Comunidade em Tel Aviv cria sua própria moeda sustentável
Se você quiser tomar uma bebida no café local ou comprar alguns vegetais orgânicos no mercado no bairro de Shapira, em Tel Aviv, não precisará vasculhar os bolsos em busca de alguns trocados. Em vez disso, você poderá pagar com a moeda local verde do bairro.
A moeda Lira Shapira é emitida com base na quantidade de resíduos orgânicos compostados pelos participantes.
O nome da moeda deriva do nome da antiga moeda israelense e do nome do bairro, que fica ao sul de Tel Aviv e se tornou uma espécie de reduto moderno.
A ideia da moeda foi lançada há cerca de quatro anos por residentes interessados em sustentabilidade e comunidade.
“Percebemos que as atividades relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade eram poucas e não havia nenhum processo mais profundo em andamento”, disse Perry Samnon, um dos fundadores da Lira Shapira.
“Uma vez que o nosso mundo cultural está tão interligado com o mundo econômico, tentámos encontrar a ligação com a economia, queríamos que a economia alimentasse a atividade verde. Por isso decidimos desenvolver uma moeda local que fosse emitida com base na separação de resíduos orgânicos e compostagem”, afirma.
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“O projeto promove duas coisas principais. Em primeiro, a redução dos resíduos e a reciclagem dos resíduos orgânicos. E segundo, uma economia local. Em vez de os vizinhos comprarem das grandes corporações e o dinheiro sair do bairro, queremos ver como podemos manter o dinheiro dentro do bairro e nas empresas locais”.
Há cerca de um ano e meio, a Lira Shapira se transformou em uma ONG operada por moradores locais das áreas de educação e ativismo ambiental, bem como por empresários locais. O grupo emite cerca de 3.000 liras por mês e tem cerca de 200 usuários.
“Temos 12 barracas de compostagem espalhadas pelo bairro e em cada barraca há balanças. Quem tiver interesse pode separar o lixo orgânico em casa, pesá-lo na composteira e depois reportar através do nosso boletim online. No final de cada mês, eles recebem as liras, sendo cada quilo de lixo convertido em uma lira”.
A moeda, acrescenta Samnon, é aceita no mercado local administrado pelo grupo uma vez a cada duas semanas. Os clientes podem comprar vegetais da horta comunitária ou artesanato caseiro.
O mercado comunitário de Shapira vende produtos como massas caseiras e pães que podem ser adquiridos na moeda local.
Além do mercado, a lira é aceita na cafeteria local, em dois viveiros de plantas e em uma mercearia. Lá, as liras não valem um shekel cada uma como valem no mercado, mas dão direito a descontos.
“Quando você usa uma moeda local, isso pode impulsionar as pequenas empresas, porque lhes dá clientes e energia locais. Na minha opinião, é uma ferramenta de equilíbrio muito importante”, diz Samnon.
“Não conheço nenhum outro lugar em Israel com moedas locais, mas há muitos em todo o mundo, por exemplo na Europa e nos Estados Unidos. É uma ferramenta que pode ser muito útil para equilibrar as relações com as grandes corporações”.
O feedback sobre a iniciativa, observa ele, foi extremamente positivo.
A iniciativa ainda não teve sucesso entre dois grupos importantes do bairro, os seus residentes religiosos e os trabalhadores estrangeiros, mas Samnon espera que eles também venham a participar dela.
O grupo também pretende fazer parcerias com empresas como restaurantes e cafés para recolher os seus resíduos orgânicos.
Samnon também espera desenvolver serviços educacionais de Lira Shapira para escolas, para ajudar os alunos a se tornarem parceiros na economia local.
Fonte: Revista Brasil a partir de ISRAEL21c
Foto: Lira Shapira (Facebook)