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A exclusão de mulheres da esfera pública é combatível

Por Janine Ayala Melo

Israel é conhecido como um país liberal, sendo Tel Aviv seu centro pluralista, mundialmente conhecido e reconhecido como tal. Infelizmente, na realidade dos israelenses, as coisas não são tão boas como parecem. Um fenômeno que vem aumentando ao longo dos anos é a exclusão das mulheres da esfera pública, que se manifesta de várias formas, sendo a mais comum a exigência de extremistas para retirar imagens de mulheres das ruas.

Jerusalém é o melhor exemplo desse fenômeno. Outdoors com mulheres são sistematicamente vandalizados e, embora a cidade tenha câmeras de segurança em diversas ruas, a polícia não detém os vândalos.

Empresas comerciais ajudam extremistas em vez de lutar contra eles por razões econômicas. A empresa de publicidade da Egged (empresa que opera ônibus), por exemplo, admitiu que um grupo de ultraortodoxos pediu para eles não porem nos ônibus propagandas com mulheres, e ela cedeu. A empresa censurou-se e agiu por motivos econômicos, porque não queria desperdiçar dinheiro em cartazes com mulheres destinados a serem vandalizados.

Outras empresas comerciais agiram de forma semelhante. Em 2020, a Kupat Cholim (empresa que fornece seguro de saúde e serviços médicos) Meuhedet optou por não publicar fotos de médicas em Jerusalém, ao contrário de sua campanha em outras cidades do Estado de Israel onde havia mulheres. Foi somente depois que a mídia interveio e começou a publicar o ato que a Meuhedet reverteu suas ações e começou a publicar fotos de médicas em Jerusalém.

Não se deve pensar que a luta contra a exclusão das mulheres é somente dos seculares ou apenas das mulheres. Esquerdistas e direitistas, seculares, religiosos e tradicionalistas, mulheres e homens, israelenses de todas as “edot” compartilham dessa luta.

E qual é a melhor forma de combater este fenômeno? Há quem diga que é apoiar as organizações que lutam contra isso. Eu digo que a melhor maneira é sair e votar. No final de 2023 serão realizadas eleições municipais em Israel, eleições das quais muitos cidadãos optam por não participar. É verdade que muitos de nós, brasileiros-israelenses, moramos em cidades do centro que são liberais pela composição de sua população – Tel Aviv, Ra’anana, Ramat Gan… Porém é importante que aqueles que moram em Jerusalém e outras cidades onde esse fenômeno pode ser facilmente visto, saiam e votem em políticos e políticas que tenham como parte da agenda os direitos da mulher e o desejo de lutar contra extremistas que agem sistematicamente para promover a exclusão de mulheres da esfera pública.

Foto: Partido HaBait HaYehudi

4 comentários sobre “A exclusão de mulheres da esfera pública é combatível

  • O que você chama de “exclusão das mulheres da esfera pública ” , eu chamo de força e respeito dos homens religiosos às suas esposas. Ao se abster do prazer de olhar fotos de lindas mulheres em propagandas e afins, estes homens estão guardando seus casamentos. Estão diminuindo substancialmente a chance de trocar ” uma mulher de 40 ( a esposa) por 2 de 20″ ( que devem lembrar as da midia).
    Eu não sei que ” liberdade” é esta de ser exposta à mulheres magérrimas , ter que cumprir com um impossível modelo de beleza e juventude. As estatísticas de anorexia e divórcio falam por si só.
    Não sei explicar o respeito que sinto ao entrar em um onibus e não ser assaltada por olhares ou tentativas de proximidade física. A segurança de estar sentada só entre mulheres.
    Também não entendo porquê você acha que as companhias que trabalham para o setor religioso não podem respeitar seus próprios consumidores e seu modo de vida. Nós pagamos verdadeiras fortunas para ter o privilégio de morar em um bairro religioso, onde o padrão de comportamento e vestimentas segue nosso código de vida. Por que tem que ser certo um ônibus cruzar toda a vizinhança com uma foto enorme contra os nossos valores?
    Nós também pagamos impostos (ao contrário do que dizem) e passagens de ônibus, como todo mundo.

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  • Um texto vergonhoso da Sra. Jane Melo.
    além de tendencioso o texto inclui em seu protesto PARTICULAR, milhares de pessoas que não concordam com sua opinião, quando fala de Raanana por exemplo.
    O fato da empresa deixar de publicar um anúncio que possivelmente ofende a uma população específica é uma questão de respeito e sanidade diferentemente do texto da senhora Melo que chamou de razões económicas.
    Idem para os planos de saúde.
    Como a senhora acha que o mercado de lingerie vende Milhões de dólares para os países Mulçumanos????
    Sería com os Outdoors no meio das ruas com imagens de mulheres semi-nua (como no seu Brasil)? Ou será que Mídia do país respeita o contexto religioso local e adequa dia propaganda ao público????????

    Este excelente meio de comunicação que é a Revista Brasil deveria filtrar estes tipos de protestos esquerdistas ao invés de publica-los como notícias para todo o seu público.

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