G7 pede para Israel não enfraquecer a AP
O Grupo dos Sete alertou Israel, na sexta-feira, para interromper quaisquer “ações que enfraqueçam a Autoridade Palestina”, depois que o Ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, decidiu reter fundos fiscais da AP.
O comunicado final da reunião de três dias das principais nações industrializadas do G7, na Itália, também disse que a UNRWA, deve ser autorizada a trabalhar sem entraves em Gaza.
Ao abrigo dos Acordos de Oslo da década de 1990, Israel arrecada receitas fiscais em nome dos palestinos e tem utilizado o dinheiro como ferramenta para pressionar a Autoridade Palestina, que administra algumas partes da Samaria e Judeia. O Hamas expulsou violentamente a AP de Gaza em 2007.
Israel acusou a UNRWA, o maior empregador nos territórios palestinos, de fechar os olhos às atividades do Hamas e aos seus funcionários de ajudar ativamente grupos terroristas.
A agência da ONU, que coordena quase toda a ajuda a Gaza, está em crise desde janeiro, quando Israel acusou cerca de uma dúzia dos 13 mil funcionários da UNRWA em Gaza de envolvimento no ataque do Hamas em 7 de outubro, quando milhares de terroristas invadiram o sul de Israel para matar cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e fazer 251 reféns, desencadeando a guerra.
As acusações de Israel levaram muitos governos, incluindo o principal doador, os EUA, a suspender o financiamento à agência, ameaçando os seus esforços para fornecer ajuda a Gaza, embora vários tenham retomado os pagamentos desde então.
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Uma análise independente da UNRWA, liderada pela ex-ministra do Exterior da França, Catherine Colonna, encontrou algumas “questões relacionadas com a neutralidade”, mas disse que Israel ainda não tinha apresentado provas para as suas principais alegações.
Os líderes dos Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão disseram na sexta-feira que concordavam que “é fundamental que a UNRWA e outras agências da ONU e redes de distribuição sejam plenamente capazes de fornecer ajuda a aqueles que mais necessitam, cumprindo eficazmente sua atribuições”.
O grupo também saudou a recente formação de um novo gabinete da AP “à medida que empreende as reformas que são indispensáveis para lhe permitir cumprir as suas responsabilidades na Samaria e Judeia e, no rescaldo do conflito, em Gaza”.
Grande parte da comunidade internacional quer que a AP desempenhe um papel importante na administração de Gaza no pós-guerra, algo que o atual governo israelense rejeita.
O G7 apelou a Israel para liberar receitas fiscais à luz das “necessidades fiscais urgentes” da AP, e exigiu que Israel “remova ou relaxe outras medidas para evitar agravar ainda mais a situação econômica na Cisjordânia”.
A declaração foi feita um dia depois de Smotrich ter dito que redirecionaria cerca de US$ 35 milhões dos fundos destinados à AP para “vítimas do terrorismo” em Israel.
Smotrich inicialmente congelou as transferências de receitas fiscais para a Autoridade Palestina após o ataque do Hamas em 7 de outubro. O ministro concordou mais tarde em enviar o dinheiro através da Noruega, que o transferiu para a Autoridade Palestina.
Após o anúncio da Noruega, em maio, de que, juntamente com a Irlanda e a Espanha, reconheceria a condição de Estado palestino, Smotrich congelou novamente os fundos, no que chamou de um ato de “justiça histórica”, dado o apoio financeiro da AP às famílias de palestinos que atacaram israelenses.
Os EUA e outros aliados israelenses expressaram preocupação de que tal medida pudesse pôr em risco a capacidade da já sitiada AP de pagar milhares de salários, alimentando ainda mais as tensões na região.
“As ações que enfraquecem a Autoridade Palestina devem parar, incluindo a retenção de receitas por parte do governo israelense”, dizia o comunicado do G7 de sexta-feira. “Manter a estabilidade econômica na Samaria e Judeia é fundamental para a segurança regional”.
A declaração do G7 também reiterou a preocupação do grupo com o “número inaceitável de vítimas civis” na guerra Hamas-Israel, agora no seu nono mês.
Os líderes do G7 apelaram a Israel para que não fizesse uma grande ofensiva na cidade de Rafah, no extremo sul da Faixa, citando “outras consequências terríveis para os civis”. Israel afirmou que tal operação é essencial para desmantelar o Hamas.
Os líderes do G7 também endossaram um acordo de trégua e libertação de reféns apresentado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, em 31 de maio. Os líderes apelaram ao Hamas para aprovar o acordo, ao mesmo tempo que saudaram “a aceitação da proposta por parte de Israel e a disponibilidade para avançar com ela”.
Além disso, o comunicado incluía condenações inequívocas dos ataques do Hamas em 7 de outubro e do ataque sem precedentes do Irã com mísseis e drones, dias 12 a 13 de abril, contra Israel.
Expressou também preocupação com os combates em curso entre Israel e o Hezbollah, representante iraniano, ao longo da fronteira com o Líbano. O líder do G7 apelou a “todos as partes envolvidas para exercerem contenção para evitar uma nova escalada”.
Fonte: Revista Bras.il a partir de The Times of Israel
Foto: Conselho da União Europeia e Conselho Europeu