As meninas
Por Vivian Schlesinger
Vivian Schlesinger é bióloga e escritora. Veio a Israel visitar a filha, genro e netos, e também fazer trabalho voluntário para apoiar Israel. Sempre que vem a Israel, escreve crônicas do que vê no dia a dia. Impressões pessoais, sem qualquer pretensão de documentar os fatos…
Leia, também, os dois primeiros texto da série: Avós voluntários e Emily voltou.
Levante a mão quem sabe onde fica o Daguestão. Não sabem? Nem eu sabia, até ontem. Não podemos mais rir dos americanos por não saberem geografia, estamos no mesmo barco furado. Daguestão fica ao sul da Rússia, muito próximo à cultura persa, separado do Irã apenas pelo Azerbaijão. Alex, nosso novo supervisor na fábrica de sacos plásticos, é do Daguestão. Loiro, alto, poucas palavras. Domina várias máquinas, processos, montagens, embalagens. Caminha entre uma máquina e outra como um cowboy entre cavalos: afaga brevemente seus flancos sem se deter, guiado por seus apitos e sopros. Ao deparar-se com uma bobina defeituosa que iria descartar, aceita a contragosto a sugestão do engenheiro para substituir uma peça e evitar a perda do material. A contrariedade é passageira, concentra-se sobre o próximo passo. Mostra-nos como proceder com os sacos plásticos que saem rápido da máquina, eu devo alisá-los para tirar bolhas de ar enquanto Claudio dobra e empacota. Entre um engenheiro e uma bióloga provavelmente daríamos conta, mas Alex não consegue se afastar. A cada três ou quatro pacotes, dá um “descanso” ao Claudio e faz o serviço ele mesmo. Estamos em três fazendo o serviço de um. Se eles estão felizes, nós estamos felizes.
Após uma hora, Alex decreta intervalo. Nós dois, calouros, declinamos – nem começamos a nos cansar. Ele insiste, hora de fumar. Mas não fumamos… (quem perguntou?) A sala do café, um espaço sem janelas e sem espaço é também a sala do fumante. Sem perder o charme de saloon, obriga-nos a tomar café instantâneo. Para meu paladar, um Nespresso nível 15. Olho em volta, a probabilidade de encontrar adoçante ali é menor do que encontrar um pinguim. Açúcar? Sim, Alex, obrigada! Sentamo-nos ao redor de uma mesa cansada de guerra. Alex me oferece a melhor cadeira (a única com 4 pernas completas). Cowboy e gentil. Agora vem o cigarro. Meus pulmões ficam encantados. Não poderia imaginar que ainda existe fumar em ambiente fechado. Por sorte usei a bombinha de asma preventivamente antes de sair do hotel. Ou.
Alex tem forte sotaque russo no hebraico, por isso perguntei-lhe de onde é. De Sderot! Como se não houvesse outra possibilidade. Perante minha surpresa, explicou, impaciente, ah, vim do Daguestão, em 1992, aos 8 anos. E sempre viveu em Sderot? Morei um tempo em Kfar Saba, com minha namorada. Ah, Kfar Saba conhecemos bem, minha filha morou lá por anos. Eu pergunto. Ele responde, olhando para o Claudio. Pergunta de onde somos, e ao ouvir a palavra mágica – Brasil – anima-se: rollesgracie! Say what? Claudio e eu nos entreolhamos, isso é russo?
Hebraico? Ele repete separando as sílabas, rolles-gra-cie! Uma palavra me soa familiar, gracie. Tenho uma epifania (não subestime o valor da epifania para um surdo): Gracie, jiu-jitsu?, pergunto. Ele abre um enorme sorriso (para o Claudio, porque obviamente isso não é conversa de mulher) e desfia um relato multimídia (voz e mãos) sobre as várias vitórias de um Rose Gracie. Eu ouvia “Rose”, pensava que fosse uma mulher e que Alex estava trocando os pronomes (Dr. Google explica: “Rose” é “Rolles” Gracie, um homem). O fato de não sabermos nada sobre os Gracie foi um incentivo: em uma mistura de hebraico, inglês e russo, durante dois longos cigarros aprendemos tudo sobre os golpes, idades, estilos do que certamente para ele é a família mais importante do Brasil.
