De quem tomar conselhos?
Por Hayim Makabee
Uma das melhores maneiras do olê se adaptar à realidade israelense é tomando conselhos com pessoas mais experientes, os olim veteranos que já passaram pelos mesmos desafios e conseguiram superá-los. Eu sempre digo aos novos olim que devem fazer um esforço para conversar com esses veteranos.
No entanto, nós precisamos ser muito seletivos quando escolhemos as pessoas de quem vamos tomar conselhos. Se o olê conversar com as pessoas erradas, pode ficar ainda mais confuso. Pior ainda, este olê pode ser influenciado a tomar decisões que vão prejudicá-lo, e talvez até colocar em risco a sua aliá.
Eu recomendo que o olê busque apenas pessoas que são:
– Parecidas com ele.
– Bem-sucedidas.
Não adianta pedir conselhos de pessoas muito diferentes de nós. Precisamos encontrar aqueles que têm a mesma faixa etária, a mesma profissão, uma experiência profissional parecida, o mesmo nível de religiosidade e também o mesmo nível social. Além de um background parecido, o ideal é encontrar pessoas com quem compartilhamos os mesmos objetivos, os mesmos valores e princípios.
Da mesma forma, devemos pedir conselhos apenas a pessoas bem-sucedidas. Se nós temos o objetivo de fazer alguma coisa, devemos aprender com quem já conseguiu fazer. Por exemplo, se o olê tem a meta de aprender o Hebraico, deve falar com outros olim que conseguiram aprender o Hebraico. Não adianta conversar com pessoas frustradas que vão dizer que “na nossa idade já é impossível aprender o Hebraico”.
O olê também deve ter muito cuidado com as pessoas que ele encontra nos grupos de Facebook e do WhatsApp. Em geral as pessoas mais ativas nestes grupos são também as mais ociosas, e isso não é um bom indicativo da sua capacidade de ajudar os outros. Infelizmente esses grupos também são frequentados por pessoas com problemas emocionais que usam as redes sociais para descarregar as suas frustrações.
Finalmente, é preciso lembrar que um bom conselho deve sempre ser desinteressado. Isso significa que a pessoa te dando o conselho quer te ajudar sem esperar nada em troca. Ela só poderá fazer isso depois de compreender a sua situação, quem você é, e qual é o seu objetivo. Então, antes de te dar um conselho, essa pessoa terá que fazer uma série de perguntas, para que ela possa ter certeza que essa recomendação realmente se aplica a você.
Por isso devemos desconfiar de pessoas que dão conselhos genéricos, que supostamente se aplicam a todos. Por exemplo, as pessoas que afirmam que o melhor lugar para se viver em Israel é uma cidade específica. Eu acho irresponsável a atitude de certos brasileiros de tentar convencer todos os olim a morarem na sua cidade, sem levar em consideração se estes olim terão condição de pagar o valor do aluguel, ou se serão capazes de conseguir um trabalho na sua profissão, ou se terão acesso aos médicos especialistas que precisam.
Isso me faz lembrar a prática muito comum no Brasil de recomendar remédios. Aquele caso da pessoa que diz “estou com uma dor nas costas” e imediatamente o seu amigo afirma “você tem que tomar esse remédio, eu tomei e fiquei bom no dia seguinte”.
Neste caso são dois irresponsáveis, tanto o que dá o conselho como quem recebe. Deveria ser claro que apenas um médico pode receitar um tratamento, depois de examinar o paciente. Da mesma forma, a pessoa que sofre de alguma doença precisa ter o bom-senso de procurar um médico experiente, e não seguir as dicas dos seus amigos.
Desejo a todos os olim que sejam bem-sucedidos seguindo boas recomendações e que evitem tomar conselhos com as pessoas erradas.
Foto: Mikhail Gorbunov, CC BY-SA 3.0 (Wikimedia Commons)