72% dos olim da ex-URSS não são judeus pela lei israelense
Apenas 28% dos olim da ex-União Soviética em 2020 são considerados “judeus”, de acordo com a Lei do Retorno de Israel, revelou um novo relatório.
De acordo com um relatório do Knesset Research and Information Center (RIC), publicado exclusivamente pela Ynet, três em cada quatro imigrantes que fizeram aliá em 2020 não são judeus. Os dados mostram que esses 72% dos olim vieram para Israel como descendentes de judeus e não são judeus na definição da lei.
Conforme estabelece a Lei do Retorno de Israel, qualquer judeu pode fazer aliá e se tornar um cidadão israelense, mas aqueles que têm pelo menos um avô judeu também podem fazer aliá com base em sua conexão com um judeu. A Cláusula dos Avós foi adicionada à lei em 1970.
Além disso, segundo dados do governo, entre os anos de 1990 a 2020, 36% dos olim não eram considerados judeus. Em 1990, 93,1% dos olim da ex-URSS eram considerados judeus, em oposição a 28,3% em 2020.
Outro fato interessante é que entre 2008 e 2020, 99.807 olim chegaram da ex-URSS a Israel. Durante esses anos, apenas 16.197 se converteram por meio de um dos programas oficiais de conversão ao judaísmo do governo de Israel ou por meio do programa de conversão das FDI. Esses dados não são totalmente comparáveis, mas de acordo com esses números, apenas cerca de 16% dos olim durante esses anos se converteram ao judaísmo.
“Apenas um em cada dez olim da ex-URSS se converteu ao judaísmo”, disse o Dr. Netantel Fisher, chefe do Departamento de Políticas Públicas do Centro Acadêmico de Direito e Ciência. Fisher é especialista em imigração e conversão e redigiu o projeto de lei de conversão do governo que está de saída, sob o comando do ex-ministro de assuntos religiosos Matan Kahana. “Precisamos criar um pacote: a conversão deve ser facilitada, mas, ao mesmo tempo, a imigração não-judaica deve ser reduzida. Caso contrário, nada mudará”, disse Fisher ao The Jerusalem Post.
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“Aqueles que pensam que a conversão deve ser facilitada, como eu, entendem que será quase impossível preencher essa lacuna de meio milhão de israelenses que não são considerados judeus”, explicou Fisher. “Devemos fazer uma emenda à Lei do Retorno e limitar a imigração não judaica. Por outro lado, devemos aumentar as possibilidades de conversão e esta coalizão pode fazê-lo”.
Ele acrescentou que o grande número de olim não judeus é resultado principalmente da “situação na maioria das comunidades da diáspora. Quase todo judeu na diáspora tem um parente que não é judeu. Os israelenses não estão familiarizados com essa situação”.
Segundo dados obtidos pelo Post, cerca de 20% dos olim dos países da ex-URSS, na última década, não são judeus e puderam fazer aliá porque um de seus avós era judeu. Eles provaram uma conexão com o judaísmo de acordo com a cláusula dos avós. Esses dados foram aprovados pela Nativ, a organização ligada ao governo israelense que é responsável por verificar a elegibilidade para aliá de países da ex-União Soviética.
A Nativ não deu detalhes sobre o número de olim judeus ou não judeus entre 2001 e 2011. Além disso, nenhuma das entidades israelenses concordou em compartilhar esta informação: Nativ, o Ministério de Aliá e Absorção e a Autoridade de População e Imigração de Israel. Questionado pelo Jerusalem Post quantos das dezenas de milhares de olim da ex-URSS, em 2022, eram judeus, nenhum desses três órgãos governamentais concordou em fornecer as informações. A Autoridade de População e Imigração de Israel disse que as informações sobre esses assuntos deveriam estar no Ministério de Aliá e Absorção, mas um porta-voz do ministério disse que a Nativ é quem tem os dados.
De acordo com um documento que vazou da Autoridade de População e Imigração, apenas 56% de todos os olim entre 2016 e 2021 eram judeus. Apenas 34,3% dos olim russos e 30% dos olim ucranianos durante esses anos são considerados judeus.
Já nos países ocidentais a situação é bem diferente: 93,7% dos olim dos EUA, por exemplo, são considerados judeus.
Fonte: The Jerusalem Post
Foto: Canva