A paz é boa para árabes e israelenses
Por David S. Moran
Nesta terça-feira (15) aconteceu na Casa Branca mais um grande evento histórico. Com a intermediação americana, o Primeiro Ministro do Estado de Israel Benjamin Netanyahu assinou com o Ministro do Exterior dos Emirados Árabes Unidos, Abdalla Ben Zaid, um acordo de normalização nas relações entre estas nações e com o Ministro do Exterior de Bahrein, Abed al Latif al Zaiani, declaração de paz entre estes dois países. Tudo sob a observação do Presidente americano, Donald Trump.
A cerimônia foi festiva e dela participaram mais de 700 convidados. Sem dúvida este ato é uma demonstração de interesses comuns (e quando não o é?). Mas o que falta saber é o que não foi publicado do acordo. Das partes sigilosas, sabemos que Israel deu luz verde para os EUA venderem caças supermodernos, F35 para os Emirados (as asas provavelmente serão fornecidas por Israel). Por outro lado, como declarou o Mininstro do Exterior dos EAU, “parabenizamos o Netanyahu por optar pela paz e não anexar territórios”. Isto é um golpe ao governo de direita, do qual outros partidos da direita já fazem uso politico.
Infelizmente, Netanyahu age só e sem as devidas consultas, depois tem que acertar as pontas. Por isso, não foi assinado um acordo de normalização com Bahrein, já que tudo foi costurado na última hora. Assim o é que no lugar de viajar com os Ministros de várias áreas, levou a esposa e os filhos, enquanto o Ministro do Exterior dos EAU foi acompanhado de sete ministros. Quando já estava no ar, Netanyahu foi avisado pelo gabinete do Procurador Geral de que não poderia assinar o acordo, pois quem tem que fazê-lo é o Ministro Ashkenazi, que ficou em casa. Rapidamente, organizaram para que Ashkenazi (Kachol Lavan) desse procuração ao Netanyahu assinar acordo sem que nenhuma comissão(mesmo a mais sigilosa) do Parlamento, muito menos os deputados vissem e pudessem dar o seu aval. O especialista nas relações com os árabes, Dr. Mordechai Kedar (Universidade Bar Ilan), disse numa entrevista a rádio 103 FM, “tem que entender a cabeça dos árabes, eles enviaram os serventes (ministros e não o líder) para mostrar quem é o dono, e vocês enviaram o chefe”.
Apesar de tentar comparar este grande evento como o que ocorreu com o Egito (1979) e com a Jordânia (1994), isto não procede. O Egito, declarado “o maior inimigo de Israel” fez a paz após o seu presidente, Anwar Sadat promover uma sangrenta guerra e entendeu que só teria ganhos com a paz. Pena que não incutiu isto no seu povo. A Jordânia tem a maior fronteira com Israel e a maioria de sua população é palestina. O rei Hussein esteve em Israel diversas vezes e era considerado amigo. Pena que nos livros escolares não introduziu sua crença com respeito a Israel. Esta normalização é muito importante, mas, vale a pena lembrar que estes dois países não tem fronteiras com Israel e jamais estiveram envolvidos em guerras com o Estado Judeu.
Com Emirados, Bahrein e muito mais países árabes e muçulmanos, Israel tem certas relações, principalmente comerciais e na área da segurança, há dezenas de anos. Agora amadureceu este contato e saiu da escuridão para a luz do dia. O Presidente Trump, que luta pela reeleição, declarou que “tem mais cinco ou seis países árabes que estão preparados para juntar-se aos EAU e Bahrein”. Especula-se que referiu-se a Omã, Sudão, até o Marrocos. A Arábia Saudita, que certamente deu sua aprovação aos EAU e Bahrein, declarou que espera solução para o problema palestino, mas deu permissão para voos de e para Israel, através do seu espaço aéreo.
Essa nova abertura mostra o quanto foi gasto em guerras e combates ao terror a toa, em vez de empregar estas verbas astronômicas na educação, no progresso e na prosperidade das nações. Israel tinha há décadas relações com países árabes. Marrocos manteve relações diplomáticas com Israel de 1995 a 2000, mesmo quando cessaram estas relações, israelenses podiam viajar e visitar o país (eu o fiz).
Bahrein, ilha pequena com 1,7 milhões de habitantes (2/3 xiitas, sob monarquia sunita), ligada a Arábia Saudita com uma ponte, tem o suporte da 5ª Frota americana, que lá está sediada e faz frente ao Irã e, agora, aliança com Israel. Bahrein, tem o mercado que mais cresce no mundo árabe e abre oportunidades ao comércio entre os dois países. É um país religiosamente moderado e o status das mulheres é melhor do que nos outros países árabes. Culturalmente também está avançado. Sob instruções do Irã, xiitas do Bahrein foram às ruas protestar contra o ato de normalização com Israel, gritando: “morte aos EUA, morte a Israel, enforquem o rei [Hamed ben Issa]”.
