Críticas a Israel e o último discurso de Biden na AGNU
O presidente dos EUA, Joe Biden, discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) pela última vez como presidente, na terça-feira.
Em sua fala, Biden destacou sua longa história em cargos públicos, que remonta ao período da Guerra do Vietnã, e afirmou que sua decisão de retirar as forças americanas do Afeganistão em 2021 foi a “decisão certa”. Abordando a guerra entre Israel e a organização terrorista Hamas, Biden declarou: “O mundo não deve recuar diante dos horrores de 7 de outubro”.
“Qualquer país teria o direito e a responsabilidade de garantir que tal ataque nunca mais aconteça”, disse ele. “Milhares de terroristas armados do Hamas invadiram um estado soberano, matando e massacrando mais de 1.200 pessoas, incluindo 46 americanos, em suas casas e em um festival de música”.
Biden destacou os “atos desprezíveis de violência sexual” cometidos por terroristas do Hamas durante o massacre e os “250 inocentes feitos reféns”.
Ele disse que os reféns e suas famílias estão “passando pelo inferno”, mas que “civis inocentes em Gaza também estão passando pelo inferno”.
“Milhares e milhares de mortos, incluindo trabalhadores humanitários”, lamentou Biden, além de haver “muitas famílias deslocadas, amontoadas em tendas”.
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De acordo com Biden, o povo de Gaza “não pediu por esta guerra que o Hamas começou”, pedindo que ambos os lados “finalizem os termos” de um cessar-fogo e acordo de reféns para “trazer os reféns para casa e dar segurança a Israel e Gaza, livres das garras do Hamas, aliviar o sofrimento em Gaza e acabar com esta guerra”.
Voltando-se para a atual escalada entre Israel e a organização terrorista Hezbollah, Biden disse que “desde 7 de outubro, também estamos determinados a evitar uma guerra maior que englobaria toda a região”.
Ele observou que “o Hezbollah, sem provocação, se juntou ao ataque de 7 de outubro, lançando foguetes contra Israel. Quase um ano depois, muitos dos dois lados da fronteira Israel-Líbano continuam deslocados. Uma guerra em larga escala não é do interesse de ninguém”.
“Mesmo que a situação tenha se agravado, uma solução diplomática ainda é possível”, disse Biden. “Na verdade, continua sendo o único caminho para uma segurança duradoura permitir que os moradores de ambos os países retornem para suas casas na fronteira em segurança, e é isso que estamos trabalhando incansavelmente para alcançar”.
No final da parte de seu discurso sobre o conflito no Oriente Médio, Biden mencionou a “violência contra palestinos inocentes na Samaria e Judeia”. O governo Biden começou a impor sanções contra indivíduos e organizações extremistas israelenses no início do ano e prometeu continuar fazendo isso.
Ao mesmo tempo, ele pediu “a criação de condições para um futuro melhor, incluindo uma solução de dois estados, onde Israel desfrute de segurança e paz, reconhecimento total e relações normalizadas com todos os seus vizinhos e onde os palestinos vivam em segurança, dignidade e autodeterminação em um estado próprio”.
Ele disse que “o progresso em direção à paz nos colocará em uma posição mais forte para lidar com a ameaça contínua representada pelo Irã. Juntos, devemos negar oxigênio a seus representantes terroristas, que pediram mais 7 de outubro, e garantir que o Irã nunca, jamais, obterá uma arma nuclear”.
O presidente turco Erdogan usou a tribuna da ONU para mais uma vez comparar Netanyahu a Hitler. “Assim como Hitler foi detido por uma aliança da humanidade há 70 anos, Netanyahu e sua rede de assassinos devem ser detidos por uma aliança da humanidade”, disse ele. Erdogan afirmou que os valores da ONU e do mundo ocidental estão “morrendo em Gaza” e pediu uma “aliança da humanidade” para deter Israel, criticando o Conselho de Segurança da ONU por não conseguir acabar com a guerra. “Aqueles que supostamente estão trabalhando por um cessar-fogo, continuam a enviar armas e munições para Israel para que ele possa continuar seus massacres”.
Sobre as últimas tensões entre Israel e o Hezbollah, Erdogan disse que está com o povo do Líbano e acusou Israel de arrastar toda a região para a guerra com seus ataques ao grupo terrorista. “O que mais vocês estão esperando para deter a rede de massacres que põe em risco também as vidas de seus próprios cidadãos, juntamente com o povo palestino, e arrasta toda a região para a guerra em prol de suas perspectivas políticas?”, perguntou ele.
