Contagem de votos ainda mantém o impasse
A contagem dos votos dos “envelopes duplos” continua nesta manhã de quinta-feira, com os resultados até agora não mostrando um caminho claro para uma coalizão majoritária para o bloco de partidos de apoio do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ou seus oponentes.
O Comitê Central de Eleições contou cerca de 46.000 cédulas durante a noite, o que alterou ligeiramente a composição eleitoral, com o partido islâmico Ra’am perdendo uma cadeira em benefício do Meretz, de esquerda.
Restavam para apuração cerca de 425.000 votos ausentes e 55 urnas normais.
Na manhã de quinta-feira, mais de 4 milhões de votos haviam sido contados, totalizando 91,6% de todas as cédulas lançadas na eleição de terça-feira. O Comitê Central de Eleições disse que espera encerrar a contagem dos votos na manhã de sexta-feira.
A formação de uma coalizão de governo pode depender do partido Ra’am, que não se comprometeu com os blocos pró ou anti-Netanyahu. Para complicar um potencial governo de maioria, legisladores de direita em ambos os campos descartaram basear uma coalizão no apoio do partido árabe, devido ao que eles dizem ser uma postura antissionista.
Como a contagem de votos está atualmente, o partido Likud de Netanyahu ganharia 30 das 120 cadeiras na Knesset.
LEIA TAMBÉM
- 24/03/2021 – Resultado das eleições ainda indefinido
- 24/03/2021 – Eleição de 2021: contagem de votos continua
- 23/03/2021 – Redução no comparecimento de eleitores
Em seu bloco de apoiadores, o ultraortodoxo Shas ganharia 9 cadeiras, o Judaísmo da Torá Unida, 7, e o Sionismo Religioso, 6. A soma daria ao bloco de Netanyahu 52 cadeiras, menos do que os 61 necessários para ter uma maioria de 61, mesmo com o apoio do Yamina de Naftali Bennett, que tem 7.
No bloco de partidos que se opõem a Netanyahu, projeta-se o centrista Yesh Atid, de Yair Lapid, como o maior partido com 17 cadeiras, seguido pelo Azul e Branco, de Benny Gantz, com 8.
Resultados da eleição, com 91% dos votos apurados
Likud: 30
Yesh Atid: 17
Shas: 9
Azul e branco: 8
Yamina: 7
Avoda: 7
Judaísmo Unido da Torá: 7
Israel Beiteinu: 7
Lista Conjunta: 6
Religioso Sionista: 6
Nova Esperança: 6
Meretz: 6
Ra’am: 4
Junto com o Avodá, Yisrael Beytenu de Avigdor Liberman, a Lista Conjunta de maioria árabe, Nova Esperança de Gideon Sa’ar e o Meretz de esquerda, o bloco teria 57 cadeiras. Ainda não está claro quem lideraria uma coalizão anti-Netanyahu nesta perspectiva, já que Sa’ar e Bennett disseram que não se alinhariam em uma coalizão liderada por Lapid.
A líder trabalhista Merav Michaeli disse ao Canal 12, na quarta-feira, que seu partido consideraria apoiar Bennett para primeiro-ministro.
Ra’am, com sua contagem atual de 4 assentos, poderia garantir a maioria para qualquer lado e emergiu como uma peça central durante a contagem de votos.
Netanyahu disse que não descarta a “cooperação parlamentar” com Ra’am, de acordo com a emissora pública Kan.
Segundo a Kan, Netanyahu teme que o líder do Ra’am Mansour Abbas apoie uma legislação que impeça um candidato sob acusação criminal de formar um governo, o que bloquearia efetivamente o caminho de Netanyahu para o cargo de primeiro-ministro.
Os oponentes de Netanyahu estão considerando a possibilidade de fazer avançar a legislação, o que exigiria deste bloco ganhar 61 assentos, e que todos apoiassem o projeto. Netanyahu está sendo julgado em três casos de corrupção.
Membros do Likud teriam procurado Abbas para verificar se ele apoiaria a legislação que impede Netanyahu de ser primeiro-ministro. Citando “fontes políticas”, o site de notícias Walla afirma que Abbas disse ao Likud que não era a favor de leis voltadas contra indivíduos específicos, mas a posição do partido sobre o assunto não havia sido finalizada. O Likud desmentiu a informação.
O Ra’am e Itamar Ben Gvir, da extrema direita, descartaram a união de forças em uma coalizão na quarta-feira, diminuindo as perspectivas já escassas de que Netanyahu possa formar um governo de maioria.
Netanyahu rejeitou repetidamente a hipótese de se aliar ao Ra’am, inclusive na semana passada, dizendo que isto estava “fora de questão”, embora relatos na quarta-feira indicassem que ele estava considerando isso.
Abbas se manteve evasivo sobre possíveis alianças, dizendo na quarta-feira que não estava “no bolso” de nenhum bloco parlamentar e que não foi contatado por Netanyahu.
O partido Likud está dividido sobre a possibilidade de formar uma coalizão que conte com o apoio do Ra’am, com parlamentares fazendo declarações contraditórias sobre a possível ação.
Havia outras tensões dentro do bloco de Netanyahu, com o partido ultraortodoxo Judaísmo da Torá Unida criticando Netanyahu por apoiar o partido Sionismo Religioso, de direita. O Judaísmo da Torá Unida acredita que o esforço empurrou seus eleitores habituais para o Sionismo Religioso o que lhe custou representação na Knesset.
O legislador do Judaísmo da Torá Unida, Uri Maklev, disse à Ynet que Netanyahu “fez coisas que não deveriam ser feitas” durante a campanha e “passou por cima de nós”. O líder do partido, Moshe Gafni, disse ainda antes das eleições que a facção “pesará” suas opções se Netanyahu não garantir uma coalizão majoritária após a votação.
O Ynet disse que a insatisfação também estava crescendo no Shas, embora o partido estivesse sendo mais cuidadoso ao veicular publicamente as críticas ao primeiro-ministro.
Ao longo de três eleições inconclusivas nos últimos dois anos, Netanyahu confiou na lealdade dos partidos ultraortodoxos, que se recusaram a considerar uma coalizão não liderada por ele.
Netanyahu havia pressionado agressivamente a comunidade religiosa e ultraortodoxa para votar no Sionismo Religioso e em seu líder Smotrich, para garantir que passasse o limite eleitoral de 3,25% dos votos necessários para entrar no Knesset.
Ben Gvir também parece ter causado problemas para Netanyahu no exterior, com autoridades de estados do Golfo alertando diplomatas israelenses que legisladores de extrema direita na Knesset poderiam “prejudicar a normalização”. Ben Gvir apoia políticas que são amplamente vistas como discriminatórias contra os árabes.
Dados divulgados na noite de quarta-feira mostraram que a votação foi diferenciada por regiões geográficas, com o Likud liderando nas cidades do sul, Yesh Atid à frente em Tel Aviv e partidos ultraortodoxos recebendo forte apoio em Jerusalém.
A Lista Conjunta derrotou Ra’am na maioria das comunidades árabes, e o secularista Yisrael Beytenu, de Avigdor Liberman, se saiu surpreendentemente bem com os eleitores drusos.
Fonte: Times of Israel
Foto: Dolev דולב (Wikimedia Commons)
Pingback: Bloco de Netanyahu não terá maioria - Revista Bras.il
Pingback: Contagem de votos termina. E agora? - Revista Bras.il