Dois intervalos mais tarde (e outros tantos cafés e cigarros), soubemos que o horário de trabalho é das 6 da manhã às 6 da noite. O salário mínimo é de cerca de R$ 45,00 por hora. Trabalhar 12 horas por dia somaria pouco mais de R$ 10.000,00 ao fim do mês. Saúde e educação, aqui, são 100% públicos. Comida é mais cara do que no Brasil; moradia, depende. Não sobra muito. Mas a economia é tão pujante, nas cidades e estradas os guindastes, esguios, altíssimos, iluminados feito dinossauros fluorescentes, tão numerosos; constrói-se, reforma-se, informatiza-se tanto, em todo lugar, que a sensação é de otimismo. Alex vive em Sderot, ao lado de Gaza, apesar de todos os riscos, e sonha em mudar para Kfar Saba, mais ao centro do país, mais longe das fronteiras, mais bonita também. Ele tem um futuro pelo qual trabalhar das 6 às 6. Nietzsche nunca entenderia Alex.
Mas precisamos falar das meninas.
E por falar em futuro. Ein lanu eretz acheret (não temos outro país), era o lema dos manifestantes que até 7 de outubro, protestavam, intensos, pacíficos e organizados, metade a favor e metade contra a reforma judicial proposta por Netanyahu. No dia 7 de outubro, poucas horas após o início do massacre perpetrado pelo Hamas, as metades desapareceram. Em seu lugar, um só coração. O lema agora é Be iachad nenatzeach (juntos venceremos). Está em todo lugar: nas fachadas dos arranha-céus, nos para-brisas dos carros, nos comerciais de margarina, de seguro contra acidentes, celular, cílios postiços. Juntos venceremos. O israelense não tem outro país. Estou começando a ter dúvida se algum judeu tem. Ontem, por exemplo, mais um judeu francês foi assassinado em Paris por um amigo de infância, muçulmano, pelo crime de ser judeu. O amigo, informado pela mídia dos últimos meses, decidiu que sua missão era matar judeus, a começar por aquele mais próximo. Assassinatos como esse acontecem na França há anos, mas desde outubro, quase diariamente. Em Arraial d’Ajuda uma mulher entra em uma loja, destrói objetos e agride a dona pelo crime de ser judia. Na Etiópia, Lula, após estudar, refletir e se aconselhar com as melhores cabeças do Brasil como sempre faz, conclui que as ações de Israel nessa guerra são comparáveis às de Hitler. Que futuro Lula desenha para os judeus brasileiros?
Por ora, estamos no presente. Hoje, em uma fábrica de peças plásticas usadas em máquinas da agropecuária. Julie tirou um dia de folga para nos acompanhar, então somos três voluntários. Recepção triplamente calorosa. Fomos instalados em uma sala onde já estavam trabalhando 8 moças, a maioria bem mais jovem do que nós. Cada uma sentada à sua bancada, montando ou embalando kits de peças coloridas. Ao Claudio disseram para trabalhar em uma máquina simples, encaixando tubo azul no tubo preto (ou era o contrário?) com um gesto rápido de alavanca. Em poucos minutos ele dominou o processo e otimizou a linha de montagem. Antes do almoço já havia encaixado mais de 1000 duplas. Nossas companheiras de sala logo se apresentam: à minha direita, Yelena, Irina e Anna; à minha esquerda, Maria, Marina e Marita.
Mais atrás, Mashka e Maryusia. Acho que Claudio nem chegou a perceber que eram nomes diferentes.