O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, respondei a Erdogan. “Há terroristas que sequestram cidadãos em túneis em Gaza, há terroristas que disparam foguetes do Líbano e há Erdogan que vem todo ano à ONU e espalha ódio puro contra Israel”.
Em seu discurso, o emir do Catar, Al Thani, classificou a guerra de Israel contra o Hamas como um “genocídio”. “Nos opomos à violência e à perseguição de civis por qualquer parte, mas depois de um ano de guerra, não é mais sustentável falar sobre o direito de Israel se defender sem ser cúmplice na justificação do crime”, disse ele. Adotando slogans dos ativistas anti-Israel em campi universitários, Al Thani disse que os palestinos estão sujeitos a uma ocupação colonial, que assumiu a forma de um sistema de apartheid no século XXI”.
Ele também criticou os esforços governo israelense “para expandir os assentamentos, anexar a Samaria e Judeia e judaizar Jerusalém”. Sobre o conflito no Líbano, ele acusou Israel de “cometer um crime ao manipular pagers e explodi-los em milhares de pessoas, com total desrespeito à sua identidade ou localização”. Criticando as operações de Israel contra o Hezbollah sem mencionar os ataques do grupo apoiado pelo Irã, afirmou “eles sabem que isso não trará segurança nem paz a Israel, nem ao Líbano”.
Ele destacou o papel do Catar como mediador entre Israel e o Hamas. “Continuaremos a fazer todos os esforços com nossos parceiros até chegar a um cessar-fogo, garantir a libertação de prisioneiros e detidos e avançar em uma solução de dois estados”.
O rei Abdullah da Jordânia concentrou quase toda sua fala no conflito Israel-Hamas, criticando Israel na guerra em Gaza, suas políticas na Samaria e Judeia e aos ataques ao Hezbollah no Líbano. “Os ataques de 7/10 contra civis israelenses foram condenados por países do mundo todo, incluindo a Jordânia, mas a escala sem precedentes de terror desencadeada em Gaza desde aquele dia está além de qualquer justificativa”, disse Abdullah, sem mencionar o Hamas durante todo o discurso.
“O ataque de Israel resultou em uma das maiores taxas de mortalidade em conflitos recentes, uma das maiores taxas de fome causada pela guerra, o maior grupo de amputados e níveis sem precedentes de destruição”.
O governo israelense matou mais crianças, mais jornalistas, mais trabalhadores humanitários e mais médicos do que qualquer outra guerra na memória recente”, disse ele. Abdullah pediu o estabelecimento de “um mecanismo de proteção” para os palestinos na Samaria e Judeia e em Gaza. “Isso garantirá a segurança dos palestinos e israelenses contra extremistas que estão levando a região à beira de uma guerra total”.
Abdullah criticou duramente a extrema direita israelense “que continua a propagar a ideia da Jordânia como uma pátria alternativa” para os palestinos. “Deixe-me ser bem claro: isso nunca vai acontecer”.
O presidente argentino, Javier Milei, usou a tribuna para defender Israel. Na sua fala, Milei criticou a ONU por suas hipocrisias ao criticar Israel. “Nesta mesma casa, nós, que pretendemos defender os direitos humanos, também incluímos ditaduras sangrentas no Conselho de Direitos Humanos, incluindo Cuba e Venezuela, sem reprovação”, disse Milei. “Nesta mesma casa, que pretende defender os direitos das mulheres, permitimos no Comitê CEDAW países que punem suas mulheres apenas por mostrarem a pele. E esta mesma casa votou contra o Estado de Israel, que é o único país no Oriente Médio a defender a democracia liberal”. O restante do discurso de Milei se concentrou em criticar a organização pela mudança de sua missão original de paz e direitos humanos para a promoção de políticas coletivistas na agenda 2030.
O embaixador israelense na ONU, Danny Danon, agradeceu ao presidente argentino Javier Milei por defender Israel em seu discurso. “Obrigado, Presidente Milei! Você é um verdadeiro amigo do Estado de Israel. Neste salão onde eles caluniaram Israel o dia todo, você demonstrou coragem e apoiou Israel!”.
Fonte: Revista Bras.il a partir de The Jerusalem Post, The Times of Israel e Israel National News
Foto: ONU (captura de tela)