EUA fogem do Afeganistão: lições ao mundo ocidental
Por David S. Moran
O ex-presidente americano Donald (“America first”) Trump, decidiu retirar suas tropas de várias regiões do mundo, a começar pela Síria. Os EUA chegaram à Síria, logo depois do inicio da guerra civil em 2011, para ajudar os sírios a acabar com o regime ditatorial da família Assad. Estes estavam no poder há quatro décadas, desfrutando de boa vida as custas da liberdade de expressão, direitos humanos, torturas e sofrimento do povo sírio.
Todos se aproveitaram desta guerra civil. Os EUA, para expandir sua influência. A Rússia, idem, mas aprofundou sua presença neste país. Já tinha um porto seu que lhe servia no Mediterrâneo e estabeleceu um segundo. Ao mesmo tempo, Putin deu ao então premier israelense, Netanyahu a sensação de que estava ao seu lado, com jogo duplo.
O povo curdo, que busca há anos estabelecer um país, o Curdistão que se estenderia desde o norte do Irã, numa faixa que passa por Iraque, Síria, até a Turquia, já viu seu sonho se realizar, mas o sonho se apagou num instante. Os curdos não tiveram ajuda necessária e a Turquia, do radical Erdogan, enviou tropas à Síria e ocupa a parte norte deste país, não deixando os curdos levantarem a cabeça.
Nesta conjuntura, o único que poderia ajudar o sofrido povo sírio, Trump decidiu retirar suas tropas. Bem rapidamente voltou atrás, para não deixar cair a influência americana.
Trump também manteve negociações com os líderes dos extremistas islâmicos da organização terrorista Taliban. Ele queria retirar suas tropas do Afeganistão. Os EUA gastaram muito dinheiro e perderam cerca de 2.500 soldados, que parecia ser em vão. Não conseguiu cumprir sua missão.
Vencedor nas eleições presidenciais de 2020, o democrata Joe Biden, que tem agenda diferente do predecessor, apesar de que com respeito ao Afeganistão, quis concluir a retirada de suas tropas deste terrível país.
Tratou com os inconfiáveis para o dia 31 de agosto, 2021. Logo que iniciou a retirada, em fins de julho, as forças Talibans foram atrás e as imagens da vergonhosa retirada dos americanos, depois de 20 anos, foram projetados no mundo todo.
Durante 20 anos, os EUA despejaram a fabulosa soma de mais de 2,5 trilhões de dólares, sacrificaram 2.500 soldados, em que?
Taliban, bem como outros grupos terroristas islâmicos, fazem um jogo duplo. Se fazem de conversar e ao mesmo tempo, combatem os adversários. O mundo Ocidental ainda não quer conceber esta mentalidade. O Presidente Biden, com todo o poderoso aparato militar, disse que ficou surpreso com a atitude do Taliban. Justificou o espanto (e a CIA?) que as informações que lhe deram, foram que 300.000 soldados afegãos, bem treinados pelos EUA, não permitiriam a 70.000 Talibans, tomar o poder. A tomada aconteceu em apenas algumas horas, depois dos radicais islâmicos irem atrás das forças ocidentais em retirada e aproximarem-se da capital, Cabul. Uma cidade após outra foi caindo nas mãos dos extremistas: Mazar a Sharif, Kandahar e por fim à Capital, Cabul.
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, entendeu que não adianta se opor ao Taliban, condensou milhões de dólares, euros, etc em malas e fugiu no primeiro avião disponível. Em um dia, a correspondente da CNN relata que tudo bem no país, mas no dia seguinte já estava vestida com burca e nem tudo estava bem. Os aviões americanos levavam a bordo mais de 600 pessoas, onde cabiam apenas 100 passageiros. O desejo de todos era fugir o quanto antes para não sofrer as represálias dos terroristas do Taliban. Principalmente dos nativos que lidavam com os americanos, alemães, ingleses entre outros. Tratava-se entre outros dos tradutores, educadores, vendedores, políticos e suas famílias. Lideres do Taliban informaram que não haveria represálias, mas o que o afegão já esqueceu, o ocidental ainda não aprendeu.