Julie montava kits e embalava. Quando souberam que ela é médica aproveitaram para fazer consultas ali mesmo, de suas bancadas ao outro lado da sala onde Julie trabalhava em pé. Quantas injeções de cortisona posso tomar para dor nas pernas? Fisioterapia ajuda mesmo, ou é só enrolação? E essa manchinha, aqui no meu pescoço, olha, o que você acha, preciso me preocupar? Por sorte não ficaram à vontade demais. Pudor não é um atributo israelense. Enquanto isso, conforme me explicaram: com um gesto quase obsceno, lubrificava a parte interna de uma pecinha de borracha preta, da forma de um mamilo. Inseria os lubrificados em um saquinho plástico previamente etiquetado com código de barras e tentava adivinhar para que serviam. Claudio me disse que seguramente eram para irrigação, agricultura. Para mim, são mamilos.
Minha atenção se voltava a cada momento às conversas em russo salpicado de hebraico.
Russas, sim, mas de onde?, pergunto a elas. Cazaquistão, Uzbequistão, Geórgia… São muitas Rússias. Sempre surpresas pela minha curiosidade em saber de onde, exatamente, vieram, uma delas responde, Ptrpvlvskmtchaka. Assim. Na lata. Quem mandou perguntar? Anoto discretamente no celular as muitas consoantes e raras vogais que consegui distinguir – lição de casa. Com um sorriso compreensivo, ela aponta o lado esquerdo do teto, lá, lá, perto do Japão, panymaiesh (entende)? Ah! Costa leste da Rússia! À noite, no hotel, caço as outras letras no Google: Petropavlovsk-Kamtchaka, cidade à beira do Pacífico cercada por vulcões tão altos que não há um ponto na cidade de onde se aviste o horizonte. Um tanto claustrofóbico. Mas não foi por isso que emigraram. Foi pelo velho e insidioso antissemitismo. Agora rejuvenescido. A cidade é geograficamente mais próxima a San Francisco e seus bondes do que a Moscou e os chazinhos de Putin. Não gosta dos chazinhos? Melhor sair, pé ante pé, a não ser que tenha a coragem de Navalny.
Ainda precisamos falar das meninas.
Minhas colegas de trabalho estão perfeitamente adaptadas à vida em Israel, a supor pela tranquilidade nas chamadas de vídeo com as filhas e netas. Enquanto trabalham, os celulares não param. Falam russo, as filhas respondem em hebraico, como na casa de qualquer imigrante. Elas, a geração que veio, ainda tem um pé lá; a nova já tem ambos aqui, não quer saber de lá. A próxima geração sim, vai querer saber tudo sobre suas origens. Chapeuzinho Vermelho, não sua mãe, visita a vovó na floresta para ouvir as histórias da família.
Tenho me espantado com a frequência em que as pessoas chamam umas às outras pelo celular a qualquer horário, seja em casa, na rua, ou em cima de uma bike. Mundos líquidos.
Começamos a nos dar conta disso, Claudio e eu, há alguns anos, com nossos netos israelenses. Mas achamos que era o preço da independência: os pais não podem estar perto fisicamente, então se falam em videochamadas muitas vezes por dia. Mas agora vejo que não se restringe a crianças, nem a Israel, é universal. Mais desafiador é manter-se em contato sem perder a autonomia. Daniela, minha neta de 11 anos, sabe o que quer, quando quer, e como conseguir o que quer sem causar marola. Só um pouquinho, às vezes. Hoje queria fazer cookies e enfeitar com glacê. Entre discussões com o pai, a mãe, e até o avô para definir quem vai misturar, quem vai preparar o glacê, quem vai limpar a sujeira, Daniela conseguiu exatamente o que queria: uma bela fornada de cookies muito gostosos no formato de estrelinhas e círculos, vários tamanhos. Só o glacê não funcionou. Com tantos adultos tentando salvar o glacê, Daniela se safou da limpeza. Danadinha. Mas quem pode brigar com esse rostinho? Ainda mais com o biscoitinho ficando muito bom – e ela nunca havia feito!
