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Como lutar contra a ascensão meteórica do antissemitismo na América

Por Deborah Srour Politis

O Lutador Natan Levy levanta a bandeira de Israel durante sua última luta. Credito da foto Amy Kaplan

Os Estados Unidos têm sido um refúgio seguro para os judeus desde sua criação como nação há mais de duzentos anos. E desde a Segunda Guerra Mundial, os judeus americanos fizeram um tremendo progresso na quebra de barreiras discriminatórias. Hoje, judeus podem ser encontrados nos mais altos escalões do governo e da indústria privada.

Mas ultimamente, diante de uma onda crescente de antissemitismo expresso abertamente, os judeus começaram a se perguntar se e como seria possível combater este ódio na América.

Reconhecendo a gravidade do problema, em 7 de dezembro último, a Casa Branca convidou altos funcionários do governo Biden e representantes de várias organizações judaicas, para participar de uma mesa redonda sobre antissemitismo presidida por Doug Emhoff, o marido da vice-presidente Kamala Harris.

Emhoff, que é neto de imigrantes judeus poloneses, chamou esta onda uma “epidemia do ódio”. Que hoje as pessoas não mais cochicham seu antissemitismo. Elas publicam suas opiniões alto e claro. Um dia antes desta reunião, 125 legisladores da Câmara dos Deputados e do Senado instaram o governo Biden a adotar um plano de ação para lidar com o aumento do antissemitismo.

No ano passado, os incidentes antissemitas atingiram um recorde, com 2.717 casos de agressões, assédio e vandalismo. Este foi um aumento de 34% em relação ao ano anterior e o maior número desde que a ADL começou a computar estes incidentes, em 1979. Em Nova York, lar da maior concentração de judeus do país, a polícia reportou que somente no mês de novembro último ataques antissemitas aumentaram em 125%.

Mas pior que isso, nos últimos meses, temos visto que o antissemitismo na América está em processo de normalização. O rapper Kanye West, com 32 milhões de seguidores nas redes sociais, saiu elogiando Hitler e promovendo teorias conspiratórias sobre judeus que o tornaram o porta-voz do ódio ao judeu de hoje. Ele não só ameaçou “apertar o botão para matar” judeus mas fez uma série de outros comentários antissemitas que seriam impensáveis uma década atrás.

Uma outra estrela, desta vez do basquete, Kyrie Irving, promoveu um filme antissemita nas redes sociais.

Até o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que tem uma filha e netos judeus, não pensou duas vezes antes de receber Kanye West e seu amigo, o propagandista antissemita e negador do Holocausto Nick Fuentes, em sua mansão na Flórida. Incrível que Trump não condenou nenhuma declaração de West ou de Fuentes, mas anteontem Trump criticou os líderes judeus por não serem suficientemente leais a ele depois dos passos pró-Israel que ele tomou como presidente.

No mês passado, um homem de Nova Jersey foi preso após publicar um manifesto online incitando ataques a sinagogas, e outro foi detido após twittar sobre seu plano de “atirar em uma sinagoga e morrer”.

Não há semana em que não ouvimos que judeus ortodoxos foram agredidos na cidade de Nova York. Em suma, o antissemitismo saiu das margens e hoje está no centro da sociedade.

O dilúvio de ataques levou Christopher Wray, diretor do FBI, a dizer recentemente que os judeus, que representam apenas 2,4% da população dos EUA, são “uma comunidade que merece e precisa desesperadamente de apoio porque está sendo atingida por todos os lados”.

Mas um homem enfrentou Kanye à sua maneira e desafiou seus amigos e seguidores no Instagram a se juntarem a ele. Yuli Prizant, um orgulhoso judeu e sionista, “jogou fora” seu tênis Yeezy da Adidas. Ele não apenas falou; ele fez. Meses antes, Prizant falou com seus amigos e seguidores sobre o ódio aos judeus e os desafiou a enfrentar o ódio de todas as formas. Ele liderou pelo exemplo e ao fazê-lo contribuiu para a Adidas cancelar seu contrato milionário com Kanye West além da Gap, Balanciaga, e TJ Maxx.

