Ala haredi exige reabertura de negociações com Likud
Uma ala dentro do partido ultraortodoxo Judaísmo Unido da Torá (UTJ) exigiu a reabertura das negociações com o Likud, dizendo que não concordou com alguns detalhes do acordo de coalizão com a segunda ala do partido, Agudat Yisrael, depois que eles foram divulgados.
A ala não hassídica Degel HaTorah, liderada por Moshe Gafni, tem três legisladores na atual Knesset, enquanto a hassídica Agudat Yisrael tem quatro. Mas como o líder do partido Yitzhak Goldknopf, da Agudat Yisrael, deve se tornar ministro da Habitação e possivelmente renunciar à Knesset usando a chamada Lei Norueguesa, Degel HaTorah poderá em breve ter quatro deputados, o que significa que a coalizão de 64 membros não teria um maioria na Knesset sem ela.
Os três atuais deputados do Degel HaTorah e outro ex-legislador, Yitzchak Pindrus – que poderá retornar à Knesset se Goldknopf renunciar como deputado – escreveram uma carta a Netanyahu observando que, embora a ala tenha tentado negociar como um bloco unificado com Agudat Yisrael, o acordo final deixa de fora questões sobre as quais ainda estava em negociações.
“Nós descobrimos apêndices no acordo assinado, incluindo coisas que nos opomos durante as negociações, até funções que até hoje evitamos participar por ordem de nossos rabinos”, dizia a carta.
A ala expressou oposição ao acordo para conceder a Goldknopf um lugar no gabinete de segurança de tomada de decisão, o que colocaria o partido na posição de potencialmente enviar pessoas para a guerra. O partido evitou por décadas assumir cargos ministeriais para não assumir a responsabilidade pelas ações tomadas pela liderança secular de Israel.
Degel HaTorah também disse que o acordo não aborda suficientemente as isenções do serviço militar obrigatório para estudantes de yeshivá, a crise imobiliária do país e as políticas relativas aos telefones casher – telefones que não possuem recursos de internet, rádio, mensagens e vídeo – usados por haredim.
LEIA TAMBÉM
- 22/12/2022 – Israel tem um novo governo
- 21/12/2022 – Knesset suspende votações até segunda-feira
- 20/12/2022 – Lei da Polícia passa em primeira leitura
Agudat Yisrael e Degel HaTorah concorrem em uma lista conjunta desde 1992, exceto um período em 2004-2006, quando se separaram devido a um desacordo sobre a cooperação com a coalizão, reunindo-se antes da eleição subsequente.
Na preparação para as eleições de novembro, Gafni ameaçou dividir Degel HaTorah e Agudat Yisrael, a menos que certas exigências fossem atendidas.
Netanyahu anunciou, na noite de quarta-feira, que conseguiu formar uma coalizão, apesar da ausência de um acordo de coalizão completo assinado por todas as partes, com várias questões pendentes.
Netanyahu e seu partido Likud prometeram formar rapidamente um governo estável de direita depois que Otzma Yehudit, Sionismo Religioso, Noam e seus parceiros ultraortodoxos Shas e Judaísmo Unido da Torá ganharam 64 assentos na Knesset.
No entanto, as negociações ficaram paralisadas por semanas, enquanto as partes brigavam sobre os papéis ministeriais e as necessidades políticas.
Como parte do acordo de coalizão, Goldknopf deve se tornar ministro da habitação, uma legislação será proposta para permitir eventos públicos segregados por gênero e um painel será formado para revisar os requisitos de elegibilidade para a imigração judaica para Israel.
A UTJ e outros parceiros da coalizão de Netanyahu também propuseram estreitar os padrões de imigração judaica sob a Lei do Retorno, um problema no relacionamento de Israel com os judeus da diáspora.
Os lados também concordaram em apoiar uma legislação de reforma judiciária proposta pelo próximo ministro da Justiça. A direita há muito procura reformar os poderes judiciário e político, tornando o primeiro mais subordinado aos políticos, inclusive por meio do enfraquecimento da Suprema Corte e do aumento da influência dos políticos nas nomeações dos juízes.
O rascunho do acordo mostrou que a UTJ garantiu promessas de legislar mais isenções militares para o estudo religioso em tempo integral e aprovar uma Lei Básica quase constitucional sobre o valor dos estudos da Torá. A UTJ estabeleceu ambos como condições para apoiar o próximo orçamento do estado.
Fonte: The Times of Israel
Fotos: Wikimedia Commons. Yitzhak Goldknopf, Benjamin Netanyahu, Moshe Gafni
Pingback: Deputados sugerem que médicos e hotéis podem recusar gays - Revista Bras.il
Pingback: Confronto entre Polícia e haredim por celular casher - Revista Bras.il