negociadores.

Não ficou claro em uma reportagem do Canal 12 se Gallant estava recomendando que o gabinete de segurança fosse convocado ou o gabinete completo, de 37 membros. Normalmente, convocar o gabinete completo seria necessário apenas para aprovar um acordo finalizado. Mas, Gallant teria dito a Netanyahu que é inapropriado que as discussões sobre o acordo sejam realizadas no pequeno fórum atual por causa das vastas implicações potenciais de avançar ou rejeitar um acordo, que ele teria dito que vão além até mesmo da questão do retorno dos reféns e se estendem ao potencial de uma descida para uma guerra regional.

A reportagem citou Gallant, que deixou claro publicamente que considera um acordo de cessar-fogo e de reféns como urgentemente necessário, dizendo que Israel está em uma “encruzilhada estratégica” e que, se não houver acordo, há um risco crescente de escalada militar, levando, em última análise, a uma guerra potencialmente imparável envolvendo o Hezbollah e o Irã.

O ministro da defesa teria feito o pedido a Netanyahu duas vezes, na quinta-feira e novamente neste domingo, na presença de Barnea, Bar e Alon. Netanyahu não concordou com isso até agora,.

As hostilidades ameaçaram se transformar em uma guerra regional total nas últimas semanas, após mais de 10 meses de combates com o Hamas em Gaza e conflitos com o Hezbollah no norte, após as eliminações, no final de julho, de dois líderes terroristas apoiados pelo Irã, o chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, e o chefe militar do Hezbollah, Fuad Shukr.

O Irã indicou que está adiando o ataque a Israel para vingar a morte de Haniyeh em Teerã – um ataque que Israel não reivindicou – enquanto as negociações de cessar-fogo com reféns estão em andamento, mas lançará um ataque direto se as negociações falharem ou se perceber que Jerusalém está arrastando as negociações. Os EUA alertaram repetidamente o Irã contra qualquer escalada.

Fonte: Revista Bras.il a partir de The Times of Israel
Fotos: Wikimedia Commons

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