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Eleições de terceira época

Por David S. Moran

Israel está chegando à reta final desta campanha eleitoral, a terceira em um ano, e nada garante que é a última. A atual campanha é das mais sujas que aconteceram em Israel. A pouco mais de uma semana, nem parece que estamos na véspera de eleições. A propaganda eleitoral gratuita passa na rádio e TV, mas parece que ninguém presta atenção. Quando começa já mudam o canal. O povo parece que está cansado dos políticos, de suas mentiras, manobras, acusações a outros e sem falar no essencial, nos programas para melhorar vida dos cidadãos. Infelizmente, pela primeira vez no país, concorre um Primeiro Ministro em exercício – o popular Benjamin Netanyahu – sob três acusações de corrupção: quebra de confiança, trapaça e receber benefícios em troca de dar vantagens a certos homens de negócios.

Todos sabem que políticos são pouco confiáveis, mas desta vez passaram dos limites, inclusive os da segurança nacional. O populismo e o cinismo subiram a recordes inimagináveis.

Os dois principais partidos contendores são: Kachol Lavan (Azul e Branco) encabeçado pelo Benny Gantz, que em um ano tornou-se o maior partido de Israel e o Likud, liderado pelo Primeiro Ministro em exercício, Benjamin Netanyahu.

O Primeiro Ministro nos últimos 11 anos consecutivos, Benjamin (Bibi) Netanyahu, está sob três acusações e faz de tudo para não enfrentar a justiça. Na segunda (17/2) foi anunciado que o início do seu julgamento, será no dia 17 de março, duas semanas depois das eleições para o Knesset, que ocorrerão no dia 2 de março. A luta do Bibi é apresentar que o Gantz que só poderá formar um governo em coalizão com o partido da Lista Árabe Unida (LAU). Tanto a LAU como o Gantz declaram que não formarão governo juntos, mas o Likud continua nesta tecla. A LAU eventualmente poderá apoiar governo do Gantz, se obtiver condições, na votação de confiança no Knesset. Eles não se identificam com o Estado Judeu e por isso não querem ministérios, mas querem tirar o Netanyahu da chefia do país. No passado, o próprio Netanyahu fez acordos com a LAU, inclusive na antecipação das eleições no primeiro turno. Agora os trata como se não fizessem parte do país.

Na terça-feira (18) depois que foi marcado o inicio do julgamento do Netanyahu, ele e o Likud começaram a vazar informações sobre infrações cometidas pela companhia Quinta Dimensão, na época encabeçada pelo Gantz na sua ligação em contrato com a Polícia. Isto apesar das autoridades informarem que Gantz nada tem a ver. O proposito é desviar as atenções do processo Netanyahu. Outros ministros do Likud tentam desacreditar o Procurador Geral do Estado (que Netanyahu nomeou). Quando o cerco aperta, Netanyahu até insinua que Israel estava envolvido no fracasso do lançamento do míssil iraniano, como aborta as tentativas de transferir armamento na Síria. “Sabem por quê?”, perguntou aos presentes ao comício, “porque nos agimos lá o tempo todo” quebrando sigilo.

Declaração de lealdade

Toda vez que aparece um “spin” e informação que alguém do bloco da direita passe ao bloco do Gantz, Netanyahu faz os partidos da coalizão assinarem declaração de lealdade. O partido religioso Shas do Arie Deri até faz propaganda pró Netanyahu. Aliás, o falecido rabino Ovadia Yossef, patrono do Shas declarou-se favorável à devolução dos territórios ocupados. Outro partido, o Yahadut Hatorá, hassídico, fala do bloco da direita, apesar de não saber o que é isto. Sua preocupação é de não permitir seus jovens ingressar no exercito.

O partido Yemina (a Direita) do Naftali Bennett é outra anomalia. É de conhecimento público que Netanyahu não gosta do seu Ministro da Defesa, Bennett e da ex-Ministra da Justiça, Ayelet Shaked. Colocou o Bennett neste importante ministério para que fracasse na missão e trata de enfraquecer este partido. Esta semana, foi publicada gravação do seu homem de confiança, Natan Eshel, falando com o kahanista Itamar Bem Gvir, lhe dizendo que o Bibi tem certeza que o Bennett se juntará a Gantz e prefere que ele ingresse no Knesset (seu partido Otzma Yehudit – Potência Judaica, não passa o mínimo de 3.25% dos eleitores) a entrada do Bennett. Os truques de trazer 400 imigrantes etíopes antes das eleições parece não sair do papel, nem mesmo anexação de territórios segundo o Plano do Século. Bibi até tentou evitar um possível golpe no seu próprio partido, apressou-se em nomear para “meu próximo governo” o Nir Barkat, eleito deputado pelo Likud há apenas um ano. Antes foi registrado no partido Kadima, que já não mais existe e foi prefeito de Jerusalém.

Para o Likud, quem não está com Netanyahu é da esquerda. Isto inclui o seu ex-confidente Avigdor Lieberman, do Partido Israel Beiteinu, este declara que a era do Netanyahu já passou, tem que se aposentar. Ele até questionou: “porque o encontro do Netanyahu com Arafat e Tibi para assinar acordo em Wye Plantation (10/98) é legítimo e sentar numa coalizão com o Vice-Comandante do Estado Maior, General (Res.) Yair Golan – que é do Avodá/Guesher e Meretz não é?”.

Kachol Lavan declara que quer um governo de união nacional com o Likud, “mas sem o Bibi, que vai enfrentar a justiça”. O General (reserva) Gabi Eshkenazi, um dos lideres deste partido, declarou na TV (17): “Com o Likud, sem o Bibi, em minutos temos governo. O Netanyahu tomou o país como refém. Duas vezes perdeu as eleições e trata de fugir da justiça. Nós queremos formar um governo sionista e democrático”. O líder do partido, Benny Gantz reiterou: “O Likud com Netanyahu não formará governo, sem ele, haverá união nacional”.

O pior nesta guerra de difamações, desinformações e de sujar os adversários é que quase nada muda na preferência dos eleitores. As mudanças parecem ser mínimas e se esta situação persistir, Israel irá para um quarto pleito, perdendo tempo, dinheiro e possibilidade de paz e prosperidade.

 

Pesquisas de opinião pública

Partido

Canal 12 (19.2)

Canal 13

Walla (17.2)

Kachol Lavan

35

36

34

Likud

33

33

33

Lista Árabe Unida

13

14

13

Avodá/Gusher/Meretz

9

8

10

Israel Beiteinu (*)

7

8

7

Shas

8

7

8

Yahadut Hatorá

8

7

8

Yeminá

7

7

7

Bloco do Centro

57

58

57

Bloco da Direita + ultra ortodoxos

56

54

56

(*) O Lieberman do Israel Beiteinu pode coroar o próximo Primeiro Ministro.

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