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God Bless America

Por Nelson Menda

Um dos grandes gênios da música e do show business norte-americanos, Irving Berlin, faleceu em Nova York, em 1989, aos 101 bem vividos anos. Foi um dos mais consagrados e premiados compositores do país, mesmo não tendo aprendido a tocar piano ou qualquer outro instrumento musical. Apesar disso, foi o autor de melodias clássicas tanto do repertório popular quanto cívico dos Estados Unidos. Uma delas, God Bless America, Deus Salve a América, composta em 1939, passou a ser considerada uma espécie de segundo hino nacional norte-americano.

O pitoresco é que a expressão, God Bless América, originalmente em ídiche, era uma espécie de mantra que sua genitora costumava utilizar para expressar o agradecimento à terra que acolheu sua família, proveniente de Tyumen, Rússia, na virada dos séculos 19 para 20. Tanto seu nome quanto sobrenome originais, Israel Beilin, foram americanizados, passando a ser grafados como Irving Berlin.

Os Beilin/Berlin chegaram aos Estados Unidos quando o menino Israel estava com apenas cinco anos de idade e o ídiche era o idioma preferencial que sua família utilizava para se comunicar com os demais imigrantes judeus de Nova Iorque.

Irving Berlin inspirou a criação de grande parte de suas melodias em ídiche, posteriormente, vertidas para o inglês. Extremamente criativo e dotado de um espírito de gratidão à terra que recebeu sua família de braços abertos, ofereceu os direitos autorais da consagrada God Bless America para as associações de escoteiros e escoteiras norte-americanos.

Mesmo antes do sucesso alcançado pelo God Bless America, em 1939, ano em que a Segunda Guerra teve início, começaram a surgir pedidos para que Berlin compusesse hinos para os diferentes regimentos militares norte-americanos. Uma dessas canções, This is the Army, virou um hit no repertório musical composto para estimular o voluntariado durante a Primeira Guerra Mundial, em que os Estados Unidos participaram enviando soldados para o front europeu. Voltou a ser entoada como uma canção patriótica durante a Segunda Guerra, em 1938.

Uma outra canção que cativou o público foi Puttin On the Ritz, interpretada por grupos de jazz até os dias de hoje. Essa melodia foi utilizada na sonorização do consagrado filme O Jovem Frankstein, dirigido por Mel Brooks e contando com um elenco judaico de primeira ordem, como Gene Wilder e Marty Feldman.

Irving Berlin recebeu diversas homenagens em vida, dentre elas os prêmios da Academia, um Grammy e um Tony. Além do Deus Salve a América, podemos mencionar outras consagradas melodias, como Blue Skies, Holiday Inn e Alexander’s Ragtime Band. Berlin compôs nada menos de 1.500 canções e participou da realização de 18 filmes e 19 peças teatrais. Quando faltava um ano para completar um século de vida, foi homenageado com um grande espetáculo em que os mais consagrados artistas e celebridades do show business norte-americano prestaram sua merecida homenagem a esse verdadeiro gênio da criação.

A vida e a obra de Irving Berlin se confundem com a própria história dos judeus que “fizeram a América”.

Foto: GetArchive

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