Algumas coisas independem de geração ou geografia. A mãe judia, por exemplo. Nossas amigas não param de nos oferecer bolo, sanduíches, café, chá. Quer um pedaço? O bolo está ótimo! Não, obrigado, acabamos de tomar café da manhã (quase verdade). Certeza? É muito bom, veja! Não, obrigada, mesmo, estamos… e antes de eu terminar a frase, surge, entre eu e os mamilos de borracha, um pratinho com uma generosa fatia de bolo. E chá, você quer? Não, eu… Mas é chá verde, russo, tome… Não, muito obrigada (desastrada como sou, nada impossível entornar o chá sobre os mamilos lubrificados). Bobagem, lá está um copo térmico com chá russo. Ótimo, aliás. Dali a pouco passa por nós outra moça e deposita em nossas bancadas balas russas de limão, morango, menta. Iguaizinhas às nossas balas brasileiras, mas o cirílico na embalagem empresta um certo mistério.
Quando não estão conversando, estão ouvindo notícias – em russo. Aqui há vários canais de TV russos, tanto em TV aberta quanto a cabo, e suponho que haja ainda mais estações de rádio. Então escutamos notícias também. Um “Netanyahu” aqui, outro “hatufim” (sequestrados) ali, e já sabemos do que falam. Sobre a bancada, o trabalho: o presente, para que haja um futuro. No rádio, os vários futuros possíveis. No coração, um intenso desejo de paz e a profunda consciência do seu custo. Si vis pacem, para bellum: se desejas a paz, prepara-te para a guerra.
E ainda precisamos falar das meninas.
Entre uma boquinha e outra, chega a hora do almoço. Convidam-nos a subir ao refeitório, onde a refeição que escolhemos logo que chegamos já está esperando por nós. A comida é encomendada a um restaurante caseiro ali próximo. Não tenho certeza quais eram as opções, porque ao ouvir schnitzel, eu já disse sim. Zero espírito de aventura. Sem luxo, porções muito generosas, a conversa super animada – entre elas, em russo, claro. Não interrompemos, é evidente que têm muito para contar umas às outras. Claudio me diz, ela está contando do sobrinho, que ia a um casamento mas não foi… Me espanto: desde quando você sabe russo? Não sei russo, é ficção. A atmosfera é propícia. Estamos cercados de nomes de personagens de Tolstoy, Babel, Solzhenitsyn. De vez em quando ainda entra um Grisha procurando uma ferramenta, ou Dmitri, com uma pergunta para Maryusia, ou um Ivan, para dizer algo que não entendi, mas que faz todas sorrirem. Sorrio também. Quem resiste? Para o almoço, cada uma trouxe algo para compartilhar: uns tomates, uma salada x, uma garrafa de vinho. Oferecem, insistem, respondo – enfática, dessa vez – não posso tomar álcool, obrigada. Mas isso não é álcool, é vinho!
Todas trabalham 12 horas por dia. As idades variam entre quarenta e pouco, já mães e avós, até setenta e pouco. Nos dias em que estivemos lá, não vimos mau humor, não havia clima de guerra. Se soasse o tzeva adom, cor vermelha, teríamos 15 segundos até chegar ao abrigo. Ou. Nenhuma vez se falou a palavra guerra sem que a palavra paz viesse em seguida. Mas não nos enganemos: são duas guerras, uma para trazer de volta todos os reféns, vivos ou mortos, ou mortos vivos, #bringthemhomenow!, e outra para mudar o paradigma Hamas ataca/Israel se defende/o mundo grita resposta desproporcional/Israel recua/Hamas ataca… O novo paradigma termina no grito do mundo. Pode gritar. O pedigree nazista do Hamas e Hizbollah casa como uma luva com a mão quase nuclear do Irã. Recuar agora é exatamente o que Chamberlain fez em 1938 com Hitler, e todos sabemos como isso acabou.
Logo depois do almoço no nosso último dia naquela fábrica, entra Lolla, nossa supervisora, e entrega o celular ao Claudio, uma ligação para você. Ele hesita, mas pega o celular. Sabe que virá um enorme desafio: uma conversa ao telefone em hebraico. Quando começa a agradecer duas, três vezes, e dizer que foi uma alegria para nós, não, obrigado, não é necessário reembolsarem nossa gasolina, entendo que é Lev (diretamente de Anna Karenina!), o diretor da empresa a quem tínhamos conhecido no primeiro dia. Claudio se emociona mas o hebraico flui muito claro. Ao desligar, me conta que de fato era Lev, ele, por sua vez muito emocionado, agradecendo a nossa presença. Tenho certeza que não se trata de quantos kits conseguimos adiantar, ou quantos mamilos (sim, meu lado bióloga estava certo, eram peças para ordenha mecânica) eu pude preparar. Apesar de mediterrâneo, o israelense não demonstra emoção facilmente, uma vantagem evolutiva desenvolvida nos setenta anos de existência do país. Também não é afeito a convenções de etiqueta nem formalidades. Se Lev se deu ao trabalho de nos telefonar é porque realmente quis. De nossa parte, sentimos que quem dá de si sempre sai com mais do que quando entrou. Não tem sido nenhum sacrifício, não estamos no fogo cruzado, só depositamos uma gota no oceano da força desse país para que possamos nos sentir fortes no nosso.
Mas ainda não falamos das meninas. É agora, ou será tarde demais. Calculo que sejam mais de 20 meninas entre os 230 sequestrados, que ainda estão nas garras do demônio. Não é mais segredo, se é que foi, de que forma são torturadas, todos os dias, há 141 dias infernais, várias vezes por dia. Só por milagre alguma delas pode não ter engravidado. Não as conheço, mas penso nelas há 141 dias, então sim, as conheço. Elas habitam meus pesadelos. Não consigo evitar pensar: como posso enviar algum consolo? Grávidas, sozinhas, ameaçadas a ponta de faca pela pior forma de podridão humana. O que será delas? Se estão vivas, vão receber ajuda médica para dar à luz? Esses demônios vão libertá-las? Se forem libertadas, o que será desses filhos concebidos no inferno? Kaa teria a resposta. Em 2014, quando 276 meninas foram raptadas pelo Boko Haram na Nigéria, lindinha Michelle Obama, “ultrajada e de coração partido,” manifestou-se: vejo nessas meninas minhas próprias filhas! Nas meninas raptadas no 7 de outubro Michelle Obama não viu nada, nem suas filhas, nem filhas de ninguém. Nem mesmo as viu. Mas eu sim as vejo. Nada posso fazer fora enxergá-las, sentir sua dor. Talvez a dor partilhada seja menor. Quem sabe o efeito borboleta tenha força para trazê-las de volta para casa. Vejo nessas meninas as filhas de todos nós.
Texto fluido com gostinho de quero mais! Kol Hakavod para Vivian Shlesinger tanto pela maravilhosa crônica como pelo trabalho voluntário ❤️!
Querida Viviam, estou viciando nas suas crônicas. Tem ,sim, uma forma de ajudar as meninas: fazer por elas, ou pelo menos por 1 delas, falando o nome dela e da mãe dela em voz alta ( Plonit bat .. ) uma mitzva.
As mitzvot têm o poder de criar vibraçoes positivas, podem viajar mesmo no subterrâneo, e dar um grau de proteção para nossas meninas. Um salmo, uma vela de Shabat , qualquer coisa que fale ao seu coração.
Vivian, suas cronicas sao a realidade colocada em palavras de forma fluida e perfeita! Vivemos com voces esses mentos!