A intenção no ato de doar e doar-se
Por Renata Fleischman
Bom dia amiga linda para você que acordou bem, e para você que também não acordou de bom humor: está tudo bem não estar bem 100% a todo instante, afinal, somos todos seres humanos que estamos aqui neste planeta para aprendermos, ajudar uns aos outros a evoluirmos e ser feliz.
Mas na realidade este texto trata menos do assunto de ser feliz e mais daquela palavra, que sem ela, o caos toma conta em qualquer tipo de relacionamento: o respeito. Amiga, se você tem muita autoconfiança em si própria e seu intuito é ajudar os outros a conquistar tal autoconfiança, eu te digo parabéns! Na minha humilde opinião, o mundo sim funciona baseado em duas trocas, são elas a de dar e a de receber.
Dar vem da palavra doar-se que significa o ato de ceder, de acordo com o dicionário “entregar alguma coisa a alguém sem pedir nada em troca”. Quando a escuto, o conceito de mitzvá logo invade a minha cabeça. Quantas foram as vezes que ganhei móveis em Israel, pelo simples fato de ser uma olá chadashá.
Se você quer ajudar a alguém, eu diria que o que você busca é fazer uma mitzvá. Mas afinal de contas, o que é mitzvá? Eu diria que não se trata somente do simples ato de dar dinheiro aos pobres, o conceito abrange bem mais que isso. É você poder e ter a intenção de doar e doar-se. É você escutar um amigo que pode estar passando por uma fase ruim ou até mesmo por uma depressão, é você perceber que tem alguém que precisa mais daquele seu vestido que está pendurado no fundo do seu armário, é você ir comprar um remédio na farmácia para seu colega de apartamento que está doente, enfim, são infinitos os exemplos.
O que gostaria de frisar neste texto que é justamente a intenção por de trás deste ato magnífico que nos ajuda a nos tornarmos seres humanos melhores e a construir evolução. O que este ato também envolve é o respeito. Às vezes, é possível que a intenção da pessoa seja realmente verdadeira, porém, ela pode deixar escapar sem querer uma palavra ou um gesto que a outra parte, o “receptor”, se sinta denegrido, ou seja, “rebaixado”.
De fato, temos que ter cuidado com isso. Não é à toa que muitos rabinos dizem que “a melhor mitzvá é aquela que você faz e não conta”, o melhor é não dizer para fulana que você ajudou fulano, ou ainda, fazer o ato da mitzvá na frente dos outros. É muito fácil causarmos sentimentos de vergonha no receptor, sem ao menos nos darmos conta disso e sem termos a intenção de causar isso.
Eu mesma digo que infelizmente houve momentos em que contei para fulana que ajudei fulana, depois me questionei com relação a isso. Porque depois de tal mitzvá eu tive a necessidade de contar? Podemos ter a intenção de causar no outro a vontade de também querer fazer uma boa ação, mas eu te digo, amiga, este mundo é magnífico ao ponto de você não precisar contar. Muitas coisas que não vemos a olho nu realmente existem.
Certa vez uma empresa acabou me cobrando uma conta não condizente com a compra. Foi então que eu disse kapará!*, era para ter acontecido! Percebi que o mês referente ao erro da tal empresa coincidiu com o mês em que eu não havia feito meu maaser ou nenhum tipo de tsedaká, acredite ou não. Sinto que quanto mais damos e nos doamos, menos kaparot acontecem com a gente.
Amiga, que você, eu e nós saibamos ser mais sensíveis ao ponto de identificar e praticar o respeito durante o ato da mitzvá. Que sejamos mais delicadas para perceber quando uma outra amiga precisa de nós e que tenhamos como verdadeira a cavaná de nos cedermos em prol da evolução mútua de nossa sociedade.
*Gíria israelense que tradicionalmente significa “expiação” ou “perdão dos pecados”.
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