A interminável guerra já vai para 231 dias
Por David S. Moran
As notícias aqui em Israel correm mais depressa do que um maratonista. Já estava escrevendo a resenha semanal da semana da Independência e na quinta senti dor, na sexta já estava passando cirurgia de apendicite, que é rara na minha idade.
Na semana da Independência quem esteve mais ausente foi o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Não compareceu pessoalmente a nenhuma cerimônia, temendo ser vaiado e isto é ao mesmo tempo lamentável e mostra a insatisfação com a mais longa guerra de Israel que já está, hoje, no seu 231º dia.
Nenhuma decisão e Israel, que até o dia 7 de outubro tinha fama no mundo de um Estado jovem (apenas 76 na Era moderna), pujante, inventor e de alta tecnologia, quase oito meses depois, está num certo ostracismo, no cenário mundial.
O maior aliado de Israel, os Estados Unidos, continuam ajudando o Exército de Defesa de Israel (FDI) e também no cenário político, apesar de Netanyahu desafiar o presidente Joe Biden. Este que está no Capitólio há mais de 40 anos e sempre um grande amigo de Israel, agora está enfrentando Netanyahu que prefere o Trump nas eleições de novembro. Chega a tal atitude, de que Netanyahu está fazendo esforços para ser convidado pelos republicanos para discursar no Congresso. Ele que não fala ao público israelense e só dá entrevistas à mídia americana. Talvez para não esquecer o seu polido e fino inglês. Ele até foi questionado por um entrevistador americano a respeito e se esquivou dizendo que já deu coletivas. Israel tem que ter o apoio dos dois grandes partidos americanos. Ele fez o mesmo (erro) indo ao Congresso, sem ver, na ocasião, o presidente Obama e agora o faz ao presidente Biden.
Sem a ajuda econômica e militar seria ainda mais difícil para Israel vencer nesta guerra e não há lugar de ser ingrato a quem te apoia.
Tsahal, o FDI, já entrou em Rafah e conquistou 70% da região limítrofe com o Egito. Lá encontrou cerca de 700 túneis (!) entre os quais 50 (!) passam para o território egípcio, para contrabandear armamentos e munição, pessoas e mantimentos. Mais de 900 mil pessoas deixaram a região, mas a luta é feroz, pois os terroristas da Hamas saem dos túneis para atacar as tropas israelenses. É bom frisar que as estimativas são de que entre 80 a 100 mil habitantes das classes média e alta pagaram grandes somas para saírem ao Egito. Ao mesmo tempo, apesar das acusações da ONU, os preços dos alimentos baixaram com a não intermediação da Hamas, já que passam diretamente de Israel à Faixa de Gaza.
Enquanto os habitantes da Faixa de Gaza sofrem, mas são abastecidos e dependem de Israel, mesmo antes desta guerra, tanto em energia como alimentação, a população de Israel em volta da Faixa de Gaza, ainda não voltou a normalidade e está deslocada. Isto ocorre também no norte do país, onde a Hizballah, aliada da Hamas, lança dezenas de foguetes mortíferos todos os dias.
Pela primeira vez desde sua independência, parte da população foi retirada de suas casas para evitar perdas humanas. O norte do país praticamente está vazio e as comunidades locais não sabem se voltam e quando aos seus lares. Muitos destas casas estão destruídas pelos explosivos da Hizballah.
Há inúmeros protestos exigindo a troca dos sequestrados israelenses por terroristas condenados. O número de sequestrados já baixou para 124, dos quais já se sabe que 37 estão mortos. Imagine os familiares dos reféns que os querem de volta e não sabem após 231 dias como os receberão.
Na quarta-feira (22) os parentes de cinco soldadas que estavam na base de Nahal Oz e observavam o que acontecia em Gaza, autorizaram a divulgação de um vídeo censurado de três minutos dos horrores que as jovens passaram. O vídeo completo é de mais de 14 minutos, mas não foi todo exibido. Até o curto, alguns ministros de Estado disseram que não querem ver, mesmo que sejam responsáveis por esta tragédia que ocorre em Israel.
Os números variam o tempo todo. Não dá para confiar nos dados da UNRWA, ou do Ministério da Saúde de Gaza. Eles são manipulados. O Escritório de Coordenação das Nações Unidas (OCHA) revelou (10) que os dados palestinos são errados e, até agora, morreram 4.959 mulheres palestinas (antes tido como 9.500) e 7.797 jovens de até 18 anos (atualizando o dado anterior de 14.500. A diferença nos dados é pelas pesquisas feitas por órgãos da ONU que trabalham em Gaza. Guerra é terrível e sempre há também civis que pagam com a vida. As FDI são de maior moral e tentam evitar matar civis. O Hamas sabe disso e por isso se esconde atrás dos civis, estabelecendo-se em escolas, mesquitas e organizações humanitárias como a UNRWA.
A CIA informou que, segundo suas verificações, até agora Israel só conseguiu destruir cerca de 33% dos terroristas da Hamas.
O mundo tende a esquecer de que Israel foi atacado pelo Hamas e está revidando. Afinal de contas a população não pode viver o tempo todo sob o temor de ser atacado. Israel permitia a entrada de dinheiro do Catar para elevar o nível de vida dos gazenses, permitia a entrada de milhares de trabalhadores para Israel e até estava estudando aumentar este número. Ademais, a eletricidade e a energia, bem como produtos alimentares vêm de Israel, que no final é atacado pela monstruosidade do fanatismo islâmico religioso. Nenhum país no mundo fez ou faria o mesmo.
O Procurador da Corte Internacional de Crime, Karim Khan disse (20) que está prestes a obter mandados de prisão contra Sinuwar, Deff e Hanyeh da organização terrorista Hamas, bem contra o primeiro-ministro do Estado democrático de Israel, Netanyahu e do Ministro da defesa Yoav Gallant. É uma vergonha colocar no mesmo plano os líderes terroristas que atacaram um país democrático e que revidou para defender sua população.
O cúmulo é que a Hamas recebe um prêmio por seu ataque e no momento três países – Noruega, Irlanda e Espanha – declararam que reconhecem o Estado palestino. Em que fronteiras? No lugar de Israel? Em qual regime? Radical islâmico? Quem os governará? Estes mesmos países e demais países ocidentais sofrerão no futuro as consequências de suas liberdades à imigração islâmica. Evidentemente que os gabinetes de Mahmoud Abbas e de Yehya Sinwar parabenizaram os governos suicidas.
Outro fato que aconteceu esta semana foi a queda do helicóptero do presidente iraniano Ebrahim Raisi e do seu ministro das Relações Exteriores, matando ambos e acompanhantes. O carniceiro de Teerã foi ao inferno, depois de condenar milhares de opositores a morte. Apesar da choradeira em Teerã, nada mudará. Quem manda no Irã é o Supremo Líder religioso, Ali Khamenei. Ele trocará o presidente como troca as meias e o novo que virá trabalhará a serviço do amo. No maior absurdo do cinismo, o presidente do Conselho de Segurança da ONU parou os trabalhos, pedindo a todos prestar homenagem ao carniceiro de Teerã com um minuto de silêncio e de pé. O mesmo ocorreu na reunião da Agencia Internacional de Energia Atômica, à qual o Irã é o maior violador e não atende as suas exigências. Vergonha e absurdo.
Foto: FDI