Acordo de normalização com Arábia Saudita paralisado
A Arábia Saudita pretende suspender as negociações de normalização mediadas pelos EUA com Israel, segundo reportagem publicada hoje no jornal saudita Elaph.
Citando funcionários do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o Elaph afirmou que os EUA já informaram Israel sobre a posição saudita.
De acordo com o jornal, a paralisação se deve à falta de disposição do governo de Netanyahu em fazer quaisquer concessões aos palestinos.
O relatório do correspondente israelense do jornal, que tem sede em Londres, destacou a insistência dos ministros de extrema direita Bezalel Smotrich e Itamar Ben-Gvir para que Israel não faça quaisquer concessões aos palestinos, acrescentando que, sem progresso com Ramallah, não poderia haver progresso com Riad.
Segundo a reportagem, Israel acreditava que os sauditas estavam preparados para avançar com a normalização dos laços sem ligá-la ao progresso na questão palestina.
No mês passado, Netanyahu indicou que estava aberto a gestos aos palestinos se um acordo de normalização com a Arábia Saudita dependesse disso, e deu a entender que não permitiria que os membros da coalizão bloqueassem o acordo.
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“Se acho que é viável ter isso e se acho que as questões políticas irão bloquear isso? Duvido”, disse Netanyahu em entrevista à Bloomberg News. “Se houver vontade política, haverá uma forma política de alcançar a normalização e uma paz formal entre Israel e a Arábia Saudita”.
“Acho que há espaço suficiente para discutir possibilidades”, acrescentou.
Os comentários de Netanyahu estavam de acordo com o que o ministro do Exterior, Eli Cohen, disse no dia anterior em uma entrevista ao Elaph.
“A questão palestina não será um obstáculo à paz”, disse Cohen. “Também provamos isso nos Acordos de Abraham. Todos temos interesse em melhorar a vida nas áreas da Autoridade Palestina”.
Mas os parceiros da coalizão de Netanyahu descartaram qualquer compromisso com os palestinos.
“Não faremos quaisquer concessões aos palestinos. É uma ficção”, disse Smotrich, que lidera o partido Sionismo Religioso, à Rádio do Exército no mês passado.
Smotrich disse que embora Israel esteja interessado no acordo mediado pelos EUA com Riad, “não tem nada a ver com a Judeia e Samaria”.
No entanto, nas últimas semanas, os sauditas intensificaram o seu envolvimento com os palestinos.
A Arábia Saudita será co-anfitriã de um evento à margem da Assembleia Geral da ONU, nesta semana, focado na renovação do processo de paz israelense-palestino.
O evento, intitulado “Esforço do Dia da Paz para a Paz no Médio Oriente”, organizado pela Arábia Saudita, juntamente com a Liga Árabe e a União Europeia, em cooperação com o Egito e a Jordânia, acontece nesta segunda-feira. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, será o orador principal.
Nem as missões israelenses nem palestinas foram convidadas para o evento, disse um diplomata da ONU, explicando que o seu objetivo é reunir importantes intervenientes globais sobre a questão, a fim de “revigorar” o processo de paz.
O atual governo de Israel, liderado por Netanyahu, recusou-se a aceitar a ideia de conversações de paz com a Autoridade Palestina, avançando para expandir a presença de Israel na Samaria e Judeia.
A Autoridade Palestina apoia uma solução de dois Estados, mas a sua liderança é prejudicada por acusações de corrupção e o Presidente Mahmoud Abbas foi duramente criticado na semana passada por um discurso que empregou uma série de tropos antissemitas.
Tanto Netanyahu como Abbas estarão na ONU, esta semana.
Há duas semanas, Riad recebeu uma delegação da Autoridade Palestina para discutir como alavancar um acordo de normalização para fazer avançar a causa palestina.
Os líderes sauditas garantiram à delegação que “não abandonarão” a causa palestina, mesmo enquanto discute a normalização dos laços com Israel, segundo o The Times of Israel.
A mensagem foi transmitida em várias reuniões entre a delegação da Autoridade Palestina e autoridades sauditas, incluindo o ministro do Exterior, Faisal bin Farhan.
Uma autoridade árabe explicou que Riad deixou claro a Ramallah que está preparado para abandonar a sua posição pública contra a normalização dos laços com Israel, na ausência de uma solução atualizada de dois Estados para o conflito israelense-palestino.
Fonte: Revista Bras.il a partir de The Times of Israel
Fotos: Wikimedia Commons
