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Ex-espiões israelenses descrevem ataque dos pagers

Em 17 de setembro, quando Israel e a organização terrorista Hezbollah já estavam em guerra por quase um ano, a agência de espionagem israelense Mossad lançou uma das mais ousadas ​​e sofisticadas ações na história da contrainteligência: o plano dos pagers, uma versão moderna do cavalo de Troia. O Mossad criou uma bomba no bolso e provocou os terroristas do Hezbollah para que involuntariamente usassem esses dispositivos em seus corpos.

As consequências do plano foram dramáticas, incluindo o auxílio na queda do regime de Assad na Síria, o enfraquecimento do Irã e a dizimação do alvo do complô: o Hezbollah.

Dois agentes da inteligência israelense, recentemente aposentados, compartilharam novos detalhes sobre a operação que estava em andamento há anos e teve como alvo militantes do Hezbollah no Líbano e na Síria usando pagers e walkie-talkies explosivos.

Os agentes falaram com ao programa “60 Minutes” da rede CBS, exibido na noite de domingo. Eles usavam máscaras e falavam com vozes alteradas para esconder suas identidades.

Um agente disse que a operação começou há 10 anos usando walkie-talkies carregados com explosivos escondidos, que o Hezbollah não percebeu que estava comprando de Israel, seu inimigo. Os walkie-talkies foram detonados em setembro, um dia depois que pagers com armadilhas foram acionados.

“Nós criamos um mundo de mentira”, disse o oficial, que atendia pelo nome de “Michael”.

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A segunda fase do plano, usando pagers com armadilhas, entrou em ação em 2022, depois que a agência de inteligência israelense Mossad descobriu que o Hezbollah estava comprando pagers de uma empresa sediada em Taiwan, disse o segundo oficial.

Os pagers tiveram que ser feitos um pouco maiores para acomodar os explosivos escondidos. Eles foram testados em manequins várias vezes para encontrar a quantidade certa de explosivo que machucaria apenas o combatente do Hezbollah e ninguém mais nas proximidades.

O Mossad também testou vários toques para encontrar um que soasse urgente o suficiente para fazer alguém tirar o pager do bolso.

O segundo agente, que atendia pelo nome de “Gabriel”, disse que levou duas semanas para convencer o Hezbollah a mudar para o pager mais robusto, em parte usando anúncios falsos no YouTube promovendo os dispositivos como à prova de poeira, à prova d’água, com bateria de longa duração e muito mais.

Ele descreveu o uso de empresas de fachada, incluindo uma sediada na Hungria, para enganar a empresa taiwanesa Gold Apollo, fazendo-a, sem saber, fazer uma parceria com o Mossad.

Gabriel comparou o estratagema a um filme psicológico de 1998 sobre um homem que não tem ideia de que está vivendo em um mundo falso e que sua família e amigos são atores pagos para manter a ilusão.

“Quando eles estavam comprando de nós, eles não tinham a mínima ideia de que estavam comprando do Mossad”, disse Gabriel. “Fizemos como o ‘Show de Truman’, tudo foi controlado por nós nos bastidores. Na experiência deles, tudo era normal. Tudo era 100% ‘casher’, incluindo empresário, marketing, engenheiros, showroom, tudo”.

Em setembro, os militantes do Hezbollah tinham 5.000 pagers nos bolsos.

Israel desencadeou o ataque em 17 de setembro, quando pagers por todo o Líbano começaram a apitar. Os dispositivos explodiriam mesmo se a pessoa não apertasse os botões para ler uma mensagem criptografada recebida.

No dia seguinte, o Mossad ativou os walkie-talkies, alguns dos quais explodiram nos funerais de algumas das cerca de 30 pessoas que morreram nos ataques com pagers.

Gabriel disse que o objetivo era mais enviar uma mensagem do que realmente matar combatentes do Hezbollah.

“Se ele simplesmente morreu, então ele está morto. Mas se ele está ferido, você tem que levá-lo ao hospital, cuidar dele. Você precisa investir dinheiro e esforços”, ele disse. “E essas pessoas sem mãos e olhos são a prova viva, andando no Líbano, de ‘não mexa conosco’. Elas são a prova viva da nossa superioridade em todo o Oriente Médio”.

Nos dias após o ataque, a força aérea de Israel atingiu alvos em todo o Líbano, matando milhares de pessoas. O líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, foi assassinado quando Israel lançou bombas em seu bunker.

O agente que usa o nome Michael disse que, no dia seguinte às explosões dos pagers, as pessoas no Líbano estavam com medo de ligar seus aparelhos de ar condicionado com medo de que eles explodissem também.

“Houve um medo real”, disse ele.

Questionado se isso foi intencional, ele disse: “Queríamos que eles se sentissem vulneráveis, o que eles são. Não podemos usar os pagers novamente porque já fizemos isso. Já passamos para a próxima coisa. E eles terão que continuar tentando adivinhar qual é a próxima coisa”.

Fonte: Revista Bras.il a partir de AP News e CBS News
Foto: Captura de tela (CBS News)

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