A atual violência palestina contra Israel
Por David S. Moran
Todos estão com os olhos e os nervos voltados para o atual ciclo de violência que a organização terrorista palestina Hamas organizou contra o Estado de Israel.
Porque justamente agora? São alguns fatores, que ocorrem, por coincidências, ao mesmo tempo:
Em Israel há instabilidade politica e o governo não consegue governar, há mais de dois anos.
Grupos fundamentalistas islâmicos de árabes-israelenses e também de fanáticos israelenses agem livremente.
Enquanto Israel tentava fortalecer suas relações com países do Golfo e deixava a Autoridade Palestina do velho Abbas enfraquecer, permitia ao Qatar e países europeus ajudar economicamente o Hamas. Este recebia dinheiro vivo do Qatar e o usava para se fortalecer militarmente. Israel nada recebia em troca, nem mesmo os corpos de dois soldados israelenses mortos na Operação Penhasco Firme (2014).
O inicio do atual ciclo de violência veio com o cancelamento das eleições que Abbas ensaiou para a Autoridade Palestina e cancelou ao notar que o Fatah as perderia. Evidentemente, acusou Israel por negar aos árabes de Jerusalém Oriental votar. Estes têm direito de votar nas eleições para a Knesset, o Parlamento israelense, já que têm a cidadania israelense.
Se, nestes dias, os muçulmanos do mundo todo festejam o mês do Ramadã, os judeus festejam a sua Independência do Mandato Britânico (5 do mês de Iyar, na época 15 de maio de 1948). Este ano, pelo calendário lunar, caiu no dia 15 de abril). A comemoração do Yom (Dia de) Yerushalaim (10 de maio) em homenagem a reconquista de Jerusalém Oriental e do Muro das Lamentações na Guerra dos Seis Dias (1967) da Jordânia.
O Hamas nunca parou de agitar e mover os jogadores no tabuleiro. Mesmo sendo de predominantemente muçulmanos sunitas, recebe verbas do Irã e do Qatar, apoio da Turquia de Erdogan e de outros países muçulmanos que querem obter hegemonia no seu mundo, à custa de Israel.
Sendo organização que usa terrorismo também para expandir sua influência religiosa, o Hamas age e abastece financeiramente grupos de extremistas muçulmanos dentro de Israel, inclusive pertencentes à Irmandade Muçulmana. A tensão foi aumentando com os eventos religiosos acima citados e grupos árabes e palestinos incitados, também pela Autoridade Palestina. O grito geral foi “Israel quer destruir a Mesquita de Al Aksa”.
Escalada da violência
No inicio da semana, ativistas do Hamas lançam mais de 30 balões incendiários, alguns carregando pequenos explosivos. Os agricultores israelenses trabalham o ano todo, plantando, irrigando e quando vem colher encontram o plantio em chamas.
Também a natureza e a flora sofrem. No ano de pandemia, não foram lançados tantos balões e, principalmente, de uma só vez. Ao mesmo tempo, sem dúvida, a organização terrorista Hamas veio bem preparada para esta batalha. Na noite de Yom Yerushalaim, que foi na segunda feira, a organização advertiu, que Israel tem que se retirar de Al Aksa. Aliás, no lugar sagrado, já amontoaram pedras para jogar sobre os judeus que rezavam ao lado do Muro das Lamentações e de Lágrimas. Hamas lançou ultimato: “se não saírem de Jerusalém até as 21:00h, lançaremos mísseis para atingir a cidade. Parecia inacreditável. Jamais atacaram Jerusalém. A capital de Israel, com pouco menos de 1 milhão de habitantes, tem cerca de 30% de árabes, outros 30% de ultra-ortodoxos, e os demais 40% dividem-se entre judeus leigos e religiosos- nacionalistas.
