Ano letivo começa e, com ele, a praga dos piolhos
Um estudo realizado em 2017 mostrou que 7% das crianças entre 3 e 11 anos sofrem infestação de piolhos, todos os anos, nos Estados Unidos. Em Israel, esse número era de 15%.
Atualmente em Israel, 10% a 15% de todas as crianças entre os quatro e os 13 anos estarão ativamente infestadas com piolhos em algum momento. Outros 10% a 15% das crianças apresentam lêndeas (ovos mortos ou cascas de ovos vazias) nos cabelos, mostrando que estiveram infestadas nos oito meses anteriores.
Estudos epidemiológicos realizados em Israel mostraram que a taxa de infestação é duas a 10 vezes maior nas meninas, provavelmente porque cabelos mais longos promovem a transmissão de piolhos mais rapidamente do que cabelos curtos.
Na década de 80, um dia na semana, um funcionário da escola examinava as crianças para ver se tinha piolho. Hoje não existe tal procedimento em Israel, e esta é provavelmente a razão pela qual Israel é um dos líderes na taxa do fenômeno dos piolhos, como afirma o Dr. Etti Sagi, especialista em dermatologia geral.
“Eu acredito que o principal problema em Israel decorre da falta do tratamento necessário nos ambientes educacionais. Nos EUA, por exemplo, as crianças dos jardins de infância e das escolas são regularmente examinadas por uma enfermeira ou por um dermatologista. Caso uma criança seja encontrada com piolhos, ela é retirada por dois dias para que possa tratar o fenômeno e somente após um exame minucioso, ela poderá retornar à escola. Em Israel, por outro lado, a questão é mais carregada e mais delicada, uma vez que há muitos pais que se opõem ao tratamento”.
Em Israel, não existe tal regra. No máximo, os professores enviarão bilhetes para casa avisando aos pais se uma onda de piolhos estiver acontecendo na sala de aula. Por lei, os professores em Israel estão proibidos de telefonar aos pais ou de dizer às crianças que têm piolhos. A norma na maioria das escolas é que um aviso seja publicado todos os meses, notificando um surto de piolhos e pedindo aos pais que façam um tratamento contra piolhos em seus filhos. Mas ninguém verifica se isso foi feito.
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Irit Livne, Supervisora de Saúde e Educação para a Saúde do Ministério da Educação, afirma que proibir as crianças com piolhos de irem à escola pune-as por algo sobre o qual não têm controle.
“Em Israel, temos a lei da educação universal que garante a educação para todas as crianças. A criança não pode ser culpada por ter piolhos. Você está punindo a criança e não os pais se não permitir que a criança vá à escola”, diz ela. “É responsabilidade dos pais tratar os piolhos dos filhos. Tentamos educar sobre higiene pessoal e limpeza, mas estamos proibidos de ofender ou insultar alguém”.
“Agora, se uma professora de educação infantil vê que uma criança está com piolho, o máximo que ela pode fazer é escrever um e-mail geral ou WhatsApp. Há alguns pais que estão muito atentos para tratar os piolhos, e outros que deixam os seus filhos andarem com piolhos”, diz Keren Friedman, proprietária de um salão de tratamento de piolhos, o Wish and Wash em Tel Aviv.
“Minha mãe se lembra de ter sido examinada em busca de piolhos e, se algum fosse encontrado, você era mandado para casa”, disse uma mãe. “Mas com o passar dos anos, eles pararam de verificar. Os pais estavam perdendo dias de trabalho ficando em casa com crianças que tinham piolhos”, diz Keren.
Uma mãe que não quis se identificar contou que quando foi ao jardim de infância reclamar, a professora disse que piolho faz parte desde os tempos bíblicos e já virou folclore.
Segundo artigo da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, as estatísticas por países indicam uma prevalência muito variável: 6,8% na Turquia, 5,8% na Coreia, 21,8% no Egito, 56,7% em Israel.
Os piolhos são comuns em Israel por vários motivos, disse o Prof. Kosta Mumcuoglu, parasitologista da Universidade Hebraica e maior especialista do país em pediculose (infestação por piolhos), sendo o mais importante a existência de muitos pediculicidas ineficazes nas farmácias que, mesmo quando usados de acordo com as instruções, não eliminam toda a população de piolhos na cabeça de uma pessoa infectada.
Mumcuoglu diz que, durante anos, testou a eficácia dos pediculicidas destinados a exterminar os pequenos animais e acaba de publicar um artigo sobre o assunto na Acta Tropica, uma revista internacional sobre doenças infecciosas.
O estudo, publicado sob o título “Infestações por piolhos antes e durante a epidemia de COVID-19 em Israel”, incluiu o Dr. Tomer Hoffman e o Prof. Eli Schwartz do Centro de Medicina Geográfica e Doenças Tropicais do Sheba Medical Center em Tel Hashomer.
A equipe coletou dados da SuperPharm, a maior rede de farmácias de Israel, sobre as vendas de pediculicidas entre 2010 e 2020. Entre 2010 e 2019, as vendas aumentaram de 281.986 para 498.107, um aumento anual de 8%, sendo o maior número em 2019. Em 2020, este número caiu para 294.477, uma diminuição significativa em relação aos anos anteriores.
Segundo Mumcuoglu, “o Ministério da Saúde deve implementar condições rigorosas antes de uma nova formulação ser introduzida no mercado e solicitar a todas as empresas que vendem pediculicidas que apresentem provas de que os seus produtos foram testados in vitro, ex-vivo e/ou in vivo”.
Fonte: Revista Bras.il a partir de The Jerusalem Post e Jewish Report South Africa
Fotos: Canva