Os líderes radicais islâmicos do Taliban, apesar de prometerem não perseguir e torturar seus opositores, fazem como no conto do escorpião ajudado pelo sapo para atravessar o rio. Quando chegam ao meio, o escorpião pica o sapo e este lhe pergunta “por que?, agora nos dois vamos morrer”, o escorpião quase afogado lhe responde: “esta é a minha natureza”.
O Taliban já anuncia a fundação do Califato islâmico. Líderes da Hamas, Jihad Islâmico, Hizballah, Irã, entre outros, já felicitam o Taliban “pela derrota dos americanos e do Ocidente”. O jornalista palestino-inglês, Abdel Bari Atwan, em entrevista a TV Mayadeen (19.8.21), da Hizballah disse: “os israelenses têm que aceitar o conselho do Nassrallah: ‘aprendam a nadar. A fuga pelo mar, até o Chipre, é a única solução’”. Havia muitas outras manifestações deste tipo.
Por outro lado, há outras vozes no mundo árabe. O médico liberal egípcio, Dr. Khaled Muntazar, escreveu no jornal Al Watan (16.8.2021) artigo criticando os jovens que felicitaram a tomada do poder no Afeganistão. “O Taliban é regime fascista radical religioso que busca matar a alegria de viver. É hostil a humanidade e a vida. Aqueles que glorificam a vitória do islão e dos muçulmanos devem ir a tratamento psicológico e cerebral”.
Enquanto eu escrevia este comentário, duas grandes explosões ocorreram em Cabul. Não há maiores informações. Parece que a rivalidade entre organizações muçulmanas radicais, neste caso, o Taliban e o Estado Islâmico (Daesh), deu a este último a oportunidade de reaparecer na cena internacional, fazendo dois atentados suicidas. O número de mortos e feridos está aumentando a cada hora. Pelo menos 60 mortos, entre eles mulheres e crianças e também pelo menos 10 soldados americanos. O Presidente Biden que ia encontrar na Casa Branca o Primeiro Ministro de Israel, Naftali Bennet, suspendeu a coletiva.
Conclusões preliminares
Países europeus estão zangados ante a fuga americana, sem consultar os aliados.
A Rússia, China, Irã, Síria e outros países estão esfregando as mãos com satisfação, vendo a famosa frase do Mao Tsé Tung, de 1959, quando chamou os americanos de “tigre de papel” se concretizando.
Os países árabes aliados dos EUA e do Ocidente estão mais preocupados do que nunca temendo estar expostos ao inimigo xiita do Irã, já quase tendo poderio nuclear.
O Estado de Israel está preocupadíssimo. Apesar da visita do Bennet a Washington estar programada há semanas, a declaração do dirigente israelense de que os EUA são o maior e mais confiável aliado do Estado Judeu, agora deixa sabor amargo. Os EUA querem acordo nuclear como Irã, mas os aiatolás não respeitam ninguém. Será que na Hora H agirá contra as forças iranianas e outras hostis ao único Estado Judeu.
A mídia mundial (no geral) ainda não percebeu que o Estado de Israel não é o provocador dos males do mundo. Esta afirmação pode ser atestada com os benefícios que as invenções israelenses trouxeram ao mundo, tanto na agricultura, medicamentos, na informática, história e muito mais. Estes mesmos meios de comunicação dedicam muito menos espaço para relatar o avanço do Estado Islâmico e outros radicais islâmicos na África, Ásia e até na América Latina. Quando acordarem, já poderá ser tarde.
As organizações feministas, de Direitos Humanos, do Bem Estar do Menor e outras, querem ver as mulheres com vestes, como na foto? Sem o mínimo direito e que só servirá como escrava sexual e para procriar.
Procriar gerações sem o modernismo e o progresso, que não tenham educação escolar a não ser das madrassas religiosas.
O Mundo Ocidental tem que acordar.