Carta de Einstein revela antissemitismo
Uma carta recentemente descoberta escrita pelo renomado físico Albert Einstein traz à luz um pouco do antissemitismo imperceptível – particularmente na academia e nas artes – que Einstein e outros judeus enfrentaram nos Estados Unidos, depois de fugir da Alemanha precisamente por esse motivo.
Einstein endereçou sua carta ao pianista judeu austríaco Bruno Eisner, que perguntou sobre a vida nos Estados Unidos enquanto procurava um acordo após deixar a Europa dominada pelos nazistas.
“Existe aqui um tremendo (grau de) antissemitismo, especialmente na academia (embora também na indústria e no setor bancário). Veja bem, isso (o antissemitismo) nunca assume a forma de um discurso ou ação brutal, mas, ao contrário, fermenta, ainda mais intensamente, sob a superfície. É, por assim dizer, um inimigo onipresente, impossível de ver, (cuja presença) você apenas percebe”, escreveu Einstein, que abordou o questionamento de Eisner sobre a capacidade de encontrar trabalho nos Estados Unidos. “Não sou informado (de uma vaga) mesmo quando se trata da minha especialidade”, admitiu o célebre cientista na carta em alemão, traduzida para o inglês.
Einstein também contou a história de um de seus assistentes como exemplo de seus avisos, escrevendo “Só preciso dizer que meu jovem assistente, com quem trabalhei com sucesso por dois anos, se estabeleceu na Rússia há dois meses, porque não havia oportunidades aqui”.
A carta, escrita quando Einstein morava em Princeton, Nova Jersey, anos após a ascensão nazista ao poder, lança luz sobre o antissemitismo enfrentado pelos judeus que viviam na América na época. Embora incomparável em escala, o padrão preocupante de marginalização e discriminação seguiu Einstein e outros judeus que chegaram às costas da América.
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Eisner, que já estava em Nova York na época da carta, acabou tendo sucesso no cenário da música clássica americana, com uma carreira como pianista e professor de música. Ele morreu aos 94 anos em Nova York.
Einstein, reconhecido como um dos maiores físicos de todos os tempos, é mais conhecido por desenvolver a teoria da relatividade, embora também tenha feito contribuições importantes para o desenvolvimento da teoria da mecânica quântica. Suas descobertas científicas foram cruciais para o desenvolvimento da bomba atômica, que posteriormente ajudou a levar ao fim da Segunda Guerra Mundial.
Quando os nazistas começaram a marginalizar os judeus de boas posições na Alemanha, como em cargos públicos e trabalho universitário, Einstein – e sua teoria revolucionária da relatividade – foi alvo dos nazistas, que rejeitaram sua teoria como “física judaica”. Einstein, que conduzia pesquisas nos Estados Unidos desde 1933 – o ano em que os nazistas chegaram ao poder -, mais tarde renunciou à sua cidadania, prometendo nunca mais retornar à sua Alemanha natal. Ele ganhou a cidadania dos EUA em 1940.
“Esta carta lança luz sobre um aspecto menos conhecido da vida de Einstein nos Estados Unidos”, disse Meron Eren, CEO e cofundador da Kedem Auction House. “Na época, o antissemitismo nos Estados Unidos foi em grande parte ofuscado pelo Holocausto e pelos milhões que morreram na Europa”.
“Esta carta serve como outro lembrete importante de que as sociedades liberais não são imunes a esta doença e que devemos estar sempre vigilantes contra qualquer forma de racismo”, concluiu Eren.
Fonte: The Jerusalem Post
Fotos: Jackie Ramirez, Pixabay (Einstein) e Kedem Leiloes (Carta)
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