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A interminável e mais longa guerra

Por David S. Moran

A Guerra Espadas de Ferro já é a mais longa que Israel trava contra seus inimigos e já está no seu 357º dia. O Hezbollah, logo no início, se solidarizou com a organização terrorista Hamas e lançou seus misseis contra o Estado de Israel. O Ministro da Defesa, Yoav Gallant, com os comandantes militares, pediram no dia 11/10/2023 para retaliar violentamente contra esta organização extremista xiita, mas o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu não autorizou.

Passados 11 meses de guerra contra o Hamas, as FDI foram autorizadas a combater o inimigo do norte, o Hezbollah, e iniciou-se a Operação Flechas do Norte (porque operação e não a guerra?). Munidos de ótimos alvos fornecidos pelo Serviço de Inteligência e para preservar ao máximo a vida de inocentes, foi acionada a Força Aérea de Israel (IAF). Em menos de uma semana praticamente matou a liderança militar do Hezbollah.

A espetacular operação de cortar a comunicação entre os ativistas do Hezbollah, explodindo seus pagers e walkie talkies, deixou esta organização terrorista aterrorizada e incrédula, atingindo ao mesmo tempo cerca de 5.000 terroristas feridos e sem comunicação. A IAF, munida de inteligência precisa, seguiu bombardeando os canos de lançamento de misseis do Hezbollah. Nos dias posteriores, foi também atrás dos altos comandantes terroristas, liquidando praticamente toda a cúpula deles, exceto o Nasrallah, que continua a dizer que vai prosseguir a guerra até terminar a de Gaza.

Durante anos, o Serviço de Inteligência de Israel completou as informações necessárias, usando pessoas (Humint), tecnologia e sinais (Sigint), comunicações (Comint), visualização (Visint) e de fontes abertas (Osint). As capacidades excepcionais do Serviço de Inteligência israelense e dos executores das informações (aviação) e a determinação de tomar riscos, surtiu o efeito desejado frente ao Hezbollah. O comandante da Área Norte das FDI, general Uri Gordin está pressionando para entrar no Líbano com soldados, antes da vinda do inverno. O receio é que uma invasão terrestre expanda a guerra, entrando o Irã, Síria e outros.

Na terça-feira (23/09) a IAF fez o maior número de incursões sobre alvos do Hezbollah. Pelo fato de que o Hezbollah se esconde em áreas habitadas e dentro de casas aluga espaço para colocar seus mísseis, o exército israelense lançou panfletos, fez 80.000 ligações telefônicas pedindo aos civis para se afastarem 1 km de de suas casas. Mais de 1.300 alvos foram atingidos, depósitos de munição, misseis, drones e canos de lançamento foram destruídos.

O Hezbollah, para não se dar por vencido, lançou, na terça e quarta feira (25/09), centenas de misseis e foguetes, inclusive um para o subúrbio de Tel Aviv. A grande maioria dos misseis foi abatida pelo Domo de Ferro e pelo Estilingue de David. Não houve vítimas humanas.

Cerca de 500.000 libaneses deixaram o sul do país, formando enormes congestionamentos e foram se abrigar em Beirute e no norte do país. A maioria é xiita e não há dúvidas de que este êxodo faz certa pressão no Nasrallah, que mesmo escondido no seu refúgio subterrâneo sente o sofrimento do seu povo, ao contrário do Sinwar, em Gaza.

Israel tenta evitar ao máximo a entrada terrestre no Líbano. Isto sem dúvida causará muitas vítimas e se não for necessário, não o fará.

Na quinta-feira, apesar de estarmos em plena guerra, Netanyahu evidentemente acompanhado pela esposa (?) viajou para Nova York e falará, na sexta-feira (27/09), na Assembleia Geral da ONU, já esvaziada dos líderes mundiais. Desfrutarão de um fim de semana, pois sua viagem não traz nenhum valor diplomático e não terá encontros em Nova York.

Enquanto isto, parece que os presidentes dos EUA e da França organizaram um cessar fogo para 21 dias. O Hezbollah continuou a alvejar povoados israelenses, embora em ritmo menor. O partido de Ben-Gvir, que se opõe ao cessar fogo, diz que não apoiará o governo.

O Irã alertou Nasrallah de não cair na armadilha de Israel que quer liquidá- lo. O Irã investiu bilhões de dólares construindo o Hezbollah que agora junto com o Hamas e a Síria estão apanhando.

Cerca de 70.000 israelenses estão, há cerca de um ano, fora de seus lares. Que outro país alertou os cidadãos de um país inimigo de deixarem suas casas porque vão ser atacadas? Israel avisou os libaneses que não têm nada contra eles e que sua luta é contra o terrorismo do Hezbollah. De fato, os moradores do sul do Líbano, inclusive os xiitas que são a maioria na região, estão revoltados com Nasrallah que sacrifica o Líbano pelos palestinos. É possível que, no final desta rodada, Nasrallah dirá novamente, como foi em 2006, quando sequestrou e matou três soldados israelenses e não calculou qual seria a reação israelense: “se eu soubesse que Israel fosse agir assim, não faria o que fiz”. O Prof. Uzi Rabi diz que o Líbano foi sequestrado por um cavalo de Troia, o Hezbollah. Os libaneses gostariam de voltar a viver como antes, ter negócios, cassinos, enfim a Suíça do Oriente Médio.

Nestes dias, em que Israel está combatendo o Hezbollah no norte, quase nada se ouve do que acontece na Faixa de Gaza, no sul do país. Israel transferiu muitas tropas ao norte e ativistas do Hamas voltam a tomar conta da ajuda alimentar e humanitária que se entrega aos cidadãos de Gaza. O exército pensa em fazer a distribuição dos bens ou em entregar esta missão à Autoridade Palestina. Por enquanto nada se ouve da possibilidade de libertar os 101 reféns, vivos e mortos das mãos sinistras do Hamas. Numa reunião governamental, o premier Netanyahu disse que só a metade ainda está viva. Ninguém sabe do paradeiro do Sinwar que, parece, perderam seu contato há duas semanas.

Na quinta feira (26/09) a troca de fogo diminuiu, mas não cessou e ninguém sabe se entrará em vigor um cessar-fogo, quais serão as suas condições e se uma condição essencial da volta dor sequestrados às suas famílias está condicionada. Na quinta ainda houve tiros.

Foto: Fars News (via Wikipedia Commons)

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