Aos 72 anos, Israel mostra sua força
Por Deborah Srour Politis
Através da história, sempre nos perguntamos, ou nos perguntam, o que são os judeus? Uma raça, uma religião, um povo, o quê?
A melhor resposta é que somos um povo. Especialmente porque os que nos fizeram e nos fazem sofrer, nos fizeram um povo. A dor nos uniu e esta união nos fez, de repente, descobrir nossa força. Não que o povo judeu seja homogêneo ou partilhe de uma mesma opinião. Estamos longe disso.
É muito fácil ver o que acontece em Israel. Nos seus 72 anos – que comemoramos esta semana, ela teve que lidar com muita divisão interna. Religiosos e seculares, socialistas e capitalistas, de direita e de esquerda, Ashkenazi e Sefaradi. Há uma piada que diz que se os árabes deixassem os israelenses em paz, Israel não duraria um minuto.
Mas Israel mostrou que em face de seus inimigos, o país tem uma capacidade imediata de reunir seus recursos humanos para enfrentar a ameaça. Não tem sido fácil ou indolor ou sem um incomensurável sacrifício, mas funcionou. Quando a aflição bate, o povo de Israel descobre reservas de grande força para sobreviver e perseverar.
Mas e se o inimigo não for algum exército estrangeiro ou um terrorista? Se for um vírus que pode infectar dezenas com um simples espirro? E se Israel não for o único alvo deste inimigo? Se o alvo for o mundo inteiro? Como Israel reagiria?
No meio do maior desafio que o mundo enfrentou desde a Segunda Guerra Mundial, a resposta é: reage muito bem!
Não que Israel tenha sido perfeita. Muitas decisões sobre compra de material e equipamento poderiam ter sido tomadas com mais rapidez. Um governo de emergência, por exemplo, deveria ter sido formado muito antes para coordenar a resposta à pandemia. Mas qualquer cidadão de Israel não trocaria seu lugar com alguém de Roma, Londres, Paris, e certamente não com alguém da capital da civilização ocidental, Nova Iorque.
A situação em Nova Iorque continua a ser desastrosa apesar do governador do Estado Mario Cuomo já estar anunciando estratégias para reabrir o comércio. Temos mais de 318 mil casos e 24 mil mortes somente no Estado, entre elas um número altíssimo nas comunidades judaicas.
Israel por seu lado tem conduzido mais testes por milhão de pessoas do que qualquer dos 35 países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico com uma população comparável e está em oitavo lugar no menor numero de mortes com apenas 230. Só comparando, o Brasil, que teve seu primeiro caso confirmado quatro dias depois de Israel, teve até hoje 6.761 mortes.
Isto é importante não para encher o peito dos políticos para se gabarem que estão fazendo um trabalho melhor do que muitos países maiores e economicamente mais fortes. Estes números são importantes para mostrar que apesar de todas as dificuldades em lidar com este vírus, Israel tem tomado as decisões certas. E há razões para isto.
Os hospitais no país podem não ser novos ou seu equipamento pode não ser de último modelo, mas os profissionais da área médica que aconselham o governo estão entre os melhores do mundo.
Outra razão é que o país – nascido e criado no calor de batalhas e guerras, não sente estranheza frente à uma crise ou adversidade. Não é a primeira vez que o dia-a-dia do israelense teve que ser radicalmente mudado por causa de forças fora do seu controle. Os indisciplinados israelenses mostram uma surpreendente disciplina em tempos de emergência e isto foi verdade também desta vez.
Trinta anos atrás foi Saddam Hussein, hoje é um vírus nanoscópico, e no meio tempo Israel enfrentou a primeira e a segunda intifadas, a Guerra do Líbano, e três guerras com Gaza. A experiência de ter passado por grandes crises dá à população a capacidade de suportá-las hoje, a confiança de saber que esta crise também vai passar e ser superada por todos juntos, como nação.
Na vizinhança que se encontra o Estado Judeu, é muito importante estrategicamente projetar força e que o país tem como combater qualquer ameaça.
A mensagem que Israel conseguiu mandar para seus inimigos durante esta crise foi muito importante: que Israel não irá desaparecer, não com guerra e não com um vírus. Israel é forte e muito capaz de varar todos os tipos de tempestade. Ela é forte não só militarmente, não só tecnologicamente, não só economicamente, mas também em sua capacidade de lidar com uma ameaça inusitada, fora do comum, como esta.
Muitos não vão lembrar, mas em 2000, Hassan Nasrallah, o líder da Hezbollah em seu famoso discurso para comemorar a saída de Israel do sul do Líbano, disse que o Estado judeu, “que tem armas nucleares e os melhores jatos da região, é mais fraco do que uma teia de aranha. Se assoprar na teia o suficiente, ela desaparece.”
A maneira pela qual Israel e os israelenses vêm se comportando durante esta crise é ainda mais prova de que o que Nasrallah diz é uma grande besteira. Ainda mais pelo fato dela ter surgido na onda de uma terceira eleição em 11 meses e muita desunião interna em Israel. Mas mesmo assim, o país se uniu, demonstrando uma solidariedade impressionante.
O septuagésimo segundo ano de Israel foi o ano de seu povo, quando ele provou ser melhor do que os políticos e líderes. Os políticos que dividiram a população sem dó, e foram negligentes com a necessidade mais básica de um país: dar aos governados um governo estável.
Mas mesmo assim, o povo foi à frente nesta batalha.
Está sendo um ano de desafios, mas um ano que mostrou que o Estado Judeu pode vencer e prosperar em face de todo o tipo de adversidade – vindos de dentro, de fora de suas fronteiras, da mãe natureza e de laboratórios chineses.
Foto: Wikipedia (Escultura em Ashdod, criação de Baruch Wind. Sansão, em memória dos herois do Holocausto e das guerras de Israel).