A integração do ódio aos judeus não está mais apenas em nossas ruas, mas encontrou um terreno fértil em instituições de ensino superior e plataformas de mídia social. Os antissemitas correm soltos nas universidades, onde ninguém é responsabilizado nem mesmo chamado à atenção. A mídia social está repleta de ódio aos judeus nas páginas do Tik Tok, onde recentemente até Anne Frank foi parodiada para os fornos como piada para atacar judeus. Não se enganem, o ódio aos judeus é real.

Outro herói, Natan Levy, judeu israelense, venceu, por decisão unânime, sua luta no Campeonato de Luta Definitiva. Mas o que chamou a atenção, não foi tanto a luta como a coletiva de imprensa que ocorreu depois. Levy foi questionado sobre a ascensão meteórica do antissemitismo e os comentários de Kanye West. Levy respondeu com grande calma que se sentia mal por pessoas que têm tanto ódio em seus corações. Mas foi sua declaração direta a Kanye que nos fez levantar e aplaudir. “Kanye West, se você tem algum problema comigo ou com meu povo, venha me ver mano”.

Aliás, antes da luta, Levy anunciou que seu uniforme seria leiloado para apoiar uma instituição de caridade para sobreviventes do Holocausto. Esse é um verdadeiro guerreiro na luta contra o ódio.

A única frase de Levy em sua coletiva de imprensa pós-luta deve ser uma convocação para todos os judeus se levantarem, falarem, gritarem, encurralarem e responsabilizarem o ódio aos judeus em todas as áreas. É uma declaração forte para responsabilizar as empresas. É um desafio encurralar os que apoiam o ódio aos judeus e responsabilizá-los por apoiar o antissemitismo.

E isso me lembrou o que estudamos na porção da Bíblia que lemos nesta semana. Nesta porção, vimos Jacó separar seu campo e enviar presentes a Esaú com medo de enfrentá-lo. Mas finalmente, ele não teve saída a não ser lutar contra o anjo de Esaú. E quando Jacó venceu, ele recebeu o nome de Israel. Israel só é Israel quando luta por si e seus direitos.

Natan Levy demonstrou claramente o que os judeus precisam fazer todos os dias. Com uma resposta simples e direta à pergunta de um repórter, ele se tornou um líder na luta contra o ódio aos judeus. “Venha me ver mano”. E Yuli Prizant teve um momento semelhante. Ele disse: “vejam o que eu faço”.

Hoje não somos mais impotentes. Temos um Estado e temos que nos orgulhar de toda a contribuição que demos ao mundo até agora. E é esta a mensagem que temos que dar ao mundo agora.

Foto: Captura de tela (Youtube FIGHTsportTV). O Lutador Natan Levy levanta a bandeira de Israel durante sua última luta.

2 comentários sobre “Como lutar contra a ascensão meteórica do antissemitismo na América

  • GILSONEI HONORATO DA SILVA

    Shalom,
    Sou Bnei Anussim e me considero judeu. Fiz a minha B`rit Milá e frequento quando posso a sinagoga do Braz em SP. Não podemos deixar nenhuma faisca de antissemitismo escapar pois de uma faisca poderá se transformar em uma fogueira. Nosso povo já fez e faz muito com grandes benefícios para o mundo e isso deve ser mais divulgado. Por outro lado devemos divulgar mais o sagrado as festas bíblicas e os beneficios da torah para as naçoes, assim poderão ver o grande poder do Eterno e a aliança que Ele fez com Am Ysrael. Louvado Seja Adonai. B`H. Que Mashiach apareça o mais breve possível e que em breve Ele nos livre das nações que não aceitam desde hoje o Seu Reino.

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