O precedente, de lançar sete misseis em direção à capital, abriu os olhos dos governantes de Israel, que nem previam o que estava por vir. A série de concessões de um governo instável, com razão foi interpretado como fraqueza. Em poucas horas, o Hamas conseguiu lançar contra o território israelense mais de 200 mísseis e foguetes, um número que não lançou em todos os anos desde a Batalha de Penhasco Firme, há 8 anos. O Hamas tocava e dava o tom deste novo conflito e alvejando lugares mais distantes. Ameaçava e realizava. Na terça (11), continuou dar o tom da batalha. Hamas ameaçou atacar localidades mais distantes, como Tel Aviv. O país acompanhava apreensivo. Nos meios de comunicação, muita fala, até demais. As escolas foram fechadas, bem como todos os lugares que podiam ter aglomerações. As baterias do Domo de Ferro trabalhavam sem parar, dia e noite. Tem um dos melhores índices de abatimento de misseis, cerca de 90 a 95%, mas mesmo assim, não conseguiu evitar, que de mais de 1700 mísseis que foram lançados até a noite da 5ª (13) causassem mortes, ferimentos e danos materiais. Até a noite de quinta-feira, foram mortas oito pessoas. Na terça (11), a mídia anunciou que Netanyahu e Gantz falariamà nação. Depois de mais de uma hora de espera, acompanhados pelo Comandante das Forças Armadas, General Aviv Kochavi e pelo Diretor do Shabak (Serviço de Segurança Geral, Nadav Argaman), foi dada a coletiva. Netanyahu falou de união e Gantz também não disse nada. O General Aviv falou que venceremos e o mais certeiro foi o Diretor Argaman, dizendo, que é melhor falar menos e deixar fazer. Tudo isto foi dito em menos de sete minutos.
As arruaças de grupos árabes contra judeus em Israel
A surpresa foi que repentinamente, grupos organizados de árabes-israelenses em cidades mistas como Lod, Ramle, Acco, Jafa e até Haifa se levantaram com ao Hamas e promoveram motins organizados contra vizinhos judeus, queimando carros, lojas e até sinagogas. Aí, jovens judeus organizaram-se e fizeram retaliações. O Comissário da Policia, recentemente empossado, – após lacuna de mais de dois anos -, acusou radicais, como o recentemente eleito deputado Itamar Ben Gvir, de promover provocações. Por outro lado, é evidente que a maioria da população judia e árabe quer coexistência pacífica. Já está integrada e se solidariza com o Estado de Israel. Só que quem faz barulho fica no foco.
Esta luta sem fim dos radicais muçulmanos contra os valores ocidentais, quando tem apoio financeiro, religioso ou social no mundo todo, sabemos como se inicia e não como termina.
O ciclo de violência continua, no momento. Para a maioria da população, até o momento quem não se assusta é o Hamas. Apesar de sofrer graves perdas de comandantes militares, quartéis destruídos, depósitos de material bélico e munição indo pelos ares, a organização terrorista Hamas parece querer mostrar que não se atemoriza.
Comandantes do Exército de Defesa de Israel – Tzahal dizem que, se necessário, continuarão na batalha nem que seja para lutar duas semanas. Há comandantes que acreditam ser necessária a incursão terrestre, que Israel está tentando evitar. Todos estão de acordo que, desta vez, tem que destruir a estrutura militar da Hamas para que não tenham que lutar novamente e no ritmo da organização terrorista. Apesar de muita fala na mídia por todo lado, temos menos informações do que está sendo feito por Tzahal neste sentido. A 1:30 da madrugada desta sexta, ao soarem novamente as sirenes, dando-nos pouco tempo de entrar no abrigo, agora estou ouvindo que o fogo está se intensificando em ambos os lados. Enquanto as organizações terroristas palestinas estão sempre alvejando cidades e povoados habitados por civis, as Forças Armadas de Israel tentam ao máximo evitar mortes e ferimentos de civis. Mesmo quando atacam edifícios na Faixa de Gaza, avisam uma ou duas horas antes os civis para saírem de seu prédio antes de alvejar com precisão alvos militares que tentam se proteger no meio de civis.
Foto: Captura de tela