Carta aberta a Fábio Bosco, PSTU

Por Marcos L Susskind

Olá Fábio!

Sou Marcos L Susskind, um brasileiro, sionista, atualmente residente em Israel. Por esta introdução você já percebeu que nossas posições sobre Israel e o Oriente Médio são bastante distantes. E ainda assim, resolvi te escrever tendo ouvido os absurdos que você proferiu em sua recente participação no evento da FEPAL.

Fábio, você e seu partido se alinham a tudo o que vossa ideologia repudia. Você afirmou total identificação com o Hamas. Seu partido diz lutar pelos direitos das mulheres, enquanto o Hamas as discrimina totalmente, reduzindo-as a máquinas de reprodução a serviço de seus machos. Seu partido diz lutar pelos direitos dos homossexuais, enquanto o Hamas amarra os pés e braços e atiram homossexuais vivos dos mais altos edifícios de Gaza, Rafah e Khan Yunes. Vocês se dizem a favor dos trabalhadores enquanto o Hamas destruiu toda a estrutura de trabalho em Gaza, com exceção da função de terroristas (aliás, os únicos bem remunerados por lá).

Sua proposta de paz é sui generis: a paz só ocorre com a destruição pelas armas do Estado de Israel. Que forma interessante de paz – assassinato geral, aliás a forma que era adotada por gente com a qual seu partido se alinha como Pol Pot, Stalin, Mao Tse Tung e Fidel Castro. Se você não conhece, eis os números de mortes causadas por “líderes socialistas”:

– Pol Pot matou cerca de 2.000.000 no Cambodja, em quatro anos (1975/1979)

– Stalin matou entre 8.000.000 e 13.000.000 durante o Holodomor, 700.000 por fuzilamento nos anos 30 do século XX.

– Mao Tse Tung matou pelo menos 45 milhões de pessoas por fome, espancamentos ou trabalho excessivo em quatro anos (1958/1962)

– A dupla Fidel Castro/Che Guevara matou três vezes mais gente que o fascista Pinochet no Chile.

– E o camarada Maduro parece estar levando a Venezuela pelo mesmo caminho.

Vendo os dados acima, dá para entender sua obstinação por eliminar Israel mas ainda não me dá elementos para entender sua associação com o Hamas.

Fábio, você não é original em querer eliminar Israel (e os judeus) do mundo. O primeiro que se tem notícia foi Nabucodonosor, da Babilônia, em 586 antes da época comum, portanto há mais de 2.600 anos. Depois dele vem Hamã Hamedatá, ministro do Imperador Persa Xerxes, há cerca de 2.500 anos. Seguem-se líderes sanguinários como Antioco IV, há 2.100 anos, Tito de Roma (há 2.000 anos), Imperador Adriano de Roma (1.900 anos). No século VII, foi Maomé e seus exércitos. Por volta de 1.100, foram os Cruzados, Ricardo Coração de Leão, Balduíno e outros. A idade média, em especial, contou com inúmeros personagens que, tal como você, tentaram o mesmo: desde a cidade de Berna, em 1294 que precipitou expulsões e massacres por mais de 200 anos em toda a Europa. Já no Século XV, sob a acusação de que envenenavam os poços, novos massacres. Então aparecem os Dominicanos e o Frei Tomás Torquemada e a matança passa a ser ato da Igreja e do Estado. Judeus são obrigados a aceitar o Cristianismo ou serão torturados, massacrados, queimados vivos e expulsos sem direitos. Em 1879, William Mahr cria o termo antissemitismo e oficializa o movimento antissemita, que vai desembocar no Holocausto dos nazistas.

Aliás, Fábio, o Nazismo é a fonte de inspiração do Mufti El Husseini, líder árabe na Palestina, aliado de primeira hora de Hitler. El Husseini criou os batalhões islâmicos que lutaram junto ao Nazismo e sua grande aspiração era conseguir que Hitler chegasse ao Oriente Médio para exterminar os judeus da Palestina, exatamente a cartilha do Hamas que você partilha. O sonho dele acabou quando os ingleses detiveram o avanço alemão no Norte da África…

Dito tudo o acima, Fábio, tem uma mensagem forte e desagradável (para você): Os impérios babilônios, grego, romano, a Igreja, os reis europeus e Hitler não conseguiram eliminar Israel e os judeus do mundo. Hitler quase conseguiu (um de cada três judeus foi eliminado), mas nós sobrevivemos. Os árabes de sete países tentaram em 1948/49. Tentaram através do Fedayen desde 1950 até 1967. O Egito tentou em 1956, quatro países árabes tentaram em 1967, o Egito de novo em 1973. E os “palestinos” desde Arafat. Nenhum deles conseguiu seu intento.

Depois de 2.000 longos anos dispersos pelo mundo, os judeus voltaram à sua pátria. Aqui criaram universidades, centros tecnológicos, hospitais de ponta, agricultura avançada, indústrias aeronáuticas, de remédios, computação, irrigação, energia solar. Infelizmente, também foi preciso criar indústrias bélicas de altíssima qualidade para defender a população de exterminadores que você apoia.

Durante 2.600 anos, gente muito mais poderosa que você e seu partideco vêm tentando conseguir o que você advoga. Não será alguém inexpressivo como você ou um grupo sem qualquer importância (como seu partido) que conseguirão.

Para terminar, quero que você saiba que sou guia de turismo em Israel. Venha para cá. Eu te ofereço gratuitamente um tour por este maravilhoso país, ao final do qual você verá que sua posição é totalmente errada e que a paz é a única possibilidade. Atentados e guerras causarão mortes, destruição e ódio, mas jamais conseguirão criar algum país do rio ao mar.

Foto: Captura de tela