Os palestinos, que sempre erram nas suas escolhas, agiram agora também. Recebendo ordens do Irã, no momento da assinatura da normalização nas relações entre EAU e Israel, lançaram dois mísseis em direção a Ashkelon e Ashdod. O primeiro foi interceptado e estilhaços do segundo, caíram perto de um shopping center. Vidros das vitrines atingiram duas pessoas e outras seis ficaram em estado de choque. A Força Aérea foi retaliar acertando alvos militares da Hamas. Durante a madrugada, esta organização terrorista e a Jihad Islâmica, lançaram 16 mísseis em direção a Israel, para mostrar que tem a palavra final. Nenhum atingiu os alvos.
A foto abaixo tirei do Canal 12 e mostra o absurdo do Oriente Médio. Enquanto o Ministro do Exterior dos EAU agradece a Trump por costurar o acordo de normalização das relações com Israel, no lado direito aparecem as instruções do Comando da Retaguarda, alertando sobre áreas onde pode cair míssil lançado da Faixa de Gaza.
A Autoridade Palestina, imediatamente chamou seu embaixador em Manama, para Ramallah. Chamaram o ato de traição aos palestinos. Em contrapartida o maior jornal de Bahrein, Akbar al Khalij publicou editorial e cartas negativas contendo insultos a liderança palestina.
Evidentemente que Hamas e a Jihad Islâmica reagiram com mísseis. O líder da Hamas, Ismail Hanie, disse em entrevista a jornal de Qatar (em 27.7) que o governo americano lhe ofereceu 15 bilhões de dólares para apoiar o Plano do Século. Este dinheiro seria aplicado na construção de porto, aeroporto e outros projetos, em troca de desarmamento das milícias na Faixa de Gaza. Para mostrar-se como valentão, Hanie respondeu que “a prioridade são as compras de material bélico para a luta contra Israel, mesmo por conta do desenvolvimento econômico e melhora das condições de vida da população”. Infelizmente, eles só sabem destruir. O desemprego na Faixa de Gaza é superior a 60%, a produção industrial caiu em 30%. E depois Hamas acusa o mundo todo de sua situação e pede auxílio de todo o mundo.
O Irã, rival de Bahrein, acusou que “de agora em diante, os governantes de Bahrein serão sócios dos crimes do regime sionista, que ameaça a segurança da região e do mundo islâmico”. A Guarda Revolucionária do Irã ameaçou: “os traidores de Bahrein serão alvo de vingança dos combatentes pela libertação de Jerusalém”. Hizballah, evidentemente não ficou para trás. A cada vez mais radical Turquia do Erdogan (que tem relações diplomáticas com Israel) condenaram os EAU e agora o Bahrein, “que mais uma vez fere a tentativa de defender a causa palestina”.
O presidente egípcio e o novo emir de Omã felicitaram a normalização das relações. Sisi disse: “é um passo para conseguir acordo justo e duradouro também para os palestinos”.
Em resumo. Israel vibra e festeja todo acordo para se firmar entre as nações. Como diz o ditado, “o cão ladra e a caravana passa”. Sempre para criticar Israel, se falava que o centro do conflito árabe-israelense é o problema palestino. Se este for resolvido, tudo estará solucionado. Mais uma vez constatamos que é pura desculpa. Os países árabes usaram-na da boca para fora. Agora, temendo o radicalismo do Irã, Qatar e Turquia, preferem ter a solidariedade, tecnologia e ajuda nas áreas militares e da segurança com Israel. Os únicos que ficam para trás são os que deviam estar na frente, os palestinos, que sempre preferem dizer o não e não tem coragem de aceitar acordo com Israel, que os levaria para a frente. E se tratamos dos palestinos, quem os representa, a Autoridade Palestina ou Hamas. Mesmo entre si eles estão brigados. Eles, que recebem verbas dos EAU e de Bahrein, agora bravos, dizem que não permitiriam peregrinos muçulmanos vindos desses países rezar na Mesquita de Al Aqsa, que está em Israel, que autorizou o Waqf muçulmano dirigi-la.
O BDS também recebe golpe na sua atuação anti-israelense. Quem devia se alinhar é a União Europeia e países europeus que diretamente e ou indiretamente financiam organizações radicais anti-israelenses. Se não fosse esse financiamento, já há muito teríamos paz.
Agora, esperamos que outros países se juntem aos demais países árabes e muçulmanos e o progresso e a prosperidade beneficiará a todos. Tomara, Inchaalla.