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A importância dos amigos no processo de aliá

Por Mary Kirschbaum

Há um tempinho atrás, fui chamada para fazer uma palestra e conversar um pouquinho sobre este tema, com um grupo de amigas de Natania.

É um grupo de mulheres, de várias idades (olim chadashim), que já se reuniam para alguns eventos quase que semanalmente.

Achei num primeiro momento, o tema um pouco clichê, por pensar que amigos são sempre importantes.

Mas, ao pensarmos que a adaptação a um novo país é tão difícil, e dependendo do caso, as pessoas largam a família para vir… vemos aí a importância maior de se ter amigos, neste novo local de “renascimento”.

Ao entendermos que o ser humano é um “bicho social”, ou seja, não vive sozinho, precisa da convivência, para se sentir principalmente seguro, ao se deparar com um processo difícil, onde tudo é novo – língua nova, casa nova, trabalho novo, vizinhança nova, cultura nova, enfim tudo novo – ele precisará, assim como um bebê, de “cuidados maternos”, ou seja, pessoas que possam “acariciá-lo” ou realmente estar próximas dele, para muitas dificuldades que possam vir a mexer com sua estrutura emocional.

Pode ser um pouco exagerada esta minha análise, pois somos adultos, e podemos viver livremente…

Ok, mas, o que pude perceber neste grupo maravilhoso de amigas de Natania, onde inclusive funciona uma ONG, também maravilhosa, é o quanto amigos podem ser essenciais, para uma adaptação no estrangeiro, sem traumas.

Sim, pois passamos poucas e boas, e se não tivermos gente como a gente, nos ajudando, nos acompanhando, ou compartilhando coisas e “perrengues” parecidos, até para podermos dar risadas juntos depois, tomando um chopinho… de verdade não “sobreviveremos”. Ou, não será muito fácil.

Estes amigos serão um pouco diferente dos amigos que tínhamos no Brasil, quando estávamos juntos de nossa família e na nossa zona de conforto.

Às vezes, estes novos amigos passarão a ser a nossa “nova família”.

Nós, olim chadashim, somos todos “expatriados”, e assim sendo, podemos nos sentir muito deslocados, peixe fora d’agua, e deprimidos por não nos sentirmos incluídos nesta nova cultura.

Sendo assim, se pudermos manter gente da nossa pátria, que nos mata as saudades do Brasil, pois nascemos e nos criamos da mesma maneira e é muito aconchegante e acolhedor poder estar junto, com esta “nova família”.

O papel do amigo é justamente proporcionar suporte social, acolhimento, nos ajudar a lidar com conflitos, e aprender a amar.

Laços afetivos são extremamente importantes para deixar a vida mais leve, além de ajudar a dividir o coletivo, dividir angústias e prospectar sonhos.

Então, quando passarmos por necessidades na nossa nova vida, e encontramos pessoas, com as quais nos identificamos, e que estão no mesmo “barco”, não hesitemos em convidá-las para um café, um choppinho, ou um falafel!

Pois “Amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves” (Milton Nascimento).

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