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Assinado cessar-fogo com o Líbano. Agora, Hamas

Por David S. Moran

Após 418 dias de guerra, finalmente os governos libanês e israelense assinaram acordo de cessar-fogo, intermediado pelos Estados Unidos. O acordo entrou em vigor na quarta-feira (27/11), às 4:00h da madrugada.

 

Estes são s itens do acordo:

Hezbollah e todas as organizações militares no Líbano não farão nenhuma atividade militar contra Israel.

Israel, em contrapartida, também não realizara atividades militares contra o Líbano.

Israel e o Líbano reconhecem a importância da resolução 1701 da ONU.

Estes compromissos não negam o direito de Israel e o Líbano à defesa própria.

As forças de segurança do Líbano são os únicos com direito a usar armas no sul do país.

Toda venda e fabricação de material bélico será sob supervisão do exército libanês.

Serão desmanteladas as instalações envolvidas na fabricação de armas no Líbano.

Tem que desmontar todos os postos militares e de armamento do Hezbollah.

Será constituída comissão aceita por Israel e Líbano que supervisionara o cessar-fogo.

O exército e forças de segurança libanesas estarão junto à fronteira com Israel.

O exército israelense retirará suas tropas do Líbano em 60 dias.

Os EUA incentivarão Israel e o Líbano a traçar a fronteira terrestre aceita por ambos.

Junto ao acordo, há uma carta de garantias americanas para a preservação do acordo que diz: cooperação entre os serviços de Inteligência dos dois países; os EUA poderão passar ao governo libanês informações dadas por Israel sobre violações do acordo; EUA cooperará com Israel para barrar as ações do Irã no Líbano.

O acordo foi costurado pelo enviado especial dos EUA, Amos Hochstein, que não perdeu a esperança e a fé fazendo várias viagens ao Oriente Médio até conseguir o efeito desejado. No lado libanês esteve o líder do partido Amal e líder do Parlamento, Nabia Berri, xiita, que se aliou o Hezbollah, apesar de ser mais moderado e depois o abandonou. A organização terrorista Hezbollah se rendeu por três motivos: Israel conseguiu cortar o fornecimento de material bélico da Síria, atacando comboios com aviões. As Forças de Defesa de Israel (FDI ou Tsahal) conseguiram destruir a maioria do arsenal no bairro de Dahiya e pelo sofrimento dos xiitas, entre os quais 1,25 milhão fugiu de suas casas, tornando-se refugiados no país. Há que levar em conta que o inverno chegou a Israel e vizinhança. Esta semana já nevou no Monte Hermon e as chuvas também chegaram, o que dificulta a vida de civis e militares.

Israel não tem muita confiança nas forças de segurança e exército libanês e nem nas forças da UNIFIL, que já demonstraram serem impotentes e até colaboracionistas do Hezbollah. A carta de entendimento e garantias dos Estados Unidos é da maior importância. Não há dúvidas de que Israel destruiu a maior parte do poderio militar do Hezbollah e até do seu líder, Hassan Nasrallah. Se vivesse, Nasrallah poderia repetir o que disse em 2006, que se soubesse que esta seria a reação de Israel, não abriria fogo. Com o acordo, Israel desligou a conexão entre as duas organizações terroristas, Hezbollah e Hamas. Também diminui a intenção de impor sanções em fóruns internacionais. Além disso, diminuirá as tropas, principalmente dar folga aos reservistas que servem mais de 200 dias e agora concentrar-se em chegar a um acordo com o Hamas na libertação dos 101 reféns, entre vivos e mortos.

Quem está insatisfeito com o acordo são as dezenas de milhares de habitantes do norte do país que não querem voltar aos seus lares (muitos destruídos e ou danificados) por temor de que pode acontecer um novo 7 de outubro no Norte. Mesmo com o cessar-fogo, logo cedo de manhã, o Tsahal teve que atirar no ar para afugentar terroristas do Hezbollah que pretendiam voltar às aldeias próximas da fronteira com Israel. (que é proibido pelo acordo).

Em terroristas, já se sabe que não dá para confiar. Mesmo durante as negociações, o diretor geral do jornal Al Akbar do Líbano, ligado ao Hezbollah, Ibrahim al Amin, publicou na quarta-feira (20/11) artigo criticando violentamente os libaneses que se opõem ao Hezbollah. Eles não estariam agindo por interesses do Líbano e sim por aspirações dos EUA, Europa e países do Golfo (Pérsico), alegou. Continuando, escreveu que “o cessar-fogo não significa o fim da “resistência”. A atual guerra do Hezbollah é só mais uma rodada na guerra contra Israel, a quem temos que exterminar”. E é com esta gente que Israel tem que lidar. Lançadores de mísseis do Hezbollah são colocados em áreas habitadas e, quando são atacados e destruídos, correm chorar na ONU e outras organizações que Israel ataca civis. Aliás, nota-se que do Líbano não há detalhes de quantos civis foram mortos, comparando com os números exagerados e inventados de Gaza.

A aviação israelense conseguiu neutralizar o poderio militar do Hezbollah. Os aviões continuarão sobrevoando o Líbano por fins de Inteligência e dados sobre o Hezbollah.

Agora, que um front entrará, assim esperamos, em cessar-fogo, o governo com as Forças de Defesa de Israel podem dar mais atenção ao Hamas, que era menor do que que o Hezbollah e tem em seu poder 101 reféns, sofrendo todas as privações, como falta de alimentos, tratamento de saúde, estupros e que estão em túneis sem sol há 418 dias. A ONU condenou esta conduta? Talvez o Tribunal Penal Internacional? Não. Não dá para uma pessoa consciente e normal pensar o que passa um(a) refém tanto tempo nestas condições e sem poder se comunicar com ninguém. Parece que o governo israelense também não deu a devida atenção a esta tragédia. Talvez agora o foco esteja mais centrado nisso e se poderá chegar a um acordo para libertar os sequestrados para Gaza, o retorno dos que saíram de suas casas e completar a transação dos prisioneiros.

“Nós concordamos com o cessar-fogo no Líbano e esperamos que isto abra a possibilidade de terminar a agressão contra o nosso povo”. Pelo visto, há vozes no Hamas que já falam em entrar em acordo com Israel. Um dos líderes, Abu Zahiri, falou ao jornal Shark al Awsat, “estamos determinados a parar a violência contra o nosso povo”. Evidentemente ele ignora propositadamente que quem iniciou esta guerra foi o Hamas, na sua selvagem invasão do Estado de Israel para assassinar 1.200 pessoas. Continua que “estamos dispostos a cessar-fogo se Israel retirar suas tropas de Gaza”.

O expert em assuntos do Oriente Médio, prof. Amatzia Baram, diz que o Hezbollah não vai admitir, mas perdeu esta guerra. As ações do Tsahal criaram uma realidade complexa. Os xiitas estão sob pressão de dentro e fora do Líbano. Já há muitas vozes, inclusive xiitas que se opõem ao Hezbollah, que lhes trouxe esta tragédia. Cerca de 1,25 milhão de libaneses, da Dahiya e do sul do país, a maioria xiita tornou-se refugiados e buscam lugar no Líbano e até mesmo na Síria. Os drusos, cristãos e os sunitas não os recebem, pois veem nos xiitas os responsáveis pela guerra, que fizeram para ajudar Gaza e não o Líbano. O aluguel, especialmente em Beirute subiu mais de duas vezes. Quanto mais o Tsahal pressionava o Hezbollah, a moral desta organização em segurar seus homens na luta foi enfraquecendo. O partido O Patriota Livre, cristão-maronita, aliado do Hezbollah na coalizão, saiu desta aliança. Seu líder Jubran Bassil, que tem 17 membros no Parlamento, de 128, não mais apoia o Hezbollah. Os cristãos e os drusos se opõem ao Hezbollah. Israel conseguiu desestabilizar a base do apoio social do Hezbollah. O Irã também está sob pressão pela eleição de Trump.

Foto: Captura de tela (FDI). Forças das FDI no sul do Líbano, trabalhando e impedindo qualquer violação do acordo de cessar-fogo.

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