A vida continua sob ameaças
Por David S. Moran
A semana começou com um alívio, já que pudemos assistir aos jogos olímpicos que estão sendo disputados em Paris. Mas, em Israel, somos um pouco masoquistas e não dá para parar de consumir as notícias diárias, já que estamos há 308 dias na Guerra Espadas de Ferro.
Comecemos pelas Olimpíadas. Durante o último fim de semana, Israel obteve 6 medalhas, inclusive uma de ouro, fato que deu muito orgulho e alegria aos israelenses. Tom Reuveny – ouro no windsurf, Sharon Kantor – prata no windsurf, Artium Dolgofiat – prata na ginastica, Raz Hershko e Inbar Lanir – cada uma prata no judô, e Peter Palchik – bronze no judô.
Até a imprensa nos países árabes criticou o insucesso deles mediante as conquistas de Israel. O Elaph da Arábia Saudita estampou: há meio bilhão de árabes no mundo e Israel com menos de 10 milhões de habitantes, estado militar, em guerra há 365 dias já tem seis medalhas. Os países árabes todos tem seis medalhas e 17 deles nenhuma medalha. Estas conquistas de Israel se aplicam também nos ramos da ciência, medicina, engenharia, agricultura, apesar do seu tamanho.
Mas, foi quase ilusão. Antigamente, quando havia Olimpíada, as guerras eram deixadas de lado. Nos dias atuais, não quando se trata de muçulmanos. O Hezbollah continua a lançar diariamente entre 30 e 50 misseis sobre o norte do país. Nos sul, a organização terrorista Hamas de vez em quando levanta a cabeça e continua bombardear áreas próximas a fronteira.
Dentro de Israel, um terrorista palestino atacou, em Holon, idosos que caminhavam, matou dois e feriu outros dois antes de ser morto. O Exército continua agindo, com informações do Serviço de Inteligência em Jenin e em Nablus atacando terroristas, evitando que cheguem ao território israelense.
Enquanto isto, não há progresso nas negociações para libertar os reféns das mãos do Hamas. Agora, já há briga aberta entre Benjamin Netanyahu e os chefes das FDI, da Shabak e do Mossad. Estes alegam que o primeiro-ministro passa a perna no que já concordaram e dificulta chegar a um acordo. Não é segredo que Netanyahu quer trocar o Ministro da Defesa, Yoav Gallant, que é do seu próprio partido e fazer uma “limpeza geral”. Seus oponentes dizem que ele se subjuga aos extremistas como Ben-Gvir e Smotrich, para permanecer no posto de premier. No último fim de semana, Netanyahu conversou com Biden e este, furioso, lhe disse: “não me venha com conversa fiada” (“Don’t bullshit me”, que em inglês é uma expressão feia).
Desde a operação cirúrgica na morte do Chefe do Estado-Maior do Hezbollah, Fuad Shukr, o número 2 desta organização terrorista, assumida por Israel e a do líder do Hamas, Ismail Haniyah em Teerã, não assumida formalmente por Israel, o país entrou em estado de alerta, diante das advertências de Hassan Nasrallah e do Irã de que vão retaliar fortemente. Os EUA, através de outros, advertiu o Irã e até deslocou dois porta-aviões com sua armada à região para ajudar na defesa de Israel. Parece que o Irã entende que se atacar Israel vai ter severas consequências. A liderança iraniana também notou que líderes de países árabes sunitas, não manifestaram seu pesar pela morte de Haniyah. Eles até estão contentes com a ação atribuída a Israel, pois odeiam mais os xiitas do que a Israel.
Devido ao aumento de tensão no Oriente Médio, muitos voos de companhias internacionais foram cancelados. Assim, dezenas de milhares de israelenses que estavam no exterior e queriam voltar para casa, ficaram retidos nos países que visitavam e buscaram voos de companhias israelenses que os trouxessem de volta. Não é fácil, os voos estão lotados. No hemisfério norte, são férias escolares e muitos viajaram com as famílias.
E como se não bastassem os problemas atuais de Israel, os ultraortodoxos entraram em guerra com o Exército. Dos 900 jovens haredim que receberam convocação ao serviço militar, somente 48 se apresentaram. Outras centenas de jovens foram a base de recrutamento para atrapalhar o alistamento e até invadiram a base militar. A policia intercedeu, mas com o Ministro da Segurança Interna (Policia) Ben-Gvir, eles não temem, pois ele está ao seu lado. Ele mesmo não fez serviço militar. Os que protestam gritam; “preferimos ir a prisão a servir o Exército” ou “Morreremos e não alistaremos”. O trágico é que nada se ouviu os deputados haredim, ou mesmo o primeiro-ministro, condenando estas ações violentas, quando Israel está numa guerra e precisa de soldados e no geral igualdade para todos os jovens. Há uma lei de recrutamento que todos tem que seguir, seja leigo ou ultrarreligioso. Aliás os religiosos nacionalistas (como Bnei Akiva) servem e são dos melhores comandantes e soldados.