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A perigosa teia de aranha do Irã

Por Deborah Srour Politis

Esta ingrata guerra que Israel está travando em Gaza, infelizmente nunca trará o reconhecimento internacional pelas medidas sem precedentes tomadas pelo Estado judeu para proteger os civis.

E infelizmente, para nós cada perda civil é uma tragédia, mas para o Hamas é só estratégia. O defunto Ismail Hanyeh não poderia ter deixado mais claro quando ele disse que “precisava do sangue das mulheres, das crianças e dos idosos para acordar o espírito revolucionário”. Só para deixar claro, era o sangue das mulheres, crianças e idosos dos outros palestinos, não dele ou de sua família, sentados no conforto dos hotéis de luxo do Catar.

Pela lei internacional, se um edifício qualquer, e pode ser um hospital, uma escola, um posto de saúde, uma casa, é tomado pelo inimigo como base de operações, este edifício ou construção perde toda imunidade, e se torna um alvo militar legítimo. E é se escondendo em edifícios deste tipo que o Hamas pretende proteger seus terroristas, usando civis como escudo humano.

Isto posto, ontem, sábado, pela manhã, Israel alvejou um centro de comando e controle estabelecido dentro do complexo escolar Al-Taabin. De acordo com a inteligência de Israel, pelo menos 19 terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica foram mortos, incluindo possivelmente, o comandante da Brigada Central do grupo terrorista Jihad Islâmica, Ashraf Juda.

De acordo com o exército israelense, o ataque foi executado usando três armas pequenas e precisas e nenhum dano severo foi causado ao edifício.

Não importa a informação fornecida por Israel, imediatamente choveram condenações do mundo inteiro que novamente, aceitou as declarações do Hamas como verdadeiras. Al Jazeera noticiou a morte de mais de 100 civis, a Reuters de quase 100. A CNN dá o número de 90. O inglês The Guardian, 80, a BBC 70, a ABC fala de muitos mortos. Mas todos citam o Hamas como fonte de sua informação.

Desta vez, Israel foi à frente e mostrou que a escola estava dividida em 3 seções. Uma de mulheres, uma de crianças e a terceira de homens. Israel atacou apenas os quartos do comando onde se encontravam os terroristas, na seção dos homens. E fotos de satélite e vídeos de antes e depois do ataque comprovam que o complexo está intacto, e não há crateras ou danos ao prédio principal.

Na mídia social, os árabes não tiveram qualquer pudor em publicar fotos dos mortos, todos homens, com títulos: “mais de 100 pessoas mortas em sua maioria mulheres e crianças”. Não importa que a foto conte outra estória. É exatamente isso que o mundo procura para culpar Israel.

E isso nos leva à posição americana nesta guerra. A candidata democrata Kamala Harris já deixou claro que ela quer um cessar-fogo a qualquer preço. Ela não se importa que em pouco tempo o Hamas poderá reparar sua infraestrutura e planejar outro 7 de outubro. O que lhe importa agora é ganhar o voto dos árabes nos Estados de Michigan e Minnesota.

E isso é muito preocupante.

A abordagem de Harris à diplomacia internacional tem sido muito inconsistente e contraproducente. Durante uma visita à George Mason University, em 2021, um estudante acusou Israel de conduzir um “genocídio étnico na Palestina”. Em vez de refutar essas alegações infundadas, Harris concordou em ouvir a perspectiva do estudante. Na Conferência de Segurança de Munique, em fevereiro de 2023, Harris defendeu o estabelecimento de um estado palestino sem mesmo mencionar a ameaça contínua de terrorismo de grupos como o Hamas.

Os comentários públicos de Harris às vezes parecem minar a posição de negociação de Israel. Em março deste ano, ela pediu “um cessar-fogo imediato” em Gaza, o que teria sido efetivamente a salvação do Hamas.

A candidatura de Harris reflete uma mudança mais ampla e preocupante dentro do Partido Democrata. A ala progressista do partido, incluindo figuras como Bernie Sanders e membros do “Squad”, tem abraçado cada vez mais a retórica anti-Israel. Sanders comparou o primeiro-ministro israelense Netanyahu aos líderes do Hamas, chamando Netanyahu de “criminoso de guerra” e questionando o apoio americano a Israel. Essa mudança não é apenas retórica. Ela exige por exemplo, o fim da ajuda militar dos EUA a Israel e a adoção de políticas hostis aos interesses israelenses. O alinhamento de Harris com essas figuras levanta sérias preocupações sobre a direção da política externa dos EUA sob sua liderança.

Ela mesma, não tem qualquer experiência em política externa, e nem seu vice Tim Walz, um progressista diplomado, que tornou seu estado de Minnesota num oásis para a mutilação de crianças em cirurgias de trocas de sexo, do aborto até o nono mês, carteiras de motoristas para imigrantes ilegais e outras pérolas.

O problema é que sem uma política externa firme, os EUA estão perdendo apoio internacional, principalmente no Oriente Médio.

Os sentimentos de traição e decepção com a América, começaram com a retirada precipitada do Afeganistão em 2021, que ainda está fresca na memória de alguns que, já começaram a estender um ramo de oliveira para os inimigos dos Estados Unidos, buscando apoio econômico e de segurança.

Este é o caso do Egito, surpreendentemente. Em julho do ano passado, o Egito recebeu uma visita de alto nível do Irã. Na sequência, o regime de Al Sissi, teria dado “luz verde” à existência de dezenas de túneis terroristas que vão do Egito para Gaza, permitindo o contrabando de armas e equipamentos iranianos para o Hamas, em preparação para o ataque de 7 de outubro.

Além disso, a declaração recente do presidente do Egito de que ele não cooperará com uma coalizão liderada pelos EUA contra o Irã, reforça a suposição de que algum tipo de acordo pode ter sido forjado entre Cairo e Teerã, dada a precária situação econômica do Egito.

Embora o Egito seja recipiente do segundo maior pacote de ajuda estrangeira dos Estados Unidos, ele parece não mais confiar na força de seu benfeitor e agora está aberto a escolher o outro lado. Essa transição deve ser um grande motivo de preocupação do Ocidente.

Enquanto Israel espera por uma resposta iraniana ao assassinato de Ismail Hanyeh em Teerã, a maneira pela qual os Estados Unidos demonstrarão sua força em relação aos aiatolás, aos Houthis no Iêmen, às milícias xiitas no Iraque, ao Hamas em Gaza e ao Hezbollah no Líbano será decisiva para seu status na ordem mundial. E, claro, também em relação à Rússia e à China que estão ativamente manobrando nos bastidores.

Pode parecer dramático, mas após 7 de outubro, a represa do radicalismo foi arrebentada. 45 anos atrás, assim que o regime islâmico depôs o Xá, o Irã começou a implementar sua campanha de relações públicas que estamos testemunhando hoje ao redor do mundo – uma campanha que não é somente contra o Estado de Israel e os judeus, mas contra o Ocidente e seus valores e a favor do estabelecimento de um califado islâmico mundial xiita extremo.

Esta campanha compreende passos pequenos, lentos e sistemáticos, na forma de infiltração de todos os sistemas no Ocidente, incluindo sindicatos profissionais, corpos estudantis, universidades, e muito mais.

Uma vez que o Irã consiga estabelecer seu califado islâmico radical em larga escala, isso enfraquecerá os EUA, e eliminará a influência de potências regionais, como Arábia Saudita, Israel, Índia e outras.

O Irã está fazendo tudo isso enquanto coopera temporariamente com qualquer parceiro potencial que sirva a seu objetivo e lhe deixe fincar um pé estratégico incluindo a Rússia, a China, a Coreia do Norte, bem como grandes partes do Iraque, Síria, Líbano, Iêmen e ainda a Venezuela, a Tríplice Fronteira do Brasil e outros países. É imperativo que abramos os olhos, se quisermos manter nossas liberdades democráticas e não sermos pegos na perigosa teia de aranha do